Com os preços inflacionados dos combustíveis no Brasil, a dúvida na hora de abastecer logo se põe: gasolina ou etanol? Para saber a melhor escolha basta utilizar uma fórmula simples.
Por outro lado, a compreensão dos fatores que determinam o preço do combustível nacional é bastante complexa, sendo que em alguns casos a própria Petrobrás não tem participação na composição do valor estabelecido nos postos de abastecimento.
A greve dos caminhoneiros, iniciada em maio deste ano, gerou um colapso no país sem precedentes. Filas quilométricas para abastecimento e, pior, dias sem combustíveis nos postos. Embora o prejuízo para a economia tenha sido enorme, a greve contribuiu para trazer a tona o importante debate sobre o superfaturamento do valor do combustível no Brasil.
A questão fica ainda mais complexa, se considerarmos que, além de pagarmos um alto preço nos postos, o combustível nacional é de péssima qualidade, o que gera despesas ainda maiores em oficinas.
Não aprofundaremos mais quanto ao nível de qualidade, uma vez que para os veículos a combustão não resta saída, como diz o provérbio popular “o que não tem remédio, remediado está”. Aliás, o impacto da greve dos caminhoneiros se fez sentir exatamente pela falta de alternativa.
Como 60% dos veículos a passeio são movidos a gasolina, cujo mercado é regulamentado pela lei federal (lei do petróleo) 9.478/97 e ANP (Agência Nacional do Petróleo), comecemos por entender a composição e venda do produto.
A primeira coisa a saber é que a gasolina que abastecemos nos postos não é gasolina pura. Não estamos tratando da prática ilícita de acrescentar água ao combustível, o que é uma triste realidade em nosso país. Mas a gasolina que é distribuída nos postos e vendida aos consumidores é um composto de gasolina pura, chamada de Gasolina A, e Etanol Anidro. O resultado da mistura é chamado de Gasolina C, sendo que a proporção de Etanol Anidro é variável entre 18% a 27%.
A Gasolina A não é comercialização exclusiva da Petrobrás, outras refinarias, formuladores, centrais petroquímicas participam também com suas próprias produções, bem como empresas do exterior autorizadas pela ANP. Seja como for, como parte do óleo comercializado no Brasil é importado, a política de preço da Petrobrás acompanha também a valorização do dólar e do barril do petróleo no exterior.
Assim, o preço da Gasolina C começa pelo processo de valorização da Gasolina A, o qual é o resultado da porcentagem cobrada pela Petrobrás somada com os impostos cobrados pelos Estados e pela União.
Como o tributo estadual do ICMS pode variar de acordo com os Estados, o valor da gasolina acaba variando também independente de qualquer aumento ou redução estabelecida pela Petrobrás. Lembrando que a atualização da base do ICMS é feita quinzenalmente pelos governos. Se você morar, por exemplo, em Santa Catarina – que tem o tributo mais baixo do ICMS – vai pagar o preço mais barato da gasolina do Brasil. Em contrapartida, o Rio de Janeiro tem o tributo mais alto.
Os impostos federais, por sua vez, aplicados na gasolina representam 16% do valor final que o consumidor encontra na bomba dos postos. Tratam-se das contribuições para o PIS/PASEP e Cofins, bem como o CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico).
Além dos impostos, somam-se ainda os custos e as margens de negociação entre as distribuidoras e os postos revendedores. Segundo os dados de fevereiro de 2018 da Petrobrás, 14% do valor final da gasolina se devem à distribuição e revenda.
O etanol – mesmo sendo um combustível não derivado do petróleo – acompanha e também determina o aumento da gasolina. A razão é que o preço do Etanol Anidro é estabelecido livremente pelas usinas produtoras. Outro fator, é que a lógica de transporte do etanol está condicionada ao aumento do diesel e gasolina. Por outro lado, o mesmo acontece quando o etanol sobe, pois como já foi visto 27% da Gasolina C é composta deste derivado da cana-de-açúcar.
Enfim, se pagamos tão caro para abastecer, economizar é algo fundamental na hora de avaliarmos qual a melhor escolha. Assim, à primeira vista, a alternativa do etanol para ser a solução mais viável. Mas em realidade a equação entre desempenho e economia é mais complexa do que parece, sendo que muitas vezes pode compensar pagar mais em curto prazo, a fim de poupar e rodar mais em médio e longo prazo.
Deste modo, a melhor escolha vai depender primeiro de uma pesquisa de preço de ambos combustíveis, uma vez que a diferença de valor de um posto para outro é relevante. Tendo encontrado os melhores valores, basta dividir o preço do etanol pelo da gasolina. Se o resultado for maior que 0,7 é mais vantajoso abastecer com gasolina.
Se o litro do etanol, por exemplo, está custando R$ 2,65 e o da gasolina R$ 4,35, logo o resultado da divisão do primeiro pelo segundo é 0,6 e, neste caso, compensa mais abastecer com etanol.