Elon Musk, fundador da Tesla e uma das figuras mais influentes do mundo, publicou recentemente um artigo no jornal alemão Die Welt defendendo o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que possui posições classificadas como de extrema direita. O texto, que chamou o partido de “última centelha de esperança” para o país, provocou uma série de reações no ambiente político e na mídia alemã.
A Alemanha se prepara para eleições parlamentares antecipadas em fevereiro, após o colapso da coalizão liderada pelo chanceler Olaf Scholz. No contexto desse cenário, o AfD tem ganhado espaço nas pesquisas, posicionando-se como a segunda força política, atrás apenas da União Democrata Cristã. Musk argumentou que os partidos tradicionais falharam e que o AfD é a única alternativa viável para resgatar a economia e a identidade cultural do país.
A publicação gerou repercussão imediata, com a editora de opinião do Die Welt, Eva Marie Kogel, renunciando ao cargo. Segundo ela, a decisão foi motivada pela discordância com o teor do artigo de Musk, que ela considerou inaceitável para o jornal. A crise interna no Die Welt revelou divergências entre os editores, que já haviam alertado a chefia sobre os riscos de publicar o texto.
A liderança do AfD é encabeçada por Alice Weidel, cuja vida pessoal foi utilizada por Musk para argumentar contra a classificação do partido como extremista. Ele destacou que Weidel é casada com uma mulher do Sri Lanka, refutando comparações com regimes do passado. Entretanto, críticos apontaram que, mesmo com essa narrativa, o partido segue associado a práticas antidemocráticas, incluindo o uso de slogans proibidos relacionados à era nazista.
A publicação do artigo de Musk foi acompanhada de uma resposta editorial de Jan Philipp Burgard, futuro editor-chefe do Die Welt. Burgard reconheceu alguns dos pontos levantados por Musk, mas discordou da conclusão de que o AfD seria a solução para os problemas do país. Ele alertou que a saída da Alemanha da União Europeia, proposta pelo partido, poderia ser catastrófica.
Além das implicações políticas, a polêmica reacendeu debates sobre liberdade de expressão e o papel da mídia em tempos de polarização. O Die Welt reforçou seu compromisso com o pluralismo de ideias, enquanto outros veículos, como o Der Spiegel, criticaram o tom do artigo de Musk, classificando-o como alarmista.
Musk também utilizou sua plataforma social, o X, para defender sua posição, argumentando que seu investimento na Alemanha, especialmente na fábrica da Tesla em Berlim, lhe dá o direito de comentar sobre o futuro do país. A fábrica, construída em uma área de floresta, enfrenta protestos de ambientalistas.
Com as eleições se aproximando, a posição de Musk pode impactar tanto a percepção pública sobre o AfD quanto sua própria imagem na Alemanha. O artigo continua gerando discussões sobre os limites da influência de figuras internacionais em processos políticos nacionais.
Fonte: RevistaOeste, R7, GZH e Estadão.