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Governo anuncia gasolina com 30% de etanol ainda em 2025: entenda impactos e vantagens da nova mistura

O ministro Alexandre Silveira anunciou que o governo planeja elevar a mistura de etanol anidro na gasolina de 27% para 30% em 2025, visando redução de preços, menos importações e maior autonomia energética.
Publicado por Alan Corrêa em Notícias dia 14/03/2025

O Brasil poderá ter uma mudança no teor de etanol anidro misturado à gasolina ainda em 2025. A confirmação veio do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que explicou a proposta de aumentar a mistura atual, de 27%, para 30%. Segundo ele, o objetivo é garantir uma redução no valor final da gasolina ao consumidor.

Pontos Principais:

  • Governo propõe aumentar de 27% para 30% a mistura do etanol anidro na gasolina até o final de 2025.
  • Testes técnicos realizados pelo Instituto Mauá confirmam segurança e desempenho dos motores com a nova mistura.
  • A mudança pode reduzir a dependência do Brasil das importações de gasolina, permitindo rever o modelo atual de preços.
  • Setor sucroalcooleiro e representantes políticos apoiam a medida; movimentos contrários pedem gasolina sem etanol nos postos.

A expectativa do governo é de que a mudança na composição possa reduzir significativamente a dependência do país em relação às importações de gasolina. Alexandre Silveira destacou que o aumento do percentual do etanol anidro poderá resultar numa economia direta aos motoristas brasileiros, além de fortalecer a produção nacional do biocombustível.

O governo federal quer aumentar a mistura de etanol anidro para 30% na gasolina. O objetivo é reduzir custos para motoristas e diminuir a necessidade de importar combustível fóssil do exterior - Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil
O governo federal quer aumentar a mistura de etanol anidro para 30% na gasolina. O objetivo é reduzir custos para motoristas e diminuir a necessidade de importar combustível fóssil do exterior – Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

Atualmente, o Brasil importa parte da gasolina vendida ao consumidor. O ministro destacou que, com uma maior utilização de etanol anidro, será possível não apenas reduzir o custo final, mas também alcançar maior independência energética. A nova composição será analisada e aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão responsável pela definição do cronograma para a implementação.

Estudos técnicos aprovam nova mistura

O Instituto Mauá concluiu estudos técnicos que confirmam a viabilidade do aumento da proporção de etanol na gasolina para 30%. Conforme detalhado por Silveira, os testes realizados mostraram resultados positivos tanto em segurança quanto em desempenho. Não foram encontrados problemas relacionados à compatibilidade com motores já existentes no mercado brasileiro.

Esses estudos, realizados com participação ativa da indústria automotiva nacional, envolveram uma amostragem de 17% dos veículos que circulam no país. A aprovação técnica garante que não haverá prejuízos aos motores movidos exclusivamente a gasolina ou aos veículos flex, que atualmente já podem rodar com 100% de etanol hidratado.

Os resultados obtidos nas pesquisas serão agora encaminhados ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que dará a palavra final sobre a adoção da nova mistura. O CNPE deverá decidir quando e como será realizada a implementação desse percentual aumentado, ainda em 2025.

Impacto econômico e energético esperado pelo governo

O ministro Alexandre Silveira ressaltou a expectativa de que a nova mistura resulte em redução no preço da gasolina comercializada ao consumidor. Isso ocorre porque o etanol anidro é tradicionalmente mais barato que a gasolina pura. A diminuição da dependência do combustível importado é outro benefício citado como ponto-chave para a economia brasileira.

Outro aspecto relevante mencionado pelo ministro é a possibilidade de reavaliar o modelo de precificação atual. Hoje, os combustíveis fósseis vendidos pela Petrobras têm preços influenciados por fatores internacionais, incluindo a cotação do dólar e o valor do petróleo no mercado global. O aumento da presença do etanol na gasolina poderia abrir espaço para uma discussão sobre novas formas de precificação nacional.

A previsão é que a iniciativa estimule ainda mais a produção interna de etanol, beneficiando diretamente o setor sucroalcooleiro do país. O setor produtivo já manifestou apoio à proposta, acreditando que trará bons resultados econômicos e tecnológicos para a cadeia produtiva brasileira.

Setor produtivo e representantes políticos manifestam apoio

Representantes da agroindústria brasileira também se posicionaram positivamente sobre o aumento da mistura do etanol anidro. Durante evento em Ribeirão Preto, Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), afirmou confiar na aprovação definitiva dos testes técnicos, destacando que a medida beneficiará diretamente o setor.

Arnaldo Jardim, vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária na Câmara, também afirmou que os resultados técnicos obtidos são positivos. Jardim destacou que os estudos serão oficialmente entregues ao governo federal na próxima semana, fortalecendo ainda mais o apoio político e produtivo à medida.

A expectativa do setor produtivo é alta. Caso o aumento seja aprovado pelo CNPE ainda neste ano, haverá incremento imediato na demanda pelo etanol anidro, impulsionando investimentos e a produção agrícola, com reflexos diretos sobre a economia nacional.

Movimentos contrários ao aumento da mistura

Apesar do apoio técnico e político, há movimentos contrários à obrigatoriedade da adição de biocombustíveis. O deputado Marcos Pollon (PL-MS), por exemplo, apresentou recentemente um projeto de lei visando permitir que postos vendam gasolina pura, sem adição obrigatória de etanol, e diesel sem biodiesel.

Além disso, nesta mesma semana, distribuidoras solicitaram à Agência Nacional do Petróleo (ANP) a suspensão temporária, por 90 dias, da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel. As distribuidoras apontam preocupações quanto à fiscalização da qualidade dessa mistura.

Alexandre Silveira respondeu a essas questões afirmando que interromper ou eliminar essa obrigatoriedade significaria o fim de um setor produtivo importante para o Brasil, que foi construído ao longo de 50 anos. Silveira defende, no entanto, a fiscalização rigorosa e a garantia da qualidade dos combustíveis distribuídos ao consumidor final.

Próximos passos para implementação

Com os testes aprovados tecnicamente, os resultados serão oficialmente encaminhados ao Conselho Nacional de Política Energética. A expectativa é que o órgão defina, ainda neste ano, o cronograma detalhado para a implementação prática da nova mistura.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, a adoção dessa medida deve ocorrer ainda em 2025. Uma vez implementada, será a primeira vez que o Brasil utilizará o limite máximo permitido pela lei do combustível do futuro, sancionada no ano passado, que permite justamente uma mistura de até 30% de etanol anidro.

O avanço dessa política dependerá diretamente da aprovação e regulamentação por parte do CNPE, que considerará tanto os fatores técnicos quanto econômicos antes de liberar oficialmente a nova mistura para o mercado brasileiro.

Fonte: Itatiaia e G1.