A diretoria da Volkswagen já deve ter sentido o impacto, porque o Honda WR-V 2026 desembarcou no Brasil com a sutileza de um terremoto e bagunçou o jogo dos SUVs compactos.

A verdade é que ninguém imaginava que o WR-V 2026 chegaria tão preparado. A Honda pegou a base do City, ampliou dimensões, ajustou suspensão e entregou um SUV que parece ter sido criado para humilhar concorrentes que vivem de fama antiga. O mais curioso é o posicionamento. Ele custa R$ 144.900 na versão EX e R$ 149.900 na EXL, valores que já colocam pressão direta em modelos que entregam menos e cobram mais.
Os números vazaram rápido e viraram conversas internas dentro das montadoras. O WR-V 2026 tem 4,32 metros de comprimento, 2,65 metros de entre eixos e 458 litros de porta malas. Na prática, isso significa que ele é maior que Tera, Kardian e Nivus. E encosta perigosamente no HR-V, SUV mais caro da própria Honda. A silhueta é mais alta, mais encorpada e reforça visual de SUV adulto. Quem vê ao vivo confirma que o porte é de categoria superior.

Só que o verdadeiro golpe está na lista de equipamentos. O Honda Sensing, conjunto de tecnologias de segurança, vem completo desde a versão mais barata. Frenagem autônoma, permanência de faixa, mitigação de evasão, piloto automático adaptativo e até farol alto automático. Muitos concorrentes só oferecem isso em pacotes opcionais que elevam o preço acima dos 150 mil.
O consumo também virou motivo de discussão. Testes mostraram médias próximas de 14 km l, números surpreendentes para um SUV sem turbo. Embora use um motor 1.5 aspirado de 126 cv, o acerto do conjunto com o câmbio CVT entregou desempenho adequado e economia real. Nos testes, o zero a cem foi feito em cerca de 11,4 segundos, empatando com o T-Cross 200 TSI. Só que sem o lag, sem a vibração e sem a sede típica dos 1.0 turbo.
Mas também existem feridas expostas. A cabine sofre com isolamento acústico fraco. O barulho de motor aparece com facilidade. Os pneus geram ruído constante em asfalto irregular. O acabamento interno tem parafusos aparentes, ausência de iluminação moderna e sensação de simplicidade acima do esperado. Nada disso impediu uma pré venda de mais de duas mil unidades.
Entre todos os SUVs que sentiram o impacto do WR-V 2026, o T-Cross foi o que mais sofreu. Ele tenta se sustentar no motor turbo e na conectividade, mas perde em espaço interno, perde em porta malas e perde até no pacote de segurança. O VW precisa de atualização urgente para não virar peça de museu no segmento.
O Renault Kardian, lançado para ser opção racional, acabou engolido. O WR-V 2026 é maior, mais confortável e oferece mais segurança. O Volkswagen Tera virou alvo fácil, com menos espaço e porta malas tímido. E o Creta Comfort cobra mais para entregar menos, ainda exigindo pacotes extras para ter parte dos sistemas avançados que o Honda já traz de fábrica.
A Honda criou um produto que parece pertencer a uma categoria acima, mas que foi colocado estrategicamente no degrau inferior, gerando desconforto entre as rivais que vivem da fama do turbo e do design exagerado.

O WR-V 2026 virou o pesadelo financeiro das concorrentes, porque ele entrega muito mais por muito menos. As versões EX e EXL são praticamente equivalentes ao HR-V, mas com diferença de até 18 mil reais. Para piorar a situação das rivais, a percepção de valor cresce quando se vê a lista de equipamentos padrão. Multimídia de 10 polegadas, faróis full LED, ar digital, bancos de couro na EXL, saídas de ar traseiras e conectividade ampla.
O pacote deixa modelos como Creta, Nivus e T-Cross em posição desconfortável. Mesmo que apresentem acabamento um pouco mais refinado, nenhum deles traz a combinação de espaço, segurança e economia oferecida pelo WR-V 2026 nessa faixa de preço.
E o mercado percebeu rápido. Com a pré venda estourando e filas aumentando nas concessionárias, o modelo virou prioridade na linha de produção.

O WR-V 2026 entra como um dos carros mais racionais dos últimos anos. Ele entrega porte de SUV maior, espaço interno absurdo, economia real e tecnologias de segurança completas. Mas o isolamento acústico fraco e dois ou três detalhes simples na cabine podem virar motivo de debate acalorado entre futuros compradores.
A pergunta final é inevitável o consumidor vai ignorar esses pontos e abraçar o conjunto que mais entrega por menos dinheiro ou essas pequenas falhas serão suficientes para dividir opiniões e mudar o rumo das vendas?
Fonte: QuatroRodas, UOL e G1.