A volta progressiva do imposto de importação para carros elétricos e híbridos, iniciada em janeiro e programada para durar até 2026, tem gerado insatisfação na indústria automotiva brasileira. A Anfavea, associação dos fabricantes de automóveis, defende o retorno imediato dos impostos para 35%. A entidade argumenta que esta medida anteciparia em dois anos a volta ao imposto original, proporcionando uma previsibilidade maior ao setor.
Segundo a Anfavea, o aumento gradual dos impostos não é suficiente para proteger a indústria nacional. As montadoras, representadas pela associação, acreditam que a elevação imediata do imposto é necessária para evitar uma concorrência desleal com os veículos importados, especialmente os chineses, cujas vendas têm aumentado significativamente no Brasil.
Além disso, a Anfavea tem expressado preocupação com a capacidade de produção ociosa das fábricas brasileiras. A entidade alerta que, se a situação continuar como está, o setor automotivo poderá enfrentar sérias dificuldades nos próximos meses.
O aumento das importações de carros chineses tem sido um dos principais motivos de preocupação para a Anfavea. No primeiro semestre de 2024, as importações de veículos da China cresceram 37% em relação ao mesmo período do ano anterior. Este crescimento foi impulsionado principalmente pelas importações de carros elétricos e híbridos.
No primeiro semestre de 2023, a China representava 7% das importações de automóveis no Brasil. Em 2024, esse número subiu para 26%. Este aumento significativo é visto pela Anfavea como uma ameaça direta à indústria automotiva nacional, que tem enfrentado dificuldades para competir com os preços mais baixos dos veículos importados.
Para lidar com essa situação, a Anfavea propôs a elevação imediata do imposto de importação para 35%, sem qualquer cota de isenção. A entidade acredita que essa medida é essencial para proteger as fábricas brasileiras e evitar uma maior ociosidade na produção.
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, expressou a possibilidade de paralisações nas fábricas brasileiras caso o imposto de importação não seja elevado imediatamente. Durante a apresentação dos resultados de vendas do primeiro semestre, Leite afirmou que, sem a elevação do imposto, as fábricas correm o risco de parar suas atividades ainda em 2024.
O CEO da Volkswagen do Brasil, Ciro Possobom, também defendeu a volta imediata do imposto de importação para elétricos e híbridos aos 35%. Possobom argumentou que a situação atual coloca em risco os investimentos planejados pelas fabricantes de automóveis no Brasil.
A Anfavea alerta que 45% da capacidade instalada de produção de automóveis no Brasil está atualmente ociosa. A entidade está trabalhando em medidas para aumentar as exportações de automóveis para mercados da América do Sul, na tentativa de compensar a queda nas vendas internas.
A queda nas exportações de automóveis tem sido outra preocupação para a Anfavea. No primeiro semestre de 2024, as exportações caíram 20,8% em comparação ao mesmo período de 2023. A previsão inicial era de um aumento de 0,7% ao longo do ano. Com menos exportações e um aumento nas importações, o mercado de automóveis no Brasil cresceu mais do que a indústria local conseguiu acompanhar.
Para tentar reverter essa situação, a Anfavea está buscando acordos com países da América do Sul. Entre as iniciativas, estão acordos com o Equador, que taxa carros brasileiros em 28%, e a restrição à importação de carros usados no Paraguai. A entidade também sugere melhorias na qualidade dos combustíveis na Bolívia e a liberação de cotas de exportação para a Colômbia.
A produção acumulada no primeiro semestre de 2024 foi de 1,138 milhão de unidades, um aumento de apenas 0,5% em relação ao ano anterior. A Anfavea argumenta que, se os emplacamentos de importados e as exportações tivessem sido iguais aos volumes registrados no mesmo período de 2023, o aumento da produção seria de 11%.
Fonte: Terra.