Dobra o número de mulheres motociclistas em 20 anos, mas elas ainda enfrentam desafios no trânsito

O número de mulheres motociclistas dobrou nas últimas duas décadas, mas problemas como assédio e preconceito ainda são comuns. O crescimento do público feminino nas ruas é notável, mas a luta por respeito no trânsito continua.
Publicado por Alan Corrêa em Notícias dia 20/10/2024

O número de mulheres proprietárias de motos cresceu significativamente nos últimos 20 anos, passando de 15,9% para 28,4%, segundo um levantamento recente da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Apesar desse crescimento expressivo, as motociclistas relatam que ainda enfrentam dificuldades como assédio e preconceito no trânsito. A participação feminina no segmento de duas rodas reflete mudanças sociais, mas revela também a permanência de problemas antigos.

Pontos Principais:

  • O número de mulheres proprietárias de motos aumentou 78,5% em 20 anos.
  • O crescimento de habilitações na categoria A ou AB também subiu, chegando a 9,8 milhões em 2024.
  • As motociclistas relatam assédio e preconceito, especialmente em grandes centros urbanos.
  • Empresas e indústrias têm investido em programas de capacitação para mulheres motociclistas.

O levantamento aponta que, entre 2014 e 2024, o número de habilitações femininas na categoria A ou AB passou de 6,04 milhões para 9,8 milhões. Esse aumento demonstra um interesse crescente das mulheres pelo motociclismo, seja por praticidade no dia a dia, lazer ou necessidade profissional, como é o caso de muitas que trabalham com entregas. Contudo, as motociclistas ainda lidam com comportamentos inadequados no trânsito, como assédio verbal e atitudes de desrespeito por parte de motoristas homens.

O número de mulheres motociclistas no Brasil cresceu 78,5% em 20 anos, com 28,4% das motos registradas no país pertencendo a mulheres, uma mudança significativa no cenário nacional - Imagem gerada por IA
O número de mulheres motociclistas no Brasil cresceu 78,5% em 20 anos, com 28,4% das motos registradas no país pertencendo a mulheres, uma mudança significativa no cenário nacional – Imagem gerada por IA

Embora o aumento do número de mulheres nas ruas seja evidente, especialmente após a pandemia de Covid-19, algumas entrevistadas destacam que a questão do machismo no trânsito continua forte. Relatos de homens que pedem informações pessoais, como números de telefone, após uma entrega, ou que tentam intimidar as motociclistas em semáforos, são comuns. Além disso, em estradas e vias de maior movimento, algumas mulheres percebem que veículos maiores frequentemente agem de maneira agressiva ao identificar uma mulher no comando de uma motocicleta.

A inserção feminina no mercado de trabalho ligado às motos também cresceu, com muitas optando por realizar entregas, tanto de documentos quanto de encomendas não relacionadas a alimentos, buscando uma alternativa profissional que ofereça maior flexibilidade. As empresas do setor relataram um aumento considerável de mulheres durante o período pandêmico, refletindo uma adaptação ao cenário econômico e social da época.

Além das dificuldades enfrentadas no dia a dia no trânsito, as motociclistas mencionam a necessidade de adoção de comportamentos mais firmes para garantir sua segurança. Algumas motoristas, inclusive, destacam que precisam ser mais rigorosas ao pilotar suas motos como uma forma de autodefesa, devido à postura agressiva de outros motoristas.

Por outro lado, o aumento da presença feminina no motociclismo chamou a atenção de indústrias, como a Honda e Yamaha, que têm investido em programas voltados para esse público. Um exemplo disso é o curso de mecânica oferecido pela Yamaha, que busca capacitar mulheres para o uso e manutenção das motocicletas. O programa já formou centenas de mulheres, ajudando a aumentar sua autonomia e confiança no trânsito.

Embora o crescimento do número de motociclistas mulheres seja um reflexo positivo das mudanças culturais e sociais, o ambiente no trânsito ainda apresenta desafios que exigem mais respeito e segurança para que essas motoristas possam continuar a expandir sua presença nas ruas.

Fonte: G1.