O motor a gasolina do seu carro aguenta mistura de 35% de etanol?

Nova lei permitirá o aumento da mistura de etanol na gasolina, passando de 27% para 35%. O anúncio foi feito pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, o que pode impactar o consumo e desempenho dos veículos. Proprietários de carros mais antigos devem ter atenção com o uso dessa nova mistura, especialmente devido à presença de água no etanol hidratado.
Publicado em Notícias dia 23/10/2024 por Alan Corrêa

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou nesta terça-feira, 22, que o governo aprovou uma nova lei que permitirá a elevação da mistura de etanol na gasolina, de 27% para até 35%. A iniciativa faz parte do plano de estímulo à mobilidade verde, com o objetivo de tornar a indústria automotiva mais sustentável.

Pontos Principais:

  • A mistura de etanol na gasolina pode aumentar de 27% para 35% com a nova lei.
  • R$ 130 bilhões serão investidos no Brasil para promover a mobilidade verde.
  • O governo apoia o Programa Mais Inovação, com R$ 66 bilhões até 2026.
  • Alckmin defende novos acordos comerciais para aumentar a participação do Brasil no comércio mundial.

Durante a abertura oficial da MIEXPO+ Fórum 2024, uma feira internacional voltada para tecnologia industrial em São Paulo, Alckmin mencionou a importância de buscar soluções sustentáveis para o setor automotivo e destacou que a mudança na mistura de etanol faz parte desse esforço. O objetivo é reduzir a emissão de gases poluentes e promover a eficiência energética.

Além disso, Alckmin mencionou que a indústria nacional está se adaptando para receber R$ 130 bilhões em investimentos voltados para a mobilidade verde. Esses investimentos irão impulsionar a produção de veículos mais eficientes e menos poluentes, fortalecendo a posição do Brasil como um líder na produção de biocombustíveis.

O vice-presidente também abordou o Programa Mais Inovação, que deverá somar R$ 66 bilhões em investimentos até 2026. Este programa, realizado em parceria com instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), visa apoiar o desenvolvimento tecnológico e a inovação em diversas áreas da indústria.

Alckmin reiterou a importância de o Brasil voltar a competir mais agressivamente no cenário global. Atualmente, o país representa apenas 2% do comércio mundial, uma participação considerada baixa pelo ministro. Para aumentar essa presença, ele defendeu a importância de acordos comerciais, como o que está em negociação entre o Mercosul e a União Europeia. Segundo Alckmin, há otimismo em relação ao fechamento desse acordo, que abriria novas oportunidades de mercado para as empresas brasileiras.

O BNDES, segundo Alckmin, tem alcançado recordes de financiamentos para impulsionar a modernização da indústria brasileira, o que inclui o apoio a projetos de sustentabilidade e inovação. O vice-presidente ressaltou que o Brasil tem capacidade de produzir de forma competitiva e eficiente, o que pode ajudar a aumentar sua participação nas exportações globais.

Motor a gasolina tolera mistura de 35% de etanol?

O novo marco regulatório do combustível no Brasil traz à tona uma questão importante: o impacto do aumento da mistura de etanol na gasolina. A nova legislação permite que a porcentagem de etanol varie entre 22% e 37%, podendo chegar a 35% a partir de 2025. Essa mudança pode ter diferentes efeitos sobre veículos modernos e mais antigos, levantando preocupações sobre consumo e desempenho.

Pontos Principais:

  • A mistura de etanol na gasolina pode aumentar para até 35%.
  • Carros mais modernos não sofrem grandes prejuízos com essa alteração.
  • O consumo pode aumentar devido à menor densidade energética do etanol.
  • Veículos mais antigos precisam de cuidados com a corrosão de peças metálicas.

Para os proprietários de carros movidos exclusivamente a gasolina, especialmente os mais antigos, a preocupação principal está relacionada à durabilidade e ao possível aumento do consumo. Carros com motores mais modernos, no entanto, são mais adaptados a essa mistura, e não sofrem impactos negativos significativos. O professor Clayton Barcelos Zabeu, especialista em propulsão automotiva, destaca que o etanol tem uma densidade energética menor do que a gasolina, o que significa que será necessário consumir mais combustível para gerar a mesma quantidade de energia. Em termos práticos, isso pode resultar em um aumento de consumo.

Por outro lado, Zabeu também explica que o uso de etanol na mistura pode aumentar marginalmente a potência do motor, devido à maior octanagem do etanol em comparação à gasolina. No entanto, essa diferença de desempenho, geralmente na casa de 1 a 2%, não será percebida pela maioria dos motoristas no uso diário.

Carros mais antigos, especialmente os carburados, exigem mais cuidados. A presença de água no etanol hidratado pode causar corrosão em peças metálicas e outros materiais, resultando em possíveis problemas mecânicos a longo prazo. Para esses casos, é recomendado o uso de gasolina de maior qualidade, como as versões premium com etanol anidro, que não contém água em sua composição.

O impacto dessa nova regulamentação também deve ser sentido no mercado de combustíveis, com uma possível elevação no preço de combustíveis premium, que já são uma alternativa para quem busca proteger motores de modelos antigos. Além disso, o consumidor de veículos novos pode perceber um aumento no gasto mensal com combustíveis, devido à necessidade de consumir mais etanol para alcançar o mesmo desempenho que a gasolina pura.

Com a sanção da nova lei, o Brasil se posiciona na vanguarda do uso de combustíveis renováveis, como o etanol, no mercado automotivo. Entretanto, é importante que os motoristas, principalmente os que possuem carros mais antigos, estejam atentos às recomendações para proteger seus veículos e evitar prejuízos.

Fonte: CNN, FolhaPE, AutoEsporte e Veja.