Porque as montadoras de carro estão saindo do Brasil?

Algo que tem chocado o espectador brasileiro é a saída de algumas montadoras aqui do país. Mas isso não deve nos espantar, essas saídas já eram esperadas, e algumas delas já estão acontecendo pela segunda vez… A mais recente, que acaba de anunciar sua retirada, é a Audi. Suas atividades estão sendo encerradas no Brasil, pois a fabricante terminou a montagem do A3 sedã que era feita na sua fábrica, no Paraná.
Publicado em Notícias dia 12/02/2021 por Alan Corrêa

Algo que tem chocado o espectador brasileiro é a saída de algumas montadoras aqui do país. Mas isso não deve nos espantar, essas saídas já eram esperadas, e algumas delas já estão acontecendo pela segunda vez…

A mais recente, que acaba de anunciar sua retirada, é a Audi. Suas atividades estão sendo encerradas no Brasil, pois a fabricante terminou a montagem do A3 sedã que era feita na sua fábrica, no Paraná.

Saída de montadoras importantes do Brasil

Recentemente ouvimos com certo espanto o anúncio da saída da Ford e da Mercedes do país. Agora é a vez da Audi encerrar suas atividades enquanto montadora. Isso não significa – em nenhum dos três casos – que os veículos dessas marcas deixarão de ser comercializados no país, mas apenas que serão importados de outros países.

No caso da Audi, já é a segunda vez que ela deixa de produzir seus veículos no Brasil. Em 2006, logo que terminou de montar a primeira geração do A3, a montadora deixou de produzir aqui e só voltou em 2015, com os modelos A3 sedã e Q3.

Término das atividades da Audi

Em 2019 a montadora deixou de fabricar o SUV compacto Q3 e manteve apenas o A3 sedã, que acaba de terminar a linha em dezembro de 2020. Com isso, a Audi encerra suas atividades de linha de montagem no país.

A marca já retirou o modelo A3 sedã do seu site, então a coisa é oficial. Numa nota divulgada na ocasião, a Audi disse que está aguardando uma decisão externa – Audi na Alemanha – se vai começar a produção de um novo modelo em sua fábrica de São José dos Pinhais (PR).

Motivos da saída

As montadoras – especialmente as que oferecem veículos de nível mais alto – sempre sofreram muito no Brasil por causa da importação de peças e acessórios, pois a cotação do dólar implica diretamente nessa conta. E como sabemos, o dólar praticamente duplicou nos últimos 12 meses.

Com isso, a importação se torna muito cara, e o preço final do veículo – para dar lucro – é impraticável. Assim, fica mais barato trazer de fora do que montar aqui.

Mas um dos motivos também é relativa aos créditos do IPI que a empresa tem acumulados, mas que o governo ainda não repassou. Segundo a empresa, essa cifra é de R$ 289 milhões. Claro que a resolução desse impasse influenciará na decisão de trazer um novo modelo para ser montado aqui, mas isso está parecendo cada vez mais improvável.

O que acontece com a fábrica?

Aí surge a pergunta: mas e a fábrica, o que vai acontecer com ela? Atualmente, a fábrica é responsável pela montagem dos modelos Fox e T-Cross, da Volkswagen. Então, a fábrica continuará funcionando, mas sem produzir mais para a marca Audi.

Além desses dois modelos, e talvez por causa da saída da Audi, a fábrica é uma das candidatas a receber a Tarok, picape da marca alemã inédita no Brasil e que deverá concorrer de frente com a Fiat Toro.

Saída da Mercedes

A Mercedes também anunciou recentemente, dezembro do ano passado, sua saída do país. Inaugurada apenas há 4 anos, a fábrica localizada em Iracemápolis (SP) era responsável pela fabricação dos modelos Classe C e GLA.

Essa decisão já era esperada. A fábrica foi fruto do investimento de R$ 600 milhões e tinha capacidade para produzir 20 mil unidades por ano, mas nunca operou com mais de 35% de sua capacidade.

Já em 2017 a empresa ameaçou fechar a fábrica se resultados financeiros satisfatórios não acontecessem. Isso foi suficiente à época para conseguir os subsídios do governo. Também vale lembrar que a fábrica se instalou no país por causa dos benefícios da política vigente. Mas com o fim do Inovar-Auto e o atraso na aprovação da Rota 2030, ela ficou bastante prejudicada.

A estreia da nova geração do GLA exigiria um investimento para a atualização da planta, e a alta do dólar veio complicar ainda mais essa situação. Estando já no limite econômico, a fábrica não tinha outra saída senão encerrar suas atividades.

A fábrica ainda não tem destino definido, mas poderá ser aproveitada pela Mercedes para a fabricação dos seus caminhões. Outra opção seria montar o novo GLA em regime CKD, ou seja, quando todas as peças vêem de fora e o veículo é apenas, e literalmente, montado em solo brasileiro.

Mais uma vez, o custo Brasil

Vemos mais alguns exemplos do que o chamado “custo Brasil” é capaz de fazer. Se o sistema tributário/burocrático fosse mais simples e os custos trabalhistas mais baratos, muitas empresas viriam para o Brasil e a economia seria muito mais beneficiada do que com a aplicação de impostos tão complicados e pesados para o empregador.

Isso até pode acontecer, mas só num futuro de médio prazo. Se quiser entender mais sobre o custo Brasil clique aqui.