Porque o preço do etanol sobe junto com o da gasolina?

Muita gente se pergunta porque o preço do etanol sobre junto com o da gasolina, uma vez que é 100% nacional e não tem petróleo na sua composição. Com a alta do dólar e a instabilidade econômica a nível mundial, o preço do combustível não pára de subir. Entenda porque isso acontece, e aprenda "prever" o que vai acontecer.
Publicado em Dicas dia 3/03/2021 por Alan Corrêa

Muita gente se pergunta porque o preço do etanol sobre junto com o da gasolina, uma vez que é 100% nacional e não tem petróleo na sua composição.

Com a alta do dólar e a instabilidade econômica a nível mundial, o preço do combustível não pára de subir. Entenda porque isso acontece, e aprenda “prever” o que vai acontecer.

Influências sobre o preço do etanol

O preço do combustível no Brasil revolta muitos brasileiros, que gostariam de pagar muito menos por um produto que é nacional – especialmente o etanol – e que é vendido por um valor muito menor para outros países. Mas porque o preço não pára de subir?

A resposta para isso é bem complexa, mas de uma forma leiga, o principal motivo é a alta do dólar e a instabilidade econômica que vemos hoje no cenário a nível mundial. Se o preço do barril de petróleo subiu por causa desses fatores, o mesmo aconteceu com todos os outros setores, incluindo o açúcar e a procura por álcool em gel, subprodutos oriundos da mesma fonte que o combustível etanol.

Além disso, a indústria como um todo recebeu um impacto muito grande. O isolamento provoca uma diminuição inevitável da mão de obra e dificulta a distribuição do produto, comprometendo o abastecimento dos revendedores, provocando também um aumento de preço para o consumidor final. Quando a procura é maior que a oferta, o valor sobe.

Recuperação da economia

Com a imposição do isolamento em março do ano passado, o preço do combustível despencou drasticamente, o que tem um impacto negativo no mercado financeiro como um todo. Pensar em toda uma sociedade, altamente consumidora de combustível, que de repente pára comprar e mesmo de sair de casa, ao redor de todo o Globo, é algo imprevisível.

Pois bem, o resultado é uma quantidade muito grande de combustível estocada e sem uso, que precisava ser escoada de alguma maneira. Para incentivar as pessoas a comprarem, num momento em que quase não se podia rodar, foi preciso reduzir muito o preço. Isso provocou um grande prejuízo para o setor, que precisou vender abaixo do preço de custo durante meses.

Esse enorme rombo precisava ser preenchido. Com o passar do tempo e a retomada das atividades, a procura aumentou muito em relação à procura. Logo, o preço subiu a um preço mais alto do que antes do isolamento, para tentar recuperar pelo menos uma parte do prejuízo.

O impacto sobre a gasolina foi muito maior do que no etanol. Mas quando o preço da gasolina despencou, o do etanol precisou ser reduzido, do contrário ficaria parado nas bombas e reservatórios. Então, é natural que ele suba junto com o da gasolina.

O açúcar no cenário econômico internacional

Outro fator que influencia diretamente no preço do etanol é a posição do açúcar no cenário econômico internacional. Para entender um pouco esse assunto, precisamos levar em consideração que a matéria-prima tanto do etanol quanto do açúcar é a cana-de-açúcar.

Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), 85% da cana é processada em indústrias mistas, que são capazes de produzir tanto o etanol quanto o açúcar.

Ora, uma vez que o preço dos insumos teve um grande impacto a nível internacional, e que neste cenário o açúcar teve uma alta de 14% na Bolsa de Nova York e 18% na Bolsa de Londres – principais mercados onde é comercializado – a prioridade foi da produção de açúcar em detrimento do etanol.

Isso provocou uma enorme diminuição no abastecimento de etanol no mercado, e como dissemos acima, quando a procura é maior que a oferta, o preço sobe.

Safra reduzida e procura por álcool em gel

Outro motivo importante na alta do preço do etanol é a redução da safra da cana-de-açúcar, cujo período principal de plantação é entre abril e novembro, período onde as restrições de locomoção no ano passado foram mais intensas. Isso provocou uma redução na safra, aumentando o preço final do produto.

Além disso, e para piorar a situação já complicada, houve nesse mesmo período uma altíssima procura pelo álcool em gel, tendo um aumento de 65,7% só no primeiro semestre de 2020, produto que provém essencialmente da mesma matéria-prima do etanol, a cana-de-açúcar.

Tudo isso contribuiu para o aumento do etanol nas bombas, pesando sobre o consumidor final arcar com as consequências de um mercado abalado. Com a progressiva estabilização da economia, que já se começa a fazer sentir, a tendência é que os preços diminuam e estabilizem.