Porque os carros estão todos iguais? As leis explicam

Você já notou nas ruas que os carros estão ficando cada vez mais parecidos? Não é apenas impressão, eles de fato estão se aproximando de uma mesma identidade. A principal razão não está em uma tentativa de plágio ou por necessidades mecânicas, mas devido às leis que regulamentam a fabricação de veículos.
Publicado por Alan Corrêa em Notícias dia 24/06/2019

Você já notou nas ruas que os carros estão ficando cada vez mais parecidos? Não é apenas impressão, eles de fato estão se aproximando de uma mesma identidade. A principal razão não está em uma tentativa de plágio ou por necessidades mecânicas, mas devido às leis que regulamentam a fabricação de veículos.

Mais segurança menos personalidade

Embora os carros – com os avanços tecnológicos – estejam ficando mais modernos, o papel dos designers está cada vez mais restrito. A consequência é que os carros estão ficando com um padrão de design muito parecido.

A razão desta limitação está nas legislações cada vez mais rigorosas e que impõe desafios para a liberdade e imaginação dos designers.

Com objetivo de evitar danos aos pedestres, sobretudo tirar vidas, as leis estão estabelecendo parâmetros para o desenvolvimento dos carros que circunscrevem o poder de criação.

Este nova evolução dos carros ainda passam despercebidas para muitos, mas se fizermos uma comparação com os modelos das décadas de 60 e 70 veremos que as montadoras estão perdendo sua identidade.

Exterior frontal

A parte frontal dos carros, por exemplo, tem estruturas projetadas para atenuar o impacto em caso de batidas ou atropelamentos, mas que criam um contorno parecido no desenho.

O controle chega ao ponto de delimitar os adornos na dianteira. A Jaguar retirou o símbolo característico da empresa do capô para evitar um ferimento fatal em um atropelamento.

Já o símbolo Espírito do Êxtase tradicional da Rolls-Royce encontrou a saída do recolhimento elétrico para não sumir, enquanto a Mercedes-Benz criou uma estrela que se deforma no momento da colisão.

Para-choque

Para evitar que as pernas do pedestre em um atropelamento fiquem presas embaixo do veículo, estão sendo colocados chanfros laterais que impedem a pessoa para os lados.

Também está sendo adotado o sistema soft-nose, que aumenta a região de absorção de impacto com o avanço do para-choque para além da grade frontal.

Interior

No interior do veículo, a inclusão das barras de proteção fez as portas ficarem mais grossas, bem como as bolsas de airbags ocupam mais espaço dentro do painel.

A inclinação da coluna A para aumentar a resistência em impactos tem prejudicado a visibilidade por dentro. Além de que nem todos modelos conseguem utilizar colunas mais finas com os aços temperado em altas temperaturas e acabam tendo que engrossar com mais material.

Soluções paliativas

O uso de peças de borracha na parte inferior dos veículos foi a medida utilizada para a redução do ângulo de entrada, que ficou menor com a colocação de elementos aerodinâmicos na parte de baixo para beneficiar o consumo.

Outro problema que tem sido contornado é com a grade do radiador, que está sendo substituída por persianas móveis ou grades falsas, a fim de não prejudicar a eficiência energética e a aerodinâmica.

A proibição de luzes sequenciais em alguns países encontrou a alternativa com a reprogramação das luzes em LED ou eletrônicas.

Mas nem tudo é negativo com os requisitos da legislação. O espaço interno ganhou bastante otimização com o trem de força.

Modelos elétricos

Com a chegada dos modelos elétricos, a carroceria teve que se elevar, pois as baterias ficam mais bem alojadas no assoalho e melhoram o centro de gravidade.

A BMW i8, por exemplo, adotou um corredor central mais elevado para a instalação da bateria, a fim de evitar a elevação de toda a carroceria.

Em realidade, o designer dos elétricos é o que está enfrentando maior dificuldade de criar uma personalidade distinta, basta notar que em geral todos modelos tem um padrão bem parecido.

O futuro dos carros

É claro que as regulamentações tendo em vista diminuir os acidentes são favoráveis e fundamentais. Por outro lado, o que está sendo levantado é que a fabricação de um veículo consiste na conjunção de diversos setores.

Com efeito, este ponto de equilíbrio é muito frágil, mas a prioridade deve ser sempre a vida humana dos que estão dentro e fora do veículo.

Sem bom senso as soluções podem resolver um problema criando outro. A projeção do topo do para-brisa, por exemplo, quanto mais baixa aumenta a resistência aerodinâmica. Por outro lado, não se pode esquecer que o condutor precisa enxergar um semáforo sem precisar fazer movimentos.