Primeiro carro elétrico brasileiro nasceu em 1969: conheça a história

A ideia de carros movidos a eletricidade é antiga. No Brasil a primeira tentativa aconteceu em 1969, quando o Gurgel Itaipu foi criado. O modelo pesava 460 kg, sendo que 320 kg eram apenas das baterias de 3,2 kW, capazes de entregar apenas 4,2 cv. Com um design muito peculiar e apenas dois lugares, o modelo não sobreviveu devido ao seu peso, baixa autonomia e dificuldade na recarga das baterias. Mesmo assim, o modelo denominado Itaipu E150 passou para a história brasileira como um grande marco no avanço da tecnologia.
Publicado por Pablo Silva em História dia 6/04/2021

A ideia de carros movidos a eletricidade é antiga. No Brasil a primeira tentativa aconteceu em 1969, quando o Gurgel Itaipu foi criado. O modelo pesava 460 kg, sendo que 320 kg eram apenas das baterias de 3,2 kW, capazes de entregar apenas 4,2 cv.

Com um design muito peculiar e apenas dois lugares, o modelo não sobreviveu devido ao seu peso, baixa autonomia e dificuldade na recarga das baterias. Mesmo assim, o modelo denominado Itaipu E150 passou para a história brasileira como um grande marco no avanço da tecnologia.

Primeiro carro elétrico brasileiro

O primeiro carro elétrico brasileiro foi criado em 1969 por João Augusto Conrado Amaral Gurgel, fundador da fabricante de automóveis 100% nacional que leva o nome de seu criador.

Entre as muitas inovações de João Augusto, temos o primeiro carro elétrico brasileiro chamado de Itaipu E150, que foi a demonstração de um grande avanço tecnológico para sua época, embora não tenha prosperado.

Conheça a história do primeiro carro elétrico brasileiro
Conheça a história do primeiro carro elétrico brasileiro

Uma fabricante com a cara do Brasil

João Gurgel era um brasileiro apaixonado pelo seu país. Isso fica patente com os nomes dados aos modelos da marca, como Ipanema – que foi o pioneiro nas ruas – Xavante, Carajás e Tocantins. Todos ligados à cultura indigena.

Apresentação do carro elétrico no Salão do Automóvel em 1974

O carro elétrico da Gurgel, contudo, não nasceu logo nos primeiros anos da marca. As vendas começaram em 1969, com o nome de Ipanema, mas sua apresentação aconteceu no Salão do Automóvel em 1974 e o lançamento no ano seguinte.

O nome Itaipu era uma homenagem evidente à Usina Hidrelétrica de Itaipu, que ainda estava sendo construída na época. Esse caráter simbólico tinha relação com a sua fonte de energia, que não seria de combustíveis fósseis, mas sim eletricidade.

Conheça a história do primeiro carro elétrico brasileiro
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Limitações do Itaipu E150

Embora o Gurgel elétrico tenha sido um marco importante no desenvolvimento da tecnologia dos veículos elétricos, ele tinha diversas limitações que tornaram sua existência mais curta.

Em primeiro lugar, tinha capacidade apenas para dois ocupantes, o que restringia muito o seu uso e a procura pelo modelo. Mas o mais grave eram as limitações técnicas. As baterias de 3,2 kW geravam apenas 4,2 cv, o que era muito pouco para qualquer tipo de veículo.

Além disso, sua velocidade máxima, nas primeiras unidades, era de apenas 30 km/h. Posteriormente o modelo conseguiu alcançar até 60 km/h, mas mesmo assim era muito pouco.

A autonomia era de 50 km, o que é bem pouco, mas se a recarga fosse rápida, o que não era o caso. A recarga completa das baterias necessitava de longas 10 horas, o que deixava inviável o seu uso.

Assim, o peso das baterias, a baixa autonomia e a demora na recarga destruíram as possibilidades do pequeno – literalmente – Gurgel Itaipu E150. Mas, para a época já foi um tremendo avanço rumo ao que vemos hoje na tecnologia dos carros elétricos.

Conheça a história do primeiro carro elétrico brasileiro
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Uma última tentativa

Em 1980, a Gurgel ainda tentou mais uma vez colocar nas ruas o carro elétrico, o Itaipu E400. Nessa ocasião, as empresas Telebrás e Telesp chegaram a ter esse modelo em sua frota. Mas sua vida também foi bem curta.

Embora tivesse melhorado bastante, subindo para 11 cv e 80 km de autonomia, as baterias mais uma vez levaram o projeto por água abaixo. As mesmas 10 horas eram necessárias para o seu carregamento, deixando a logística de utilização inviável. O modelo foi de 1980 a 1982 e teve cerca de 1.000 unidades produzidas.

A Gurgel ainda trabalhou no sentido de melhorar as baterias (que eram de chumbo-ácido e não de íons de lítio como hoje), chegando até mesmo a desenvolver baterias mais eficazes, mais leves e com maior capacidade de autonomia, mas o Governo Federal não ofereceu apoio e a empresa desistiu do intento.

Conheça a história do primeiro carro elétrico brasileiro
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Reabertura das importações e falência da Gurgel

Em 1990, com a reabertura das importações, a Gurgel teve uma grande queda no mercado. Tentou sobreviver e em 1993 pediu um empréstimo ao Governo, mais de 20 milhões de dólares, mas no ano seguinte declarou falência e em 1996 encerrou as atividades.

Durante os 27 anos de existência, a Gurgel exportou mais de 4 mil carros para mais de 40 países, o que lhe conferiu o caráter de multinacional. Ao todo foram fabricados e comercializados mais de 30 mil carros, uma cifra impressionante para a época.