A manutenção do câmbio automático voltou ao centro das discussões com a revisão das orientações das principais montadoras sobre a troca de fluido. O que antes era tratado como desnecessário, hoje passou a ser um procedimento preventivo indicado por várias fabricantes.
Pontos Principais:
Durante anos, os manuais técnicos recomendavam o uso contínuo do óleo do câmbio, sem necessidade de substituição, desde que o condutor seguisse boas práticas de direção. Essa diretriz, no entanto, começou a ser questionada após o surgimento de falhas em diversas transmissões automáticas.
Com o crescimento da participação de veículos automáticos no mercado, que hoje representam mais de 60% das vendas de carros novos no Brasil, a atenção à durabilidade dos componentes e aos custos de manutenção passou a ser prioridade para fabricantes e consumidores.
Até o ano de 2022, muitas montadoras mantinham a indicação de que não era necessário trocar o fluido do câmbio ao longo da vida útil do carro. O argumento era de que, com o uso adequado, o fluido manteria suas propriedades de lubrificação e refrigeração por todo o ciclo de vida do veículo.
Marcas como Jeep, Honda, Nissan, Volkswagen e Chevrolet enfrentaram problemas em diversos modelos que seguiram essa orientação. Com falhas ocorrendo em transmissões de veículos como Compass, Renegade, Civic, Sentra e outros, os fabricantes passaram a revisar suas diretrizes.
Hoje, a recomendação padrão é de que o fluido do câmbio automático seja substituído a cada 60.000 km. Essa mudança reflete um movimento de prevenção a falhas mecânicas relacionadas ao superaquecimento e à perda de viscosidade do óleo.
O fluido de transmissão é responsável pela lubrificação das engrenagens, dos rolamentos e de todos os componentes internos do câmbio. Também atua como agente de refrigeração, ajudando a manter o conjunto mecânico em temperaturas adequadas de operação.
Em funcionamento, a transmissão automática pode alcançar temperaturas entre 80 e 90 graus Celsius. O problema é que o desgaste interno ou o superaquecimento não são facilmente detectáveis sem uma inspeção específica. A falta de troca do fluido pode levar à perda de viscosidade, o que compromete a lubrificação e gera falhas no sistema.
Oficinas especializadas relatam que muitos clientes procuram serviços para substituir componentes como o trocador de calor, acreditando ser a origem dos problemas. No entanto, a causa costuma ser a deterioração do fluido antigo que, ao perder suas propriedades, compromete a eficiência e causa superaquecimento.
Segundo profissionais da área, como o mecânico Ícaro Simões, da oficina Casalub, o ideal é realizar a troca do fluido de forma preventiva, conforme orientação atualizada das montadoras. Esse procedimento evita danos ao conjunto e prolonga a vida útil do câmbio.
Além do fluido do câmbio, também é indicado fazer a substituição periódica do fluido de arrefecimento do motor. Em alguns modelos, esse mesmo fluido atua na refrigeração do sistema de transmissão. A recomendação é seguir as especificações técnicas fornecidas pelo fabricante e realizar a troca anualmente.
Simões reforça que, na dúvida, é possível realizar a sangria e a substituição completa do fluido, utilizando apenas produtos homologados pela montadora. Esse cuidado é especialmente importante na compra de veículos usados, cuja manutenção anterior pode ser desconhecida.
A troca do fluido da transmissão é um dos pontos mais importantes a serem verificados na hora de adquirir um veículo usado com câmbio automático. Muitos dos defeitos apresentados por esse sistema surgem da negligência com a manutenção preventiva.
Ao avaliar um carro usado, é importante conferir se houve registros de troca de fluido do câmbio, analisar se o câmbio apresenta trancos ou ruídos e observar o comportamento do veículo em trocas de marcha. Esses sinais podem indicar problemas ocultos.
Outro fator importante é realizar a troca do filtro do câmbio junto com o fluido, especialmente em veículos que já passaram dos 60.000 km. Em muitos modelos, esse filtro retém resíduos metálicos gerados pelo atrito natural do sistema, e sua substituição é essencial.
A transmissão automática, ao contrário da embreagem convencional, é composta por sistemas hidráulicos, válvulas, discos, conversores e componentes eletrônicos. Sua manutenção é mais complexa, e a falha de um único componente pode gerar custos elevados de reparo.
O uso prolongado do fluido antigo pode gerar acúmulo de borra, aumento do atrito e desgaste prematuro. Isso pode afetar tanto a parte mecânica quanto a eletrônica do sistema. A substituição periódica do óleo ajuda a preservar o conjunto e reduzir a necessidade de intervenções futuras.
A cada 60 mil km, a substituição do fluido e do filtro do câmbio automático passou a ser a recomendação mais comum. O serviço deve ser feito por oficinas especializadas, com equipamentos adequados para a troca e uso de fluidos específicos para cada tipo de transmissão.
A orientação técnica atual das montadoras representa uma mudança de postura diante de experiências práticas e falhas mecânicas observadas nos últimos anos. O câmbio automático, embora durável, requer atenção e manutenção contínua.
A troca de fluido não é apenas uma recomendação técnica, mas uma medida prática para garantir o bom funcionamento do veículo e prevenir custos elevados com reparos. O procedimento, antes negligenciado, agora é considerado essencial na manutenção automotiva.
Para os consumidores, especialmente os que pretendem adquirir veículos usados com câmbio automático, é importante considerar essa manutenção como parte do processo de avaliação e negociação.
Fonte: R7, Instacarro e AutoPapo.