O Corolla Cross sempre foi um carro de comportamento discreto — o tipo de SUV que passa despercebido no trânsito, silencioso, econômico, e tão comportado que parece pedir desculpas por existir. A Toyota, porém, resolveu subverter a própria reputação. No SEMA Show, em Las Vegas, a marca japonesa vai exibir o Corolla Cross Nasu Edition, uma versão radical que parece saída de um sonho febril de engenheiros entediados. O resultado é um híbrido transformado em máquina de aventura, com direito a pintura “camaleão” e apetrechos dignos de um sobrevivente pós-apocalíptico.
O nome vem do Monte Nasu, no Japão, uma região conhecida por trilhas e fontes termais. A Toyota quer, com esse conceito, evocar o espírito outdoor — um convite a trocar o shopping pelo mato, o Wi-Fi pelo cheiro de gasolina e terra molhada. O carro, projetado pela equipe SPAD (Service Parts and Accessories Development), é um manifesto de que até um Corolla pode ter um lado selvagem. Mas o Nasu Edition vai além da estética: é também um laboratório de design e tecnologia, feito com impressão 3D, CAD e fresagem CNC. É como se o SUV comum tivesse passado por um upgrade de DNA.

Sob o capô, nada de motorzão barulhento. A mecânica é a mesma do Corolla Cross Hybrid americano, com um motor 2.0 de ciclo Atkinson e sistema híbrido de 197 cv. A diferença está no jeito que ele encara o chão. A suspensão foi elevada, as rodas ganharam pneus Toyo Open Country A/T III e o visual lembra mais um aventureiro que passou um fim de semana inteiro acampando nas montanhas do que um executivo a caminho do trabalho. A tração nas quatro rodas completa o pacote, reforçando o discurso de “vai aonde quiser”.

A carroceria foi redesenhada com agressividade milimétrica: capô ventilado, rack de teto robusto, protetor de cárter e uma barra de LED que parece saída de um filme cyberpunk. Mas o destaque é a pintura metálica roxa, que muda de tom conforme a luz e homenageia o nome “nasu” — que, em japonês, significa “berinjela”. É uma ironia involuntária e genial: um SUV híbrido, roxo e mutante, mostrando que até o conservadorismo pode ser cool quando pintado com irreverência.

Por dentro, a proposta mantém a coerência do lado de fora. A cabine é adaptada para o estilo de vida outdoor, com acessórios de camping, detalhes personalizados e até uma mountain bike presa ao teto. Nada aqui é feito para o uso cotidiano — o carro é um showpiece, uma vitrine do que a Toyota consegue fazer quando decide brincar de engenheira de fim de semana. É uma versão conceito, claro, e dificilmente chegará às concessionárias. Mas cumpre sua missão: chamar atenção e quebrar a monotonia.
O Corolla Cross Nasu Edition é, no fim, um lembrete de que o futuro da mobilidade não precisa ser chato. Mesmo com o rótulo de híbrido racional, o carro mostra que existe espaço para experimentação e humor dentro da engenharia japonesa. Talvez a Toyota não vá vender esse SUV roxo e parrudo, mas a mensagem é clara: o conservadorismo também sabe se sujar de lama — e, aparentemente, com muito estilo.
Fonte: Toyota.