Imagine só: a Nissan pegou um SUV que já estava no palco há anos, deu uma ajeitadinha no figurino, colocou um broche escrito “Play” no peito e disse: pronto, show novo! O Nissan Kicks Play chegou para ocupar aquele espaço de ator coadjuvante que sonha em ser protagonista, enquanto a nova geração afina os últimos detalhes nos bastidores. E não pense que é só maquiagem. Tem estratégia nisso — colocar no mercado um modelo conhecido, confiável, com aquele ar de “já vi esse filme, mas gosto mesmo assim”.
Pontos Principais:
As versões começam com a Sense, perfeita para quem quer praticidade sem firulas. Nada de rodas grandes ou super telas, mas o básico está lá, do jeito certo. A Active Plus já entra no palco um pouco mais arrumada, traz uma multimídia de sete polegadas e tenta parecer sofisticada. E aí, claro, chega o Advance Plus, que tenta roubar a cena com itens que dão um charme a mais, mas no fundo ainda é aquele conhecido personagem secundário com falas limitadas.
No visual, nada que faça você parar na rua e olhar de novo. Faróis halógenos que parecem pedir aposentadoria, lanternas em LED tentando disfarçar a idade e a plaquetinha “Play” na traseira — aquela lembrança de que estamos lidando com uma edição especial, mas nem tanto. As rodas de 17 polegadas ajudam na pose e evitam que o carro pareça um figurante apagado. No interior, tudo como manda o roteiro: muito plástico, boa montagem e um design que já conhecemos desde que o modelo desembarcou por aqui, ainda com sotaque mexicano.
Sob o capô, o velho guerreiro 1.6 aspirado segue no palco, agora recalibrado para cumprir as novas regras do jogo. O resultado? Perdeu um pouco de fôlego, mas ainda sobe no palco com dignidade. Não espere acelerações emocionantes ou retomadas de tirar o fôlego — o CVT trabalha dobrado para manter a performance aceitável, às vezes fazendo mais barulho do que resultado. Mas, na cidade, cumpre bem o papel de carro confortável e previsível.
O espaço interno sempre foi ponto forte. Para dois adultos atrás, o Kicks oferece uma viagem tranquila; para três, começa o jogo de cotoveladas. O porta-malas continua competente, com espaço inteligente e abertura amigável para malas maiores. Em outras palavras, prático o suficiente para quem gosta de colocar tudo dentro do carro e partir sem medo.
Na estrada, o Kicks Play segue firme, com suspensão equilibrada e comportamento seguro, sem surpresas desagradáveis em buracos ou curvas mais ousadas. O problema aparece quando o carro está cheio e você precisa ultrapassar aquele caminhão lento. É nessa hora que o motor 1.6 mostra que o tempo passou e a força diminuiu. Mas se você for paciente, o Kicks não decepciona; só não entrega emoção.
No fim das contas, o Nissan Kicks Play é aquele velho conhecido que aparece de roupa nova na festa e tenta te convencer de que mudou. Mas você sabe: é o mesmo sujeito de sempre, simpático, confiável, mas que já passou do auge. Vale? Se você busca um carro honesto e não liga para espetáculo, sim. Se quiser emoção e tecnologia de última geração, melhor esperar o próximo ato.
O SUV compacto nacional traz um motor com deslocamento de 1598 cm³ e potência máxima de até 113 cv utilizando etanol. Alimentado por injeção multiponto, o propulsor aspirado possui configuração transversal dianteira, com quatro cilindros alinhados, e comando duplo no cabeçote, acionado por corrente. Além disso, conta com variação do comando de válvulas tanto na admissão quanto no escape, oferecendo torque máximo de 15,2 kgfm a 4.000 rpm com etanol e 14,9 kgfm com gasolina.
Com o câmbio automático CVT de 7 marchas (Jatco X-Tronic) associado a um conversor de torque, a transmissão entrega suavidade e eficiência, direcionando a força às rodas dianteiras. O desempenho apresentado pelo veículo é equilibrado, com velocidade máxima atingindo 175 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h realizada em 11,8 segundos, números adequados para o segmento compacto.
A plataforma utilizada no veículo é a Nissan V, identificada pela série P15, que oferece bom equilíbrio entre conforto e estabilidade dinâmica. Essa configuração técnica contribui positivamente para a dirigibilidade, principalmente em trajetos urbanos, garantindo boa agilidade no trânsito.
O consumo de combustível deste SUV compacto revela desempenho razoável, considerando seu porte e peso. Utilizando etanol, apresenta médias de consumo urbano de 7,8 km/l, enquanto em rodovias o número melhora ligeiramente para 9,4 km/l. Abastecido com gasolina, os valores são consideravelmente superiores, registrando 11,3 km/l na cidade e alcançando 13,7 km/l em trajetos rodoviários.
Com um tanque com capacidade para 41 litros de combustível, a autonomia torna-se suficiente para longas distâncias em viagens rodoviárias, chegando até 562 km com gasolina. Já utilizando etanol, essa autonomia é reduzida, ficando em torno de 385 km. No uso urbano, a autonomia com gasolina é de aproximadamente 463 km, enquanto com etanol reduz-se para cerca de 320 km.
Esses números demonstram que, embora o veículo apresente um consumo aceitável para o segmento, é importante considerar o tipo de combustível utilizado regularmente, já que a autonomia é significativamente superior com gasolina.
A cabine do SUV apresenta espaço adequado para até cinco ocupantes distribuídos em quatro portas. O porta-malas oferece capacidade para 432 litros, volume suficiente para malas e bagagens médias, atendendo com conforto às necessidades de pequenas famílias ou casais que costumam realizar viagens curtas. A carga útil suportada pelo modelo é de 409 kg, possibilitando bom aproveitamento do espaço interno sem prejudicar o desempenho geral.
Internamente, o veículo entrega acabamento com bancos revestidos em couro e diversos ajustes que favorecem o conforto. Há ajuste de altura e profundidade no volante, além do banco do motorista ajustável em altura, garantindo uma boa posição de condução para diferentes perfis de motorista. O acesso ao porta-malas é facilitado por destravamento interno e remoto, além da presença de luz interna, que facilita a utilização noturna.
O espaço interno é bem aproveitado e oferece ergonomia adequada, com comandos intuitivos ao alcance das mãos. O banco traseiro bipartido e rebatível aumenta a praticidade no transporte de cargas maiores quando necessário. Alças de segurança no teto complementam os itens práticos no interior, destacando o perfil versátil do veículo.
O SUV possui comprimento total de 4.310 mm, largura de 1.760 mm, altura de 1.590 mm e distância entre-eixos de 2.610 mm, dimensões comuns ao segmento compacto e apropriadas para uso urbano. A altura mínima em relação ao solo é de 200 mm, garantindo segurança ao enfrentar obstáculos, enquanto os ângulos de entrada (18 graus) e saída (28 graus), aliados à capacidade de travessia de água de até 300 mm, ampliam a versatilidade do modelo em diferentes terrenos.
A suspensão dianteira utiliza esquema independente tipo McPherson com molas helicoidais, enquanto na traseira há eixo de torção, também com molas helicoidais. Essa configuração favorece a estabilidade, especialmente em curvas. O peso total do veículo é de 1.136 kg, proporcionando uma relação peso-potência de 10,05 kg/cv e peso-torque de 74,7 kg/kgfm, valores adequados para um SUV urbano.
A direção elétrica contribui para manobras fáceis, auxiliada por um diâmetro de giro reduzido, de 10,2 metros. O sistema de freios dianteiros é composto por discos ventilados, enquanto na traseira são utilizados freios a tambor, configuração comum ao segmento. Os pneus utilizados são 205/55 R17, com altura do flanco de 113 mm, proporcionando equilíbrio entre conforto e estabilidade.