Os testes de segurança realizados pelo Latin NCAP são uma ferramenta essencial para medir a eficiência e resistência de veículos em situações de impacto. A avaliação, que utiliza carros reais em colisões controladas, atribui notas que variam de zero a cinco estrelas, considerando a proteção de ocupantes adultos, crianças, pedestres e os sistemas de assistência à segurança. Desde a revisão dos protocolos em 2020, os critérios ficaram mais rigorosos, unificando as estrelas atribuídas em um único conjunto de métricas.
Pontos Principais:
Com base nos dados mais recentes, esta matéria apresenta uma análise completa dos modelos que receberam as notas mais baixas nos últimos testes. Os resultados apontam falhas estruturais e tecnológicas em diversos veículos vendidos no mercado brasileiro, revelando desafios para a segurança automotiva.
Os crash tests do Latin NCAP avaliam a resistência estrutural e a eficiência dos sistemas de segurança em diferentes cenários de colisão, como impactos frontais, laterais e contra pedestres. Além disso, os testes analisam tecnologias de assistência à segurança, como freios ABS e sistemas de alerta de colisão.
Entre os critérios avaliados, destacam-se:
Os resultados são apresentados em porcentagens, indicando o nível de proteção em cada categoria. Desde a revisão dos protocolos, os testes também consideram a interação entre crianças e airbags, exigindo que esses dispositivos sejam desativáveis quando cadeirinhas são instaladas voltadas para trás.
Testado em 2024, o Citroën C3 Aircross registrou 33% de proteção para adultos e apenas 11% para crianças. Os principais problemas envolvem a proteção do tórax e joelhos do motorista em colisões frontais. Além disso, a impossibilidade de desativar o airbag do passageiro compromete a segurança das cadeirinhas. Esses fatores contribuíram para a baixa avaliação geral.
Entre as falhas, o modelo apresentou riscos graves para as crianças, especialmente no uso de cadeirinhas voltadas para trás, já que o airbag do passageiro não pode ser desativado. Além disso, a estrutura do painel revelou riscos para os joelhos dos ocupantes da frente.
Outro modelo da mesma marca, o Citroën C3, foi testado em 2023 e obteve 31% de proteção para adultos e 12% para crianças. Os danos mais graves foram identificados no tórax e no pescoço do motorista, enquanto a falta de proteção adequada para crianças refletiu problemas similares aos do Aircross.
A baixa avaliação também se deve à ausência de recursos que desativem o airbag do passageiro, comprometendo a segurança no transporte de crianças pequenas. As cadeirinhas também apresentaram falhas na contenção do movimento durante impactos.
O veículo elétrico Jac E-JS1, avaliado em 2022, apresentou desempenho crítico, com 0% de proteção para adultos e 6% para crianças. O teste revelou falhas graves na estrutura do habitáculo, incapaz de suportar colisões frontais ou laterais.
Além disso, o manual do veículo foi criticado por não fornecer orientações claras sobre a instalação de cadeirinhas infantis, agravando os riscos para crianças. O tórax dos ocupantes, tanto em impactos frontais quanto laterais, foi apontado como um ponto extremamente vulnerável.
Em 2021, o Renault Duster alcançou 29% de proteção para adultos e 23% para crianças. Apesar de proteger parcialmente os ocupantes, o habitáculo não suportou impactos mais fortes, e foi identificado vazamento de combustível após o teste de colisão frontal.
Para crianças, as cadeirinhas conseguiram proteger parcialmente os ocupantes, mas o movimento excessivo da cabeça gerou risco de impacto com outras partes do veículo. Esses fatores contribuíram para a baixa nota.
Os modelos Fiat Argo e Cronos, testados no mesmo ano, registraram 24% de proteção para adultos e 10% para crianças. As principais falhas incluem danos ao tórax e pescoço dos ocupantes da frente e a ausência de informações claras no manual sobre o uso correto de cadeirinhas infantis.
Além disso, os impactos laterais revelaram vulnerabilidades significativas na estrutura do veículo, expondo riscos graves para os ocupantes adultos.
O Kia Sportage, também avaliado em 2021, apresentou 48% de proteção para adultos e 15% para crianças. Embora tenha obtido resultados melhores que outros modelos, o carro não conseguiu oferecer segurança suficiente para crianças, principalmente pela impossibilidade de desativar o airbag frontal.
As falhas estruturais, especialmente em impactos laterais, e a falta de informações sobre as cadeirinhas adequadas foram fatores determinantes para o desempenho abaixo do esperado.
O Hyundai HB20, testado em 2020, obteve 19% de proteção para adultos e 10% para crianças. Os danos mais críticos foram identificados no tórax, coxas e pescoço dos ocupantes, com falhas graves tanto em impactos frontais quanto laterais. A impossibilidade de desativar o airbag do passageiro também foi um fator negativo.
A estrutura do veículo mostrou dificuldade em absorver impactos de diferentes tipos, deixando os ocupantes vulneráveis em diversas situações de colisão.
O Ford Ka, nas versões hatch e sedan, alcançou 34% de proteção para adultos e 9% para crianças. Os testes revelaram danos significativos no pescoço e tórax em colisões, enquanto as instruções insuficientes para o uso de cadeirinhas comprometeram ainda mais a segurança.
Os danos às pernas dos ocupantes da frente foram considerados graves, destacando a necessidade de melhorias estruturais nesses modelos.
Os testes do Latin NCAP são fundamentais para alertar os consumidores sobre a segurança oferecida pelos veículos disponíveis no mercado. Além disso, essas avaliações incentivam as montadoras a investirem em tecnologias e materiais que aumentem a proteção dos ocupantes e pedestres.
O mercado brasileiro, que frequentemente oferece carros com poucos airbags e sistemas de assistência básicos, ainda enfrenta desafios para garantir maior segurança nos veículos populares. A transparência dos testes é uma ferramenta essencial para informar o público e pressionar a indústria por melhorias.