A Yamaha Ténéré 700 está de volta ao mercado brasileiro em 2025, sete anos depois de ter sido descontinuada. Agora, a bigtrail chega às concessionárias por R$ 72.990 e já gera debates sobre sua viabilidade. De um lado, carrega a força simbólica de décadas de história, com fãs desde os anos 1980, 1990 e 2000. De outro, enfrenta um cenário competitivo em que rivais oferecem mais potência e preço inferior.
O motor bicilíndrico de 689 cm³ entrega 68,9 cv e 6,6 kgfm de torque, números que, apesar de menores que a versão europeia, sustentam desempenho suficiente para ultrapassagens e retomadas. A resposta em baixas rotações, no entanto, é lenta, exigindo paciência em saídas rápidas. A vitalidade do conjunto aparece acima dos 6.500 giros, quando a Ténéré mostra seu DNA de aventura.

Com câmbio manual de seis marchas e escalonamento eficiente, o modelo mantém conforto em velocidades de cruzeiro. A 120 km/h, o motor trabalha a 5.000 rpm, favorecendo viagens mais longas. Ainda assim, faltou a adoção da embreagem deslizante, item que poderia suavizar reduções e evitar trancos na roda traseira, especialmente em trechos urbanos.
A ergonomia intimida. O assento de quase 90 cm dificulta o acesso para pilotos de menor estatura, e a ausência de versão com banco mais baixo limita o alcance a um público mais restrito. Para o garupa, o espaço estreito e pouco acolchoado compromete o conforto em trajetos prolongados. Além disso, a largura e o peso excessivos tornam o uso no trânsito urbano pouco prático.

No quesito tecnologia, a Yamaha posicionou a Ténéré 700 2025 em sintonia com o mercado atual. O painel TFT de 6,3 polegadas, disposto na vertical, oferece modos Street e Adventure, conexão Bluetooth e entrada USB-C. Durante os testes, o consumo médio registrado foi de 19,2 km/l, valor competitivo diante das condições de uso on-road e off-road. A iluminação integral em LED, com quatro projetores, reforça a identidade moderna da moto.
Em segurança, o ABS com três modos ajustáveis amplia a versatilidade em diferentes terrenos, permitindo até mesmo desligar o sistema nas duas rodas para trilhas mais exigentes. A suspensão dianteira com roda de 21 polegadas confirma a vocação off-road, ainda que os pneus de uso misto tragam ruído incômodo em rodovias.
O grande desafio da Ténéré 700 no Brasil não está apenas na ficha técnica, mas no posicionamento de preço. Enquanto a Moto Morini X-Cape parte de R$ 47.990 e a BMW F 800 GS entrega 87 cv por R$ 69.990, a Yamaha pede R$ 72.990 por uma moto que aposta em legado e tradição. Se o passado consagrou a linha em competições como o Rali Dakar, o presente exigirá um equilíbrio delicado entre nostalgia e racionalidade do consumidor.
Fonte: G1.