O uso de siglas e números para identificar motores turbo é uma prática comum na indústria automotiva, especialmente entre fabricantes como Volkswagen e Stellantis. No entanto, esses números nem sempre representam o que muitos consumidores imaginam, como a cilindrada ou a potência do motor.
Pontos Principais:
Essas siglas, como 170 TSI, 200 TSI e 250 TSI, referem-se ao torque do motor em Newton/metro (Nm). O torque é a força rotacional gerada pelo motor, que é medida em Nm no sistema internacional. Este padrão se diferencia do uso mais comum no Brasil, que mede o torque em quilograma-força/metro (kgfm). A relação entre essas medidas é que 1 kgfm equivale a aproximadamente 9,8 Nm.
Na prática, o uso de Nm como referência é uma estratégia de marketing adotada para facilitar a comunicação do desempenho dos motores ao público, embora isso também gere certa confusão sobre a potência real dos veículos.
A Volkswagen é uma das marcas que utiliza a nomenclatura baseada no torque. O motor 170 TSI, por exemplo, é um motor 1.0 turbo de 999 cm³ que gera 16,8 kgfm de torque, o equivalente a 165 Nm, e até 116 cavalos de potência com etanol. Este motor equipa modelos como o Polo e versões de entrada do sedã Virtus.
Já o motor 200 TSI, também 1.0 turbo, entrega 20,4 kgfm de torque e 128 cavalos de potência. É encontrado em versões mais completas do Virtus e nos SUVs compactos T-Cross e Nivus. Por sua vez, o motor 250 TSI, que é um 1.4 turbo de 1.395 cm³, gera 25,5 kgfm de torque e alcança até 150 cavalos de potência. Ele está presente no T-Cross Highline, Virtus Exclusive, Polo GTS e Taos.
No caso da Stellantis, o motor T200, também de 999 cm³, entrega 20,4 kgfm de torque e 130 cavalos de potência, sendo usado em modelos como Citroën C3 e Peugeot 208. O motor T270, com 1.332 cm³, gera 27,5 kgfm de torque e até 185 cavalos de potência, equipando veículos como Jeep Renegade e modelos Abarth, incluindo o Pulse e o Fastback.
No passado, era comum identificar os carros pela cilindrada indicada na traseira, como o “2000” presente nos modelos Santana da Volkswagen, que utilizavam o motor 2.0 AP. Essa identificação era uma forma de associar diretamente o motor à sua potência e cilindrada. No entanto, com a popularização da tecnologia de downsizing, essa prática foi substituída.
Atualmente, motores menores, como os 1.0 turbo, podem entregar potências equivalentes ou superiores a motores maiores do passado, como os de 1.8 e 2.0 litros. Por isso, fabricantes como Volkswagen decidiram adotar a nomenclatura baseada no torque em Nm, visando melhorar a percepção de valor e facilitar a comunicação sobre o desempenho dos veículos.
Essa mudança, embora bem-intencionada, trouxe desafios para o consumidor. Muitos ainda associam o número ao desempenho direto do motor, o que pode gerar expectativas desalinhadas. No entanto, ao entender que esses números representam o torque, os consumidores podem ter uma ideia mais precisa do desempenho do veículo no dia a dia, especialmente em situações como ultrapassagens ou subidas.
Por outro lado, essa abordagem também demonstra a evolução tecnológica da indústria automotiva, que consegue entregar maior eficiência e desempenho com motores menores e mais econômicos. Isso é especialmente relevante em um mercado onde o consumo de combustível é um fator decisivo para a escolha de um carro.
Fonte: Motor1.