Presente em mais de 140 países e com número de vendas anuais que supera os 4,9 milhões de veículos, a Chevrolet é uma das maiores marcas de veículos do mundo. Fundada em 1911, sua história se confunde com a da General Motors, cuja parceria conquistou o mundo e marcou o nosso país.
Os veículos da Chevrolet são a espinha dorsal da produção da montadora General Motors. Mais da metade dos 6 milhões de veículos vendidos em um ano na Europa levam a marca Chevrolet. Sem contar com a fabricação nas instalações do Brasil, Argentina, México e entre outros locais.
A história da Chevrolet tem início com o piloto americano Louis Chevrolet (1878 – 19-41) e o comerciante William Durant (1861 – 1947).
As vidas destes dois nomes do automobilismo estão unidas desde a origem da Chevrolet Motor Company. Louis, de quem a empresa herdou o nome, já era um famoso piloto quando Durant o convidou para promover sua marca, General Motors, em corridas promocionais.
Após ser afastado da gestão da General Motors, Durant se uniu a Louis para fundar a Chevrolet, em 3 de novembro de 1911, com um audacioso projeto: a criação do modelo Série C Six Clássico.
Este primeiro veículo Chevrolet, fabricado em West Grand Boulevard, Detroit, em 1912, teve 2.999 unidades vendidas com o preço de 2.150 dólares, um valor de luxo para época.
Mas em dezembro de 1913, Louis Chevrolet renunciou a empresa – por inconformidade com a parceria feita com a Little – que manteve tendo seu nome, devido a cláusulas contratuais.
Durant, por sua vez, precisou de apenas 5 anos para acumular recursos e conseguir adquirir de volta o controle da General Motors, que a partir de então incorporou a Chevrolet com uma divisão da empresa e se tornou na maior fábrica de automóveis do mundo.
Para conseguir competir com o econômico modelo T da Ford, Durant teve que lançar o modelo 490, o qual o nome remetia ao valor de vendas das versões Spider e Torpedo sem a instalação elétrica.
Em 1916, a Chevrolet já começou alcançar cifras recordes, com 70.701 unidades vendidas, sendo que umas 18 mil era do recente modelo 490. Em 1917, o número de vendas subiu para 125.882 e que teve apenas uma regressão devido ao início da Primeira Guerra Mundial. Em 1920, a Chevrolet já voltou a alavancar e atingiu 150.226 vendas.
Outra marca importante da Chevrolet foi o lançamento do modelo Monte Cario, um veículo personalizado voltado para competir com o domínio do Thunderbird da Ford e do Pontiac Grand Prix. O sucesso deste modelo foi tanto, que a Chevrolet conseguiu superar, entre os anos de 1971 e 1972, a cifra dos 3 milhões de veículos comercializados nos EUA.
Com um êxito tão espantoso, a Chevrolet se expandiu para mundo e chegou ao Brasil em 1925. Bastaram dois anos para o primeiro veículo da marca ter 25.000 unidades vendidas e em 1928 já eram 50.000 veículos produzidos.
Com a Revolução Constitucionalista de 1932, a Chevrolet entrou em um processo de nacionalização e o Governo de São Paulo comprou toda a produção de veículos da montadora.
O foco da empresa se tornaram atender as demandas de mercado, com a adaptação de veículos para o uso militar, produção de frota de ônibus e vendas dos modelos Buick, Cadillac e Oldsmobile.
A Segunda Guerra Mundial também acabou afetando a comercialização da Chevrolet no território nacional, com a fábrica sendo submetida ao comando militar e o corte da importação do petróleo ao país.
Superada a crise, a Chevrolet voltou a crescer no mercado nacional, conquistando a produção para o transporte coletivo, de carrocerias para caminhões e até o segmento de eletrodomésticos com geladeiras.
Novas fábricas foram abertas, uma em São Caetano do Sul em 1949 e outra em São José dos Campos em 1959 sob o governo do presidente Juscelino Kubitschek, bem como o um campo de provas na Fazenda da Cruz Alta em 1972.
O resultado deste investimento nacional foi fundamental para a Chevrolet se tornar uma das maiores marcas de veículos do nosso país. Em 2014, a montadora americana conseguiu vender 578.983 veículos e nos últimos anos o Onix tem se mantido líder absoluto de vendas.
O fim da segunda Guerra Mundial foi o começo do terceiro plano de expansão da General Motors do Brasil. A economia nacional vivia um momento de euforia, o país ingressava de vez na era industrial e as vendas da empresa estavam a mil por hora.
Em 1949, teve início a ampliação da fábrica de São Caetano do Sul, com a criação de uma nova oficina de montagem, com duas linhas de produção e capacidade para até 15 veículos por hora.
A GMB foi pioneira no processo de nacionalização na indústria automotiva. O programa oficial foi instituído em 1956. Mas, desde meados da década de 40, a empresa trilhava esse caminho.
Em 1948, produziu o primeiro ônibus de aço totalmente montado no Brasil, utilizado matéria-prima da usina da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda. Pesava uma tonelada a menos do que os veículos produzidos com madeira. O índice de nacionalização era de 89%. Seu lançamento foi um marco para a GMB e para a indústria nacional. Foram fabricadas 300 unidades de 32 lugares cada. Vidros, assentos, pneus, baterias, assoalhos, tintas e guarnições também eram nacionais.
Quando alcançava a produção do milionésimo ônibus de aço, a empresa marcou mais de um gol: o GM Coach, um ônibus urbano para 70 passageiros, que atendia perfeitamente o mercado do transporte coletivo, então em franca expansão. Antes mesmo de o ônibus ser lançado já havia encomenda de 300 unidades aos agentes concessionários.
A GMB investia e diversificava; em 1951, começava a produzir os refrigeradores Frigiraire no país, com 72% dos componentes nacionais.
Em 1953, mais uma vez pioneira, a GMB decidiu nacionalizar seus caminhões. Anunciou a aquisição de uma área de 1.634.008 metros quadrados em São Jose dos Campos, escolhida após várias pesquisas feitas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Entre as razões que determinaram a localização da nova unidade, pesaram a proximidade da Vila Dutra e da Estrada de Ferro Central do Brasil, bem como de linhas de transmissão elétrica e do Rio Paraíba do Sul.
Instituído o Programa Oficial de Nacionalização de Veículos, em 1956, a GM foi o primeiro fabricante a expor seus planos. À primeira vista, parecia estranho o desejo do governo, que incentivava a empresa a produzir caminhões, e não carros de passeio, cujo mercado seria muito mais lucrativo.
Em uma segunda analise, tudo parecia lógico: o país precisava de caminhões; o transporte rodoviário de carga seria necessário para o crescimento e o desenvolvimento econômico.
Atendendo aos apelos governamentais, a GM deixou o atraente mercado de carros em segundo plano para dedicar-se exclusivamente ao setor de transporte pesado.
No mesmo ano em que produzia Figidaire de número 100 mil, em 1956, a empresa anunciava o início da construção de sua fábrica, também no Estado de São Paulo.
A GMB tinha sede de mercado: em 1957, lançava o primeiro caminhão brasileiro, o Chevrolet Brasil. Quase metade de seu peso era constituído por componentes nacionais, ultrapassando, assim, o mínimo de 40% exigido pela legislação. Mais uma vez, a GM largou na frente.
Prosseguindo com o investimento em infraestrutura, a companhia inaugurou, em 10 de março de 1959, a sua segunda fábrica no Brasil, em São Jose dos Campos. Com capacidade de produzir 50 mil veículos por ano, era também a primeira fábrica de motores da marca na América do Sul.
Além dos motores, a nova unidade produzia peças para caminhões Chevrolet Brasil, picapes e caminhonetes Chevrolet Amazonas.
A inauguração contou com a presença do então presidente Juscelino Kubitschek, que disse:
“ Aqui estamos, na inauguração de uma das maiores fabricas do Brasil, e eu felicito seus organizadores, aqueles que viveram conosco, verdadeiramente, trabalhar para a prosperidade do país”.
O Brasil crescia e, com ele, a indústria automobilística, Em 1966, a GM aderiu ao plano intensivo de exportações do governo brasileiro. A África do sul passou a receber blocos de motores produzidos na fábrica de São José dos Campos. Quase dez anos depois, veículos montados, refrigeradores, fogões, maquinas de lavar, baterias, matrizes e peças produzidos na unidade eram exportados para todo o mercado latino americano.
O sonho de fabricar automóveis de passeio da marca Chevrolet teve início com o Opala e provocou mudanças radicais em toda a indústria automobilística nacional, ampliando a oferta ao consumidor e a demanda às indústrias de autopeças.
A empresa tornava-se cada vez mais dinâmica ao investir em várias frentes. No dia 16 de dezembro de 1970, saía da linha de montagem da GMB o milionésimo refrigerador Frigidaire, totalmente fabricado no Brasil. A comemoração aconteceu sete anos após a empresa ter produzido o modelo de número 500 mil.
Para aprimorar a qualidade dos veículos e atender o mercado do consumidor, cada vez mais exigente, em 1972 a GM adquiriu a Fazenda da Cruz Alta, com 11,272 milhões de metros quadrados, em Indaiatuba, para construir seu Campo de Provas.
Inaugurado três anos mais tarde, é onde são realizados até hoje os testes a as validações de todos os modelos da empresa no Brasil. Cercado por uma área verde preservada, o CPCA é o maior do gênero no hemisfério Sul.
Também em 1975, entrou em funcionamento a nova fábrica de baterias Delco, marca da GMB. Situada em uma área de 11 mil metros quadrados na Vila Prosperidade, em São Caetano do Sul, é quase oito vezes maior que a antiga fábrica. No último ano antes da mudança, a produção foi de 350 mil unidades. Já na nova unidade, a produção anual alcança, em 1976, 1 milhão de bateiras.
Vinte e quatro anos depois, a revolução definitiva: chegava ao brasil a marca ACDelco, resultado da fusão, nos Estados Unidos, da AC Spak Plug Divison e Delco Remy Corporation, depois que ambas foram incorporadas pela General Motors.
O foco era o mercado de veículos de passeio, utilitários e caminhões leves, nacionais ou importados, de todas as marcas. Tão logo se instalou por aqui, foi reconhecida como a marca de autopeças que oferece o mais completo pacote de produtos no Brasil.
As invasões não pararam. Em 1981, a General Motors Corporation instalou três módulos internacionais para produzir, simultaneamente, os motores do seu primeiro carro mundial, o Monza: na Alemanha, na Áustria e no Brasil.
O primeiro protótipo foi produzido em 27 de fevereiro de 1981, rigorosamente dentro do prazo. Depois de aprovado pela Opel e pela GM, sua fabricação foi iniciada em 18 de maio.
A produção inicial foi de apenas 200 motores por mês, mas em seguida passou para 70 por hora, totalizando 330 mil por ano, dos quais apenas 60 mil ficaram no Brasil. Outros foram exportados para a Opel e para a Pontiac norte-americana. A nova fábrica tinha 47 mil metros quadrados de área constituída e exigiu investimentos de US$ 120 milhões em maquinas, ferramental e equipamentos. O Monza segue como um dos carros antigos mais amados no Brasil.
O sucesso dos carros Chevrolet estava totalmente comprovado e crescia com o tempo. De 1972 a 2005, por exemplo, a GM contabilizou 12 títulos de “Carro do Ano”. Primeiro com o Opala, em 1972, e a Caravan, em 1976. O Chevrolet obteve o bicampeonato em 1981. O Monza foi tricampeão em 1983, 1987 e 1988. O Kadett venceu em 1991. Em 1993 foi a vez Omega, seguindo-se com o Vectra, em 1994 e 1997, o Corsa, em 1995 e 1996.
A GM do Brasil não parava de crescer. Com investimento de US$ 50 milhões, inaugurou em Sorocaba, em 5 de março de 1996, seu novo Centro Distribuidor de Peças (CDP), criado para expandir e melhorar a área de pós-vendas, com benefícios para o cliente Chevrolet.
A nova unidade nasceu adequada à política de globalização da empresa, numa preparação previa para a expansão ocorrida no mercado de reposição e também com vistas ao crescimento do Mercosul.
O CDP de Sorocaba ampliou bastante a capacidade do centro de peças, que funcionava no interior do complexo industrial GM em São Jose dos Campos, cuja capacidade se tornou insuficiente para atender a demanda do mercado.
O mercado automobilístico nacional experimentava um “boom” na década de 90 e era necessária uma nova expansão. A Empresa decidiu instalar uma unidade de componentes estampados.
Inaugurada em novembro de 1999, a nova fábrica foi constituída em terreno de 426 mil metros quadrados cedido pela Prefeitura de Mogi das Cruzes, no distrito industrial de Taboão. A área é estrategicamente situada nas proximidades das mais importantes vias de escoamento da região – rodovias Mogi-Dutra e Ayrton Senna- e da malha ferroviária, além de estar entre os dois complexos da GM em São Paulo – São Caetano do Sul e São Jose dos Campos. Exigiu investimentos de US$ 150 milhões. Foi projetada para produzir 6 milhões de peças estampadas por ano.
Logo depois, em 2000, a GM anunciaria sua entrada no século XX: era inaugurada o Centro Industrial Automotivo de Gravataí, no Rio Grande do Sul. Criada para produzir um novo veículo, o Celta, que viria revolucionar o mercado, umas das mais modernas fabricas do planeta, devido ao conceito de condomínio industrial, por agregar também os fornecedores.
Com o avanço das estratégias de globalização, o Brasil passou a ter maior influência no desenvolvimento de automóveis mundiais da companhia, caso da minivan Meriva, lançada em 2007, do sedã Cobalt, da segunda geração da picape S10, da Trailblazer e do Spin, que chegaram nos anos seguintes.
Fruto de um investimento de R$ 5,7 bilhões, essa renovação da linha de produtos foi um verdadeiro sucesso comercial e levou a Chevrolet, em 2010, a um recorde histórico: 657.724 unidades emplacadas.
Paralelamente ao frenesi dos smartphones, a GM inaugura uma nova era na indústria automobilística, ao ser a primeira a equipar seus veículos de entrada também com sistemas de conectividade. O Agile Wi-Fi, que trazia internet a bordo, foi pioneiro. Mas foi com o Onix que popularizou a tecnologia, com o MyLink.
No Brasil a GM fabrica e comercializa veículos com a marca Chevrolet há 90 anos.
A companhia tem três Complexos Industriais que produzem veículos em São Caetano do Sul e em São José dos Campos, ambos em São Paulo, além de Gravataí (RS).
Conta ainda com unidades em Joinville (produção de motores e cabeçotes de alumínio), Mogi das Cruzes (produção de componentes estampados), Sorocaba (Centro Logístico Chevrolet) e Indaiatuba (Campo de Provas), todas em SP, além de um Centro Tecnológico, em São Caetano do Sul (SP), com capacidade para desenvolvimento completo de novos veículos.
A subsidiária brasileira é um dos cinco centros mundiais na criação e desenvolvimento de veículos.