A Ford decidiu acelerar seus movimentos, e a razão está clara logo de início, a nova geração da Toyota Hilux mexeu com o equilíbrio do segmento e forçou a Ranger a se reposicionar. A marca respondeu com uma atualização específica para 2026, aplicada inicialmente à Austrália, mas que ajuda a enxergar como a picape se prepara para enfrentar um concorrente renovado.
A estratégia não passa por uma mudança estética profunda. A Ford Ranger mantém o visual já conhecido e troca apenas detalhes de acabamento, abandonando aplicações cromadas e cinza para adotar elementos pretos. O resultado é um conjunto mais robusto, acompanhado da chegada da versão Wolftrak, que adiciona rodas escurecidas de 17 polegadas, pintura exclusiva e reforço visual destinado a quem usa a picape em ambiente misto de trabalho e lazer.
A linha 2026 australiana reorganiza conteúdos e deixa cada versão com função mais clara. A XL, a opção de entrada, recebe central multimídia de 12 polegadas, ar digital de duas zonas e pacote ADAS ampliado, itens que aumentam o valor percebido sem elevar a complexidade do conjunto. A XLT passa a ter suspensão reforçada, o que melhora seu desempenho fora do asfalto. Já a XLS adota rodas de 17 polegadas, pneus todo terreno e estribos laterais, reforçando seu apelo funcional.
A Black Edition, antes limitada, torna-se parte fixa da gama. A Tremor, pensada para uso severo, continua como a opção com preparação mais completa para trilhas. A Wildtrak amplia o pacote premium, com rodas de 18 polegadas, faróis de LED Matrix e sistema de som B&O de 10 alto falantes. No topo, a Platinum recebe a nova cor verde Acacia, enquanto a versão Sport deixa o catálogo.
O ponto realmente sensível da linha 2026 é o fim do motor 2.0 biturbo diesel. A Ranger passa a usar apenas o 2.0 turbo de 170 cv e 41,2 kgfm, ou o V6 3.0 turbo diesel de 250 cv e 61,1 kgfm. O câmbio permanece automático de 10 marchas, enquanto a tração varia conforme a versão. Esse enxugamento aproxima a gama australiana da configuração vendida no Brasil, que já utiliza esses motores, e mostra como a Ford está unificando sua estratégia global.
As versões mais equipadas, como XLS, Wolftrak, Tremor, Platinum e Wildtrak, recebem o V6 como padrão. Nas demais, ele fica disponível como opcional, o que reforça a diferença entre os níveis de acabamento e ajuda a controlar a oferta conforme o tipo de uso.
O Everest, derivado direto da Ranger, também recebe ajustes. A linha 2026 elimina as versões Ambient e Trend e cria a Active, agora a mais acessível, com rodas de 18 polegadas, bancos de couro, faróis de LED, monitoramento de pressão dos pneus e central multimídia de 12 polegadas. A Tremor passa a ter bancos dianteiros aquecidos e ventilados e comandos elétricos. Sport e Platinum ganham câmeras 360 graus, recurso essencial em um SUV grande.
O catálogo adiciona cores como verde Acacia e branco Alabaster, e mantém a possibilidade de motor 2.0 turbo nas versões básicas, com o V6 3.0 como opcional, repetindo a lógica da picape.
Enquanto a Ranger australiana evolui, o mercado brasileiro aguarda o movimento da Ford. A marca confirmou que a Ranger híbrida plug-in chega ao país, produzida na Argentina a partir de 2027, com participação da engenharia local no desenvolvimento. Lá fora, esse conjunto entrega 281 cv, 70,4 kgfm e autonomia elétrica de 43 km, mas o modelo nacional terá motor flex, o que indica calibração diferente.
A versão PHEV terá papel estratégico na disputa com a BYD Shark, que já criou novas expectativas no segmento. A Ford usa a eletrificação como diferencial, fortalecida pelo investimento de US$ 170 milhões em Pacheco. A marca, porém, ainda não confirma se as atualizações aplicadas à Ranger australiana serão replicadas na configuração brasileira tradicional.
O Everest, por sua vez, continua sem aprovação final para venda no Brasil, mesmo sendo visto como alternativa direta ao Toyota SW4 e ao Mitsubishi Pajero Sport. A Ford já estudou seu lançamento, mas não avançou.
O movimento da Toyota com a nova Hilux pressionou o segmento, e a Ranger mostra que a Ford não pretende ceder espaço. A reorganização das versões australianas, a simplificação dos motores e o avanço no conteúdo apontam para uma picape mais focada, eficiente e preparada para disputar consumidores que estarão mais exigentes em 2026 e 2027.
Fonte: Valor e Automaistv.