A Bajaj Pulsar NS125 virou assunto porque escancara um contraste incômodo: enquanto a Índia recebe uma 125 moderna, equipada e preparada para uso diário intenso, o Brasil praticamente abandonou esse segmento. A pergunta que move a discussão é simples, a moto teria espaço real por aqui?

A NS125 usa um motor de 124,45 cc com 12 PS e 11 Nm, números altos para a categoria. O conjunto inclui câmbio de 5 marchas, chassi perimetral, rodas de liga aro 17, pneus sem câmera e freio dianteiro a disco, um pacote pensado para quem cruza a cidade com agilidade e custo baixo de manutenção. Nas versões mais completas, há farol de LED e painel digital com Bluetooth, indicador de marcha, consumo e alertas, um nível de equipagem que raramente aparece entre as 125 nacionais.
O problema é que o Brasil tomou outro caminho. O público que usa moto para trabalhar ou se deslocar com garupa migrou para faixas acima de 150 cc porque precisa de fôlego extra em avenidas longas, subidas e trechos rápidos. Por isso modelos como CG 160 e concorrentes de 160 cc dominam, deixando pouca margem para motos menores disputarem espaço.
Existe ainda a barreira econômica. Trazer uma 125 importada envolve custos de homologação e logística que facilmente empurram o preço para perto das 160 já consolidadas, o que enfraquece o argumento de compra. Além do preço, uma moto desse porte exige rede de pós venda ampla para competir em um segmento sensível a disponibilidade de peças e assistência.
Mesmo assim, a NS125 evidencia uma lacuna que o mercado brasileiro ignora há anos. Ela mostra que uma moto pequena pode ser mais equipada, mais confortável no uso urbano e mais tecnológica do que o que se vende na base do mercado nacional. A dúvida é se o consumidor aceitaria trocar cilindrada por um pacote mais completo, ou se o hábito consolidado pelas 160 continuaria falando mais alto.
Se a Bajaj ousasse trazer a NS125, ela serviria como termômetro para medir esse comportamento. Se não vier, ainda assim deixa claro que o Brasil opera com um segmento de entrada menos avançado do que mercados equivalentes, e isso explica por que esse debate voltou ao foco.
Fonte: Ndtv e Hindustantimes.