BYD encerra contrato com empresa após denúncias de trabalho escravo

A BYD cancelou o contrato com a empresa Jinjiang Construction Brazil Ltda após uma força-tarefa encontrar 163 trabalhadores em condições análogas à escravidão nas obras da fábrica de Camaçari, na Bahia. Inspeções revelaram irregularidades em alojamentos, alimentação e condições de trabalho.
Publicado por Alan Corrêa em Negócios dia 24/12/2024

A BYD oficializou o encerramento do contrato com a Jinjiang Construction Brazil Ltda, responsável por parte das obras de sua fábrica em Camaçari, na Bahia. A decisão foi tomada após uma operação conjunta de órgãos como Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Federal (PF), que resgatou 163 trabalhadores em condições análogas à escravidão.

Pontos Principais:

  • A BYD rompeu contrato com Jinjiang Construction devido a denúncias de trabalho escravo.
  • Força-tarefa resgatou 163 trabalhadores em condições precárias.
  • Irregularidades incluíam alojamentos e condições de trabalho degradantes.
  • Fábrica de Camaçari tem obras parcialmente paralisadas.

As investigações apontaram uma série de irregularidades nos alojamentos dos trabalhadores. Foram identificadas condições inadequadas, como a ausência de colchões, falta de armários, materiais de alimentação armazenados de forma inadequada e banheiros insuficientes e em condições insalubres. Em alguns casos, havia apenas um banheiro para 31 trabalhadores, sem separação de gênero.

A montadora BYD rompeu contrato com a Jinjiang Construction Brazil Ltda após denúncias de trabalho escravo envolvendo 163 trabalhadores na fábrica de Camaçari, Bahia.
A montadora BYD rompeu contrato com a Jinjiang Construction Brazil Ltda após denúncias de trabalho escravo envolvendo 163 trabalhadores na fábrica de Camaçari, Bahia.

Além disso, as condições de alimentação também estavam comprometidas. A força-tarefa encontrou cozinhas improvisadas, alimentos armazenados perto de materiais de construção e água consumida diretamente das torneiras sem qualquer tratamento. O canteiro de obras apresentava banheiros químicos insuficientes e mal mantidos, além de refeitórios improvisados sem condições de higiene.

Práticas características de trabalho forçado também foram detectadas. Entre elas, retenção de passaportes, cobrança de caução para rescisão de contratos e retenção de 60% dos salários pagos em moeda estrangeira. Trabalhadores também relataram jornadas de até 10 horas diárias sem folgas regulares. Um caso grave relatou um trabalhador que sofreu um acidente e ficou 25 dias sem descanso.

Com a rescisão do contrato, as obras da fábrica de Camaçari estão parcialmente suspensas. A instalação, planejada para ser a primeira linha de montagem de automóveis da BYD nas Américas, estava prevista para começar a operar em março. A continuidade do projeto dependerá de regularizações e das decisões tomadas em uma audiência marcada para o dia 26 de dezembro.

A força-tarefa continuará as inspeções até que todas as irregularidades sejam corrigidas. O caso levantou preocupações sobre a fiscalização de contratos terceirizados e reforçou a necessidade de maior controle por parte das empresas na escolha de fornecedores. A BYD reafirmou seu compromisso com o cumprimento das normas trabalhistas.

Fonte: BYD, AutoEsporte e InsideEVS.