Vídeos revelam condições de trabalho na fábrica da chinesa BYD na Bahia

Funcionários chineses da fábrica da BYD em Camaçari, Bahia, relatam condições de trabalho degradantes, incluindo violência, jornadas excessivas e alojamentos precários. As denúncias incluem violação de normas trabalhistas e de segurança, destacando desigualdade em relação aos trabalhadores brasileiros.
Publicado por Alan Corrêa em Notícias dia 23/12/2024

Denúncias revelam violações de direitos trabalhistas e condições precárias enfrentadas por operários chineses na construção da fábrica da BYD em Camaçari, Bahia.

Pontos Principais:

  • Denúncias de violência física contra operários chineses no canteiro de obras.
  • Jornadas de trabalho de até 12 horas diárias sem folga semanal.
  • Falta de equipamentos de proteção individual e acesso a água potável.
  • Alojamentos inadequados e condições insalubres para os trabalhadores.

A instalação da primeira fábrica de carros elétricos da montadora chinesa BYD no Brasil, localizada em Camaçari, Bahia, enfrenta sérias acusações de violações trabalhistas e más condições de trabalho. As denúncias, registradas pela Agência Pública, indicam que cerca de 470 operários chineses trabalham em condições degradantes no local.

Os trabalhadores, que foram contratados por três empresas terceirizadas da China – Jinjiang Group, Open Steel e AE Corp –, enfrentam jornadas exaustivas de até 12 horas diárias, sem folgas semanais. Eles relataram a falta de equipamentos de proteção individual, acesso limitado a água potável e episódios de agressões físicas. Um dos casos mais graves documentados ocorreu em outubro, quando um operário foi filmado caído após ser chutado por um superior.

Além disso, as condições nos alojamentos foram descritas como insalubres. Banheiros malcuidados, espaços aglomerados e falta de divisão entre homens e mulheres foram relatados, além de refeições inadequadas oferecidas aos trabalhadores, muitas vezes servidas no próprio canteiro de obras.

O governo da Bahia, sob a gestão de Jerônimo Rodrigues (PT), facilitou a entrada da BYD no estado, com incentivos que incluíram a compra e revenda do terreno onde antes operava uma fábrica da Ford. No entanto, a fiscalização sobre as condições de trabalho tem sido insuficiente, apesar de inspeções recentes realizadas pelo Ministério Público do Trabalho e Polícia Federal.

A desigualdade de tratamento entre operários chineses e brasileiros também chama atenção. Enquanto os trabalhadores locais possuem condições de trabalho regulares, os chineses enfrentam sobrecarga de tarefas e dificuldades de comunicação que limitam a possibilidade de formalizar denúncias.

Embora a BYD tenha emitido uma nota afirmando que segue as leis locais e que as obras estão de acordo com as normas estabelecidas, as denúncias colocam em xeque essa afirmação. Inspeções apontaram inconformidades pontuais que a empresa afirmou estar corrigindo.

A visita da CEO da BYD, Stella Li, à Bahia, marcada para dezembro, pode trazer novos desdobramentos. Há informações de que ajustes estão sendo feitos nos alojamentos para essa ocasião, destacando a necessidade de medidas efetivas para garantir o cumprimento das normas trabalhistas.

Nota Oficial: BYD Auto do Brasil decide rescindir contrato com construtora Jinjiang

Na segunda-feira (23), a BYD Auto do Brasil recebeu notificação do Ministério do Trabalho e Emprego de que a construtora terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda. havia cometido graves irregularidades. A BYD Auto do Brasil reafirma que não tolera desrespeito à lei brasileira e à dignidade humana. Diante disso, a companhia decidiu encerrar imediatamente o contrato com a empreiteira para a realização de parte da obra na fábrica de Camaçari (BA) e estuda outras medidas cabíveis. A BYD Auto do Brasil reforça que os funcionários da terceirizada não serão prejudicados por essa decisão, pois vai garantir que todos os seus direitos sejam assegurados.

A companhia determinou, na data de hoje, que os 163 trabalhadores dessa construtora sejam transferidos para hotéis da região. A BYD Auto do Brasil já vinha realizando, ao longo das últimas semanas, uma revisão detalhada das condições de trabalho e moradia de todos os funcionários das construtoras terceirizadas responsáveis pela obra, notificando por diversas vezes essas empresas e inclusive promovendo os ajustes que se comprovavam necessários.

“A BYD Auto do Brasil reitera seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, em especial no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores. Por isso, está colaborando com os órgãos competentes desde o primeiro momento e decidiu romper o contrato com a construtora Jinjiang”, afirmou Alexandre Baldy, Vice-presidente sênior da BYD Brasil .

A companhia opera há 10 anos no Brasil, sempre seguindo rigorosamente a legislação local e mantendo o compromisso com a ética e o respeito aos trabalhadores.

Fonte: Poder360 e G1.