Chevrolet vai eliminar CarPlay e Android Auto de seus carros e apostar em sistema próprio

Chevrolet vai eliminar CarPlay e Android Auto de seus carros e apostar em sistema próprio
A General Motors (GM) anunciou que irá eliminar o suporte aos sistemas Apple CarPlay e Android Auto em toda a sua linha — elétricos e a combustão. A estratégia reforça o desenvolvimento da plataforma nativa “Ultifi” com integração ampliada e geração de novas receitas por dados e assinaturas, embora gere críticas por restringir espelhamento de smartphones.
Publicado por em Chevrolet e Tecnologia dia

A General Motors (GM) confirma uma mudança drástica em sua abordagem de conectividade : não será apenas a sua linha de veículos elétricos que perderá o suporte ao Apple CarPlay e Android Auto, mas também os modelos com motor a combustão. Em entrevista concedida ao podcast do site The Verge, a CEO Mary Barra declarou que essa decisão, antes restrita aos elétricos, “será consistente” ao longo de novos lançamentos em todo o portfólio.

Pontos Principais:

  • A GM confirma que eliminará o suporte a Apple CarPlay e Android Auto em todos os seus novos modelos, incluindo os a combustão.
  • A substituição será feita pela plataforma nativa Ultifi, que permite maior integração de funções do veículo e potencial de monetização via dados.
  • A estratégia reflete uma mudança de paradigma: a montadora prioriza controle do software do carro em vez da projeção do smartphone.
  • Para os consumidores, perder a compatibilidade com sistemas populares representa risco de rejeição ou mudança de preferência de marca.

O argumento oficial da empresa é o de que, ao desenvolver uma plataforma nativa própria — denominada Ultifi — capaz de integrar o sistema multimídia, navegação, controle climático, autonomia de bateria e atualizações over-the-air, a experiência será mais fluida, personalizada e segura. A GM defende que o espelhamento de celular limita o acesso total aos dados do veículo, insere uma camada de complexidade e “atrapalha” a evolução de recursos como condução semiautônoma.

A General Motors surpreende ao anunciar que deixará de usar Apple CarPlay e Android Auto em todos os seus carros, incluindo os com motor a combustão.
A General Motors surpreende ao anunciar que deixará de usar Apple CarPlay e Android Auto em todos os seus carros, incluindo os com motor a combustão.

Entretanto, essa estratégia contraria a tendência observada no mercado automobilístico, em que o espelhamento de smartphones tornou-se quase padrão — especialmente entre iPhones e Androids. Críticos veem na manobra uma tentativa de recuperar controle sobre o ecossistema interno do veículo, gerar receitas de assinatura por serviços embarcados e coletar dados de uso, ao custo de abrir mão de convênios amplamente aceitos.

Para os motoristas, a consequência imediata é clara : a compatibilidade com Apple CarPlay e Android Auto deixará de ser garantida, mesmo em modelos futuros a combustão. No Brasil, por exemplo, os modelos como o Blazer EV e Equinox EV já chegaram com a plataforma Ultifi e sem suporte aos dois sistemas de espelhamento. Isso sugere que a política da GM pode valer globalmente, e não apenas para os EUA.

Outra vertente da mudança é que, com a plataforma nativa baseada em Android Automotive e assistente de IA como o Google Gemini, a GM espera oferecer funcionalidades como roteamento inteligente com base na carga da bateria, interação contextual via voz e integração com apps próprios em substituição aos contemporâneos. A promessa é de “experiência mais coesa” e “ambiente completamente integrado”.

Ainda assim, a reação de parte dos consumidores é de insatisfação : há alertas de que essa perda de compatibilidade com sistemas populares pode reduzir o apelo de compra dos veículos. Em fóruns como Reddit, usuários afirmam que “não considerariam comprar um carro sem CarPlay”. Ao mesmo tempo, especialistas ressaltam o risco de lock-in tecnológico: o proprietário se verá dependente de apps da montadora e não mais do ecossistema celular de sua escolha.

Para os analistas, a GM está em uma encruzilhada : ou sua nova estratégia se mostra mais vantajosa, oferecendo integração superior, updates contínuos e valores de revenda compatíveis, ou poderá se afastar de potenciais compradores que valorizam a liberdade de uso de seus smartphones no automóvel. O tempo e o aceitação do mercado serão os juízes principais desta aposta tecnológica.

Fonte: QuatroRodas e Garagem360.

Alan Corrêa
Alan Corrêa
Jornalista automotivo (MTB: 0075964/SP) e analista de mercado. Especialista em traduzir a engenharia de lançamentos e monitorar a desvalorização de usados. No Carro.Blog.br, assina testes técnicos e guias de compra com foco em durabilidade e custo-benefício.