O Dodge Magnum 1979 que pertenceu a Raul Seixas foi restaurado mantendo marcas e detalhes originais, como vidros lascados e painel trincado, preservando a história do carro.
Pontos Principais:
Raul Seixas, cantor e compositor, adquiriu um Dodge Magnum 1979 zero-quilômetro e dirigiu o veículo até enfrentar dificuldades financeiras no final da década de 1980. O carro foi vendido, mas permaneceu um marco de sua vida pessoal e cultural. Atualmente, ele pertence a Alexandre Badolato, maior colecionador de veículos Chrysler no Brasil.
O Magnum foi restaurado em 2018, mantendo características originais e marcas de uso deixadas pelo cantor. Entre os detalhes preservados estão os vidros lascados, o painel trincado e o console central com partes cromadas desgastadas. As rodas de liga leve, que não eram de fábrica, também foram mantidas porque aparecem em fotos de Raul com o carro.
Fotos dos anos 1980 mostram Raul Seixas ao lado do veículo, em frente à sua casa no Butantã, autografando discos para fãs. A documentação do carro inclui registros em nome de Raul Santos Seixas, datados de fevereiro de 1988, reforçando a autenticidade da história.
Sylvio Passos, amigo de Raul Seixas e fundador de seu fã-clube oficial, relembra histórias envolvendo o carro. Em uma delas, Raul dirigiu o Magnum até a Liberdade, mas teve o veículo guinchado ao estacionar na praça do bairro. Sem dinheiro para retirar o carro do pátio, ele acabou vendendo o veículo.
O Dodge Magnum foi um modelo lançado em 1979 pela Chrysler do Brasil como uma tentativa de superar a crise do petróleo. Seu design foi desenvolvido no país, e o carro era equipado com motor V8, câmbio automático e ar-condicionado. Apesar do sucesso inicial, a segunda crise do petróleo impactou a montadora, que vendeu suas operações no Brasil no início da década de 1980.
A restauração do carro não apenas preserva a memória de Raul Seixas, mas também destaca um capítulo da história automobilística brasileira. O veículo, com 208 cv e 42 kgfm de torque, ainda representa uma época em que os motores V8 dominavam as ruas do Brasil.
A relação de Raul Seixas com carros e veículos em geral é repleta de histórias curiosas e simbólicas. O cantor, famoso por seu estilo de vida irreverente, trouxe essa mesma abordagem para sua escolha de veículos, desde carros até bicicletas. A música “Ouro de Tolo” exemplifica isso ao mencionar um Corcel 73, modelo que marcou o mercado automotivo da época.
A música “Ouro de Tolo”, lançada em 1973, faz alusão ao Corcel 73, modelo que passou por uma grande atualização estética naquele ano. O carro, na versão mais básica, custava 18.900 cruzeiros, o equivalente a cerca de 4,5 salários de 4.000 cruzeiros. Contudo, para quem recebia um salário mínimo de 312 cruzeiros, seriam necessários 61 salários para adquiri-lo. Raul, ao contrário do personagem de sua música, não comprou o carro, optando por uma bicicleta Caloi Berlineta, reforçando sua visão crítica sobre o consumo e combustíveis fósseis.
Em outro momento marcante, Raul dirigia um Dodge Polara pela orla carioca em 1977, quando foi atingido por uma onda durante uma ressaca no Leblon. O acidente causou danos significativos ao veículo, expondo-o à maresia e acelerando sua deterioração. Apesar disso, o episódio se tornou uma curiosidade sobre sua vida.
Entre os veículos que passaram pela vida do cantor, destaca-se também um Dodge Magnum 79. Este carro, utilizado por Raul enquanto vivia em São Paulo, foi guinchado em 1988 devido ao não pagamento de taxas. Após anos desaparecido, foi restaurado e preservado com características da época. O Fusca 1300L, outro veículo marcante, foi possivelmente o último carro de Raul. Personalizado com placa “RA”, ele simbolizava o estilo dos anos 80, mas seu paradeiro é desconhecido.
A relação de Raul com os carros reflete sua vida, marcada por altos e baixos. Em 1989, dois dias após lançar seu último álbum, “A Panela do Diabo”, Raul faleceu devido a complicações de saúde. Seu legado, entretanto, continua vivo, não apenas por sua música, mas pelas histórias que envolvem sua personalidade única e suas escolhas, incluindo os veículos que marcaram momentos importantes de sua trajetória.
Raul Seixas foi homenageado no dia 23 de novembro com um Google Doodle que celebra sua contribuição ao rock brasileiro. A data escolhida gerou questionamentos, já que o músico nasceu em 28 de junho de 1945. Apesar disso, a ilustração remete à relevância de sua obra, mostrando o cantor com uma guitarra vermelha e elementos que refletem seu estilo único.
Raul Seixas nasceu em Salvador, Bahia, onde foi introduzido ao rock ainda jovem, ouvindo Elvis Presley, Little Richard e outros ícones dos anos 1950. Aos 12 anos, formou Raulzito e os Panteras, banda que se apresentou em pequenos eventos locais e na TV Salvador. Com o tempo, o grupo ganhou algum destaque no Brasil, mudando-se para o Rio de Janeiro em 1967, mas acabou se desfazendo.
Após a separação da banda, Raul trabalhou na gravadora CBS, o que influenciou sua transição para carreira solo. Em 1971, lançou o álbum experimental Sociedade da Grā-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez, um marco inicial na sua trajetória musical. Porém, foi em 1973, com o disco Krig-ha, Bandolo!, que o cantor se tornou nacionalmente conhecido, graças a hits como Ouro de Tolo e Metamorfose Ambulante.
Seu estilo combinava influências do rock internacional com elementos da cultura brasileira. Suas letras abordavam temas filosóficos e introspectivos, características que marcaram obras como Há 10 Mil Anos Atrás, lançado em 1976. A música de Raul refletia sua capacidade de desafiar normas, criando um estilo único que continua a influenciar gerações.
O Google Doodle, criado pela ilustradora Paola Saliby, destacou a personalidade de Raul com detalhes como suas mãos expressivas e a guitarra vermelha, inspirada na capa do disco Gita. A homenagem, exibida em países como Uruguai, Irlanda e Paquistão, reforça a relevância global do músico.
Mesmo após sua morte em 1989, Raul Seixas permanece como um dos principais nomes do rock brasileiro. Seus 21 álbuns exploraram diversos estilos e consolidaram sua posição como o “pai do rock nacional”. Sua obra segue sendo estudada e admirada, mantendo viva sua influência na música e cultura brasileira.