Ferrari F40: o supercarro que ri da sua falta de experiência

Em 1987, a Ferrari lançou o F40 para celebrar seus 40 anos, criando um supercarro lendário. Com motor V8 biturbo de 478 cv, ultrapassava 320 km/h e exigia habilidade para dirigir. Sua construção leve, feita de fibra de carbono e Kevlar, e a ausência de assistências eletrônicas marcaram uma era.
Publicado por Alan Corrêa em História dia 25/01/2025

A Ferrari F40 é um supercarro que marcou a história automotiva, representando o ápice da engenharia da marca nos anos 1980. Lançada em 1987 para comemorar os 40 anos da Ferrari, o modelo é lembrado não apenas por seu design minimalista, mas também por ser o último carro desenvolvido sob supervisão direta de Enzo Ferrari. Seu desenvolvimento contou com um prazo curto, de menos de um ano, e envolveu uma equipe dedicada, liderada por Nicola Materazzi, especialista em turboalimentação.

Pontos Principais:

  • O F40 possui um motor V8 biturbo de 2,9 litros, gerando 478 cv.
  • Alcança 0 a 100 km/h em aproximadamente 4,7 segundos.
  • Foi o primeiro carro de produção a superar 320 km/h.
  • Produzido entre 1987 e 1992, com 1.311 unidades fabricadas.

O veículo foi projetado para combinar o desempenho extremo com uma abordagem simplificada de construção, que incluía materiais como Kevlar, fibra de carbono e painéis de aço tubular. Esses materiais, além de garantirem leveza, contribuíam para a durabilidade estrutural do carro. A produção inicial previa apenas 400 unidades, mas a demanda elevou o número final para 1.311, fabricadas até o início dos anos 1990.

A Ferrari lançou o F40 em 1987 para comemorar seus 40 anos. O supercarro trouxe inovações como o uso de fibra de carbono e Kevlar, marcando uma era pela sua leveza e desempenho - Foto: Will Ainsworth / Wikimedia
A Ferrari lançou o F40 em 1987 para comemorar seus 40 anos. O supercarro trouxe inovações como o uso de fibra de carbono e Kevlar, marcando uma era pela sua leveza e desempenho – Foto: Will Ainsworth / Wikimedia

Embora não tenha sido projetada para competições, a Ferrari F40 carrega elementos de carros de corrida em sua concepção. Seu design aerodinâmico e foco no desempenho criaram um veículo que exige habilidade e experiência do motorista para ser conduzido de maneira eficiente e segura.

Características Mecânicas da Ferrari F40

Equipado com um motor V8 biturbo de 2,9 litros, o F40 entrega 478 cv e atinge mais de 320 km/h. Foi o primeiro carro de produção a ultrapassar essa marca, tornando-se um marco na indústria - Foto: BUTTON74 / Wikipedia
Equipado com um motor V8 biturbo de 2,9 litros, o F40 entrega 478 cv e atinge mais de 320 km/h. Foi o primeiro carro de produção a ultrapassar essa marca, tornando-se um marco na indústria – Foto: BUTTON74 / Wikipedia

A Ferrari F40 é equipada com um motor V8 biturbo de 2.936 cc, identificado internamente como F120A. Esse motor gera 478 cavalos de potência e 425 lb-ft de torque, sendo montado longitudinalmente para otimizar o desempenho e acomodar os sistemas de escape de comprimento igual. Essa configuração permite que o carro acelere de 0 a 100 km/h em 3,7 segundos, alcançando uma velocidade máxima de 201 mph (323 km/h), tornando-se o primeiro carro de produção a ultrapassar a marca de 200 mph.

Os componentes do motor foram fabricados com ligas de Silumin na fundição de Maranello, incluindo o bloco, cabeçotes, tampas de válvulas e coletores de admissão. Além disso, o virabrequim foi usinado a partir de um bloco sólido de aço, destacando o nível de detalhamento e precisão empregados na construção do carro.

A escolha de utilizar turbos da IHI em vez dos usados nos carros de Fórmula 1 da época foi feita para melhorar a dirigibilidade do modelo. Apesar disso, o desempenho do motor é agressivo, especialmente em rotações mais altas, exigindo atenção redobrada do motorista em condições adversas.

Dirigibilidade e Experiência ao Volante

O F40 exige habilidade devido à ausência de assistências eletrônicas como ABS e controle de tração. A direção e os freios são manuais, o que intensifica a conexão com o veículo - Foto: Matti Blume / Wikipedia
O F40 exige habilidade devido à ausência de assistências eletrônicas como ABS e controle de tração. A direção e os freios são manuais, o que intensifica a conexão com o veículo – Foto: Matti Blume / Wikipedia

Conduzir uma Ferrari F40 requer habilidade, firmeza e uma dose de delicadeza. O veículo não possui assistência na direção ou nos freios, e a embreagem é pesada, características que reforçam a conexão direta entre o motorista e o carro. No entanto, o baixo peso do veículo, de apenas 1.250 kg, e sua agilidade compensam a ausência de tecnologias modernas de assistência.

O comportamento do carro em estradas secas é preciso, mas, em condições de pista molhada, torna-se desafiador e até imprevisível. A resposta dos turbos é imediata e potente, o que pode surpreender motoristas desatentos. A posição de dirigir pode parecer pouco convencional, mas a comunicação proporcionada pela direção e pelo chassi garante uma experiência de condução única.

Quando conduzido em alta velocidade, o F40 oferece um alto nível de feedback para o motorista. O ruído interno é elevado, mas reflete a essência do carro, que prioriza a performance em detrimento do conforto. A ausência de rádio e outros elementos de entretenimento reforçam esse foco, deixando o motorista imerso na experiência de condução.

Design e Construção

Sua construção focou em performance, eliminando itens como rádio e revestimentos pesados. Essa abordagem minimalista fez do F40 um carro mais leve e ágil, ideal para pilotos experientes - Foto: Axion23 / Wikipedia
Sua construção focou em performance, eliminando itens como rádio e revestimentos pesados. Essa abordagem minimalista fez do F40 um carro mais leve e ágil, ideal para pilotos experientes – Foto: Axion23 / Wikipedia

O design da Ferrari F40 reflete a simplicidade funcional, com um painel de instrumentos reduzido ao essencial. Materiais como Kevlar e fibra de carbono foram amplamente utilizados para criar uma estrutura leve e resistente. Elementos como portas, capô e tampa do porta-malas foram feitos de fibra de carbono, enquanto o chassi utilizava uma estrutura tubular de aço.

A aerodinâmica foi um aspecto central do projeto, com a inclusão de um grande aerofólio traseiro e entradas de ar estrategicamente posicionadas. Esses elementos não apenas melhoram o desempenho, mas também ajudam a manter o carro estável em altas velocidades. Gordon Murray, renomado projetista de carros, analisou a F40 e destacou sua simplicidade estrutural, característica que contribui para sua manutenção e desempenho.

Apesar de sua engenharia avançada, o carro apresentava limitações de segurança, comuns na época. Em 1987, as zonas de deformação ainda eram rudimentares, o que fazia com que partes do corpo humano fossem consideradas parte dessas áreas.

Legado da Ferrari F40

A experiência de dirigir o F40 é marcada por sua potência bruta e ergonomia focada em performance. O motorista deve dominar sua força para explorar o potencial deste ícone automotivo - Foto: Alexandre Prévot / Wikipedia
A experiência de dirigir o F40 é marcada por sua potência bruta e ergonomia focada em performance. O motorista deve dominar sua força para explorar o potencial deste ícone automotivo – Foto: Alexandre Prévot / Wikipedia

A Ferrari F40 continua sendo um símbolo da marca e uma referência entre supercarros. Sua relevância é reforçada pelo número limitado de unidades produzidas e pela complexidade de sua condução. Embora não seja mais fabricada, o modelo permanece presente na cultura automotiva, com menções em competições e eventos, além de ser um dos carros favoritos de figuras públicas como Sir Lewis Hamilton.

O impacto da F40 também se reflete em sua influência sobre outros modelos da Ferrari e na adoção de tecnologias inovadoras pela indústria automobilística. Seu desenvolvimento e desempenho continuam a ser estudados por engenheiros e entusiastas.

A história da Ferrari F40 é uma homenagem à visão de Enzo Ferrari e à dedicação de sua equipe. Mesmo após décadas de seu lançamento, o carro ainda é admirado por sua contribuição para a evolução dos supercarros e pela experiência única que proporciona a quem tem a oportunidade de dirigi-lo.

Fonte: Wikipedia e Topgear.