Filme “Ainda Estou Aqui” explora carros antigos para recriar o Brasil dos anos 1970

Em 2023, a orla do Leblon foi transformada para as gravações de "Ainda Estou Aqui", filme de Walter Salles que recria o Brasil dos anos 1970. A história de Eunice, mãe de Marcelo Rubens Paiva, ganha vida com carros clássicos restaurados e adaptados para refletir o cotidiano e a repressão da época.
Publicado por Alan Corrêa em Notícias dia 12/01/2025

O filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles e protagonizado por Fernanda Torres, traz uma narrativa que remonta à época da ditadura militar no Brasil. Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, a obra relata a história de Eunice, mãe do autor, após o sequestro e assassinato de Rubens Paiva, ex-deputado, durante o regime militar.

Pontos Principais:

  • O filme retrata a história de Eunice após a morte do ex-deputado Rubens Paiva durante a ditadura militar.
  • Produção utilizou carros clássicos para recriar a atmosfera dos anos 1970 no Brasil.
  • Veículos passaram por adaptações para refletir o uso cotidiano da época.
  • As gravações incluíram locações emblemáticas no Rio de Janeiro, como o Leblon.

A produção incluiu gravações marcantes na orla do Leblon, no Rio de Janeiro, que foi transformada em um cenário histórico em julho de 2023. A avenida Delfim Moreira foi tomada por carros clássicos, como Fuscas e Opalas, para recriar o ambiente da década de 1970. A atuação de Fernanda Torres recebeu destaque, incluindo o Globo de Ouro na categoria de melhor atriz em drama.

Carros Clássicos e Produção Detalhada

Os veículos antigos desempenharam papel central no filme, tanto como protagonistas quanto como elementos de ambientação. Quatro empresas especializadas foram contratadas para fornecer automóveis restaurados, que passaram por processos de customização para adequação ao contexto histórico.

A equipe de produção cuidou minuciosamente dos detalhes dos carros, incluindo a adição de marcas de uso para simular a vivência da época. Segundo a produtora delegada, os veículos chegavam limpos e eram deliberadamente “sujos” antes das gravações, um conselho do cineasta alemão Wim Wenders seguido por Walter Salles.

Além disso, os carros passaram por revisões mecânicas e ajustes específicos, como a troca de molas dos bancos, para evitar ruídos indesejados nas cenas. Alguns veículos, como o Opel Kadett, foram repintados para refletir as cores originais da época, de acordo com a narrativa do filme.

Locações e Contexto Histórico

A orla do Leblon foi cenário de gravações que recriaram o Brasil dos anos 1970 no filme dirigido por Walter Salles, com Fernanda Torres como protagonista na história de Eunice.
A orla do Leblon foi cenário de gravações que recriaram o Brasil dos anos 1970 no filme dirigido por Walter Salles, com Fernanda Torres como protagonista na história de Eunice.

As gravações ocorreram em locais emblemáticos, como a orla do Leblon e o Instituto Municipal Nise da Silveira, que serviu como cenário para representar o DOI-Codi. As locações foram escolhidas para capturar a essência do período retratado, com atenção especial à fidelidade histórica.

O Fusca, carro amplamente popular nos anos 1970, foi utilizado em várias cenas. Produzido em São Bernardo do Campo, o modelo liderava as vendas na época, com 175,5 mil unidades comercializadas em 1971. Além disso, outros modelos clássicos, como o Opala, a Kombi e o Karmann-Ghia, também compuseram o cenário.

Os carros utilizados foram fornecidos por colecionadores e restauradores especializados. O Opel Kadett, por exemplo, foi originalmente produzido na Alemanha e teve sua pintura alterada de amarelo claro para vermelho. Este nível de detalhamento exemplifica o compromisso da produção com a fidelidade histórica.

Impacto Cultural e Histórico

O filme retrata um período crucial da história brasileira, destacando as dificuldades enfrentadas por Eunice e sua família durante o regime militar. Os detalhes históricos, incluindo os veículos e cenários, ajudam a contextualizar a trama e a conectar o público à narrativa.

Os modelos de carros utilizados refletem a realidade da época, como o domínio de marcas nacionais e a presença limitada de importados, que só foram proibidos em 1976. A produção também trouxe à tona histórias sobre a comercialização de veículos, como os anúncios de venda do Opel Kadett no Rio de Janeiro nos anos 1960.

A dedicação da equipe de produção na recriação histórica é um dos fatores que contribuíram para a recepção positiva do filme. Os carros, as locações e os ajustes técnicos realizados durante as gravações ilustram o esforço em retratar fielmente a década de 1970.

Fonte: F5, AutoEsporte, Webmotors e iG.