Após décadas de colaboração, a Hyundai e o Grupo Caoa encerraram a produção conjunta de veículos no Brasil. A fábrica de Anápolis, em Goiás, operada pela Caoa, deixou de fabricar modelos como o Tucson e o caminhão HR. Desde abril, com o início de férias coletivas, esses modelos saíram de linha e, após a retomada parcial das atividades, apenas veículos da Caoa Chery voltaram a ser montados.
Pontos Principais:
O fim da produção compartilhada ocorre pouco mais de um ano após o anúncio de uma nova fase na aliança entre as empresas. Em fevereiro de 2024, Caoa e Hyundai divulgaram planos para uma integração inédita: a Caoa continuaria operando a planta goiana com novos modelos da Hyundai, enquanto a marca coreana ficaria responsável pela importação e distribuição no país. Mas nada do que foi planejado se concretizou.

Desde 2018, as duas empresas vinham travando embates comerciais. A Hyundai buscava controlar toda a operação local, incluindo a importação, antes gerida pela Caoa. O impasse foi decidido em 2021 por um tribunal arbitral na Alemanha, com vitória da Caoa. Mesmo assim, a tensão persistiu, impedindo a liberação de novos produtos coreanos no Brasil.
Durante esse período, a Caoa também vetava a entrada de modelos da Hyundai muito aguardados, como o Kona, o Ioniq 5N e o SUV de luxo Palisade. Ainda que o contrato de representação tenha sido renovado após a arbitragem, a relação seguiu desgastada e travada nos bastidores.
Em 2023, numa tentativa de reorganizar a operação, Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho e o CEO da Hyundai para a América Latina, Airton Cousseau, anunciaram que a Caoa unificaria a rede de concessionárias e receberia novos modelos para produção local. A ideia era tornar a marca mais competitiva, ampliar a presença e fortalecer o portfólio. Nada disso saiu do papel.
Apesar do fim da produção conjunta, a Caoa segue responsável pela rede de distribuição da Hyundai no Brasil, incluindo os modelos importados e fabricados pela montadora sul-coreana fora do país. A separação produtiva, no entanto, coloca em xeque o futuro da marca no mercado nacional, em especial frente ao avanço de rivais chineses e à transição elétrica do setor.
A Hyundai, procurada, afirmou que não comenta estratégias de mercado. Já a Caoa manteve a postura de não revelar informações, citando cláusulas de sigilo. Internamente, as marcas parecem já ter seguido caminhos distintos, mesmo que formalmente ainda compartilhem parte da rede comercial.
Fonte: AutoEsporte e CNN.