O Mustang Dark Horse chegou ao Brasil com aquele ar de “último dos moicanos” no mundo dos muscle cars. Enquanto Camaro e Challenger já se despediram ou mudaram de rumo, ele desembarca aqui como o mais potente Mustang de produção em série da história, custando R$ 649 mil e trazendo um V8 5.0 que despeja 507 cv de potência. É uma máquina feita para incomodar vizinhos, dominar retas e fazer você sentir que o asfalto é pequeno demais.
A primeira impressão começa na hora de entrar. O carro é baixo — apenas 1,40 m de altura — e obriga o corpo a se curvar antes de mergulhar na cabine. Ao pressionar o botão vermelho de ignição, o V8 acorda com um rugido grosso, quase animalesco, e a vibração se espalha pelo volante e pelo banco. É aquele tipo de som que você não só ouve, mas sente no peito.

Na pista, o Dark Horse é um convite constante para acelerar mais. Do zero aos 100 km/h, ele precisa de apenas 3,7 segundos, um número que o coloca lado a lado com superesportivos europeus bem mais caros. E enquanto muitos rivais eletrificados apostam no silêncio e na eficiência, aqui a proposta é simples: fazer barulho e andar rápido.

Visualmente, ele ostenta um pacote “dark” que combina com o nome. Faróis e grade escurecidos, entradas de ar no capô e um aerofólio traseiro que não está ali só para enfeitar. Há também a opção de rodas de fibra de carbono para quem quer tirar ainda mais peso e ganhar segundos preciosos em track days.

O interior mistura o melhor de dois mundos. De um lado, telas grandes — 12,4 polegadas para o painel de instrumentos e 13,2 para a central multimídia. Do outro, detalhes retrô, como tomadas 12V, e a ausência de um carregador por indução, quase como um lembrete de que tradição aqui ainda fala alto.

Os bancos revestidos de couro suede são confortáveis, mas poderiam abraçar mais o corpo em curvas de alta velocidade. Entre os equipamentos de segurança e assistência, há piloto automático adaptativo, frenagem autônoma e assistente de permanência em faixa, provando que até um muscle car pode se adaptar aos tempos modernos.
Parte do que o torna mais afiado que o Mustang GT Performance — além dos 15 cv extras — está no freio flutuante e no diferencial traseiro com sistema de refrigeração. Esses upgrades permitem frear mais tarde, acelerar mais cedo e passar mais tempo na pista sem que nada esquente demais.
O câmbio automático de 10 marchas, no entanto, é o ponto em que o Dark Horse tropeça. Em reduções mais agressivas, ele hesita, e essa falta de resposta quebra o clima de conexão entre motorista e máquina. Para um carro que vive da experiência, isso pesa.
No modo “pista”, o som do escape se abre por completo, e o carro parece ganhar vida própria. Já no modo “escorregadio”, ele permite derrapagens controladas, com a traseira saindo nas curvas, como nos filmes de ação que a gente pausa só para rever.
Fora da pista, o Dark Horse é um espetáculo ambulante. Nas estradas, motoristas abrem caminho só de ver o cavalo no capô pelo retrovisor. É mais respeito do que medo, misturado com a curiosidade de ouvir o rugido de perto.
Mais do que um carro, o Mustang Dark Horse é um ato de resistência. Ele mantém viva a cultura dos muscle cars, equilibrando nostalgia e desempenho, e prova que ainda há espaço para gasolina, barulho e emoção em um mundo que corre para abraçar o silêncio elétrico.
Fonte: Ford.