O mercado brasileiro de motocicletas revela um movimento que vai além da mera recuperação, apontando para uma reorganização estrutural nas preferências dos consumidores. Entre janeiro e setembro de 2025, o volume de buscas por motos 0 KM avançou 27% em relação ao mesmo período do ano anterior, o que indica crescimento de atenção e intenção de compra em um segmento historicamente mais volátil.
No ranking dos modelos 0 KM mais visitados na plataforma, a liderança coube à Honda CG 160 Fan, com 16% de participação. Em seguida figuram a Honda CB 300F Twister (15%) e a Yamaha YZF-R15 (13%). Depois vêm a Honda CG 160 Titan (12%), Honda CG 160 Start ES (9%), Honda Pop 110i (8%), Honda ADV 150 (7%), Yamaha Fazer Connected (7%), BMW S 1000 RR (7%) e Shineray SHI 175 EFI (7%). A composição desse ranking revela que, apesar da predominância de modelos econômicos e populares, há espaço significativo para cilindradas superiores e segmentos premium.

Já no universo de motos usadas, o incremento foi de 15% no mesmo intervalo temporal. A Yamaha MT-03 lidera com 13%, seguida pela Yamaha Fazer FZ25 (11%), Yamaha XTZ 250 Lander (11%), BMW G 310 GS (11%), Honda CB 600F Hornet (10%), BMW S 1000 RR (10%), Yamaha NMAX 160 ABS (9%), Honda CG 160 Fan (9%), Honda CB 500X ABS (8%) e Honda CG 160 Titan (8%). Essa lista mostra que o consumidor de motos usadas valoriza motorização média ou até premium, ampliando o foco tradicional das scooters urbanas ou motos de entrada.
A supremacia da CG 160 Fan no segmento 0 KM aponta para o equilíbrio entre acesso, desempenho e manutenção que o público busca. Ao mesmo tempo, a presença constante de modelos como a CB 300F Twister e a YZF-R15 demonstra que cilindradas intermediárias e versões esportivas continuam despertando interesse, mesmo em um cenário de maior cautela econômica. No ramo usado, a ascensão de modelos como MT-03 e XTZ 250 Lander evidencia que há procura por versatilidade – tanto para uso cotidiano como para lazer – além de valorização de marcas consolidadas e performance.
Do ponto de vista estratégico, os dados sugerem aos fabricantes e aos varejistas que a oportunidade passa por segmentar ofertas de forma mais refinada: estoque adaptado tanto para volume nas 110 cc e 160 cc quanto para performance nas 300 cc+, pacotes de financiamento mais agressivos e serviços pós-venda que acompanhem a nova expectativa dos consumidores. Adicionalmente, a combinação de crescimento expressivo para novas e usadas aponta que os compradores estão ativos — não só renovando — mas ampliando o leque de acesso à mobilidade sobre duas rodas.
Outro aspecto relevante é a diversificação dos interesses manifestados nas buscas: desde a Honda Pop 110i para uso urbano até a BMW S 1000 RR para entusiastas de alta cilindrada, o mercado reflete uma pluralidade que desafia a tradicional segmentação estrita. Isso significa que as jogadas de marketing e comunicação devem refletir não apenas o volume, mas também a narrativa de estilo de vida, liberdade, autonomia e desempenho.
O levantamento fornecido pelo Webmotors Autoinsights proporciona uma lente analítica sobre um setor que parece estar vivendo uma virada: com alta nas buscas, variedade de perfis e um leque de modelos que vai da acessibilidade à performance. A mobilidade de duas rodas no Brasil parece estar se redesenhando, com novos contornos de demanda e novos vetores de crescimento.
Fonte: Webmotors.