Desde que saiu de linha em 2021, o Honda Fit virou uma espécie de relíquia entre os carros usados. O compacto da Honda conquistou um público fiel que o considera sinônimo de praticidade, economia e confiabilidade. Mas, para quem vive o dia a dia do mercado automotivo, o desafio é outro: encontrar um Fit que realmente mereça essa fama.
O modelo atravessou três gerações de sucesso no Brasil, sendo lembrado por seu espaço interno inteligente e pela durabilidade mecânica. Muitos compradores enxergam nele o carro ideal para uso urbano e viagens curtas, mas essa imagem de “inquebrável” acabou se voltando contra o próprio Fit. A fama de resistência levou parte dos donos a relaxar na manutenção, e isso transformou o processo de compra em uma verdadeira caçada por bons exemplares.

Profissionais que avaliam veículos usados relatam que poucos Honda Fit aparecem em bom estado de conservação. Não é raro encontrar carros com funilaria refeita, pintura irregular, pneus gastos e ausência de manuais ou registros de manutenção. Um caso recente ilustra bem esse cenário: um Fit EXL 2015 anunciado como “o melhor do planeta” revelou, na inspeção, ser apenas mais um carro maltratado e com suspeita de quilometragem adulterada.

Esse contraste entre a reputação e a realidade cria um paradoxo curioso. O Honda Fit usado é procurado exatamente por quem busca um carro confiável, mas parte das unidades disponíveis no mercado não condiz com o que o nome Honda costuma representar. O problema não é o projeto — que continua elogiado —, e sim o histórico de uso. Muitos compradores descobrem tarde demais que o Fit pode exigir um olhar clínico e muita paciência para encontrar um exemplar digno da fama.
Ainda assim, a valorização segue alta. Mesmo um Fit 2015 chega a custar o mesmo que SUVs bem mais novos, como o Peugeot 2008 Allure Pack 2022, que tem tabela semelhante e oferece tecnologia e conforto mais recentes. Isso mostra como a força da marca Honda pesa no bolso e na decisão de compra, mesmo diante de alternativas mais modernas e equipadas.
Especialistas recomendam que, em vez de focar apenas em um modelo, o comprador abra o leque de opções. Usar filtros amplos em sites de classificados, priorizando câmbio automático e limite de preço, pode revelar surpresas. Há carros 2023 ou até 2024 nessa faixa de R$ 70 mil, muitos deles em estado muito melhor do que Fits de dez anos atrás. O segredo é ter mente aberta e olhar para o mercado com racionalidade, não apenas com nostalgia.
A fidelidade ao Fit continua admirável, mas também limita quem busca um carro usado de qualidade. Em um mercado tão diversificado, prender-se a um único nome pode custar caro. Encontrar um Fit realmente bom é tarefa para os pacientes — e para quem entende que reputação não substitui uma boa inspeção.
Fonte: Uol.