Interior de SP supera ABC e se torna polo das montadoras asiáticas com nova fábrica da GWM

O interior paulista consolida-se como centro das montadoras asiáticas no Brasil. Com a chegada da GWM a Iracemápolis, a região atinge capacidade superior ao tradicional ABC, abrigando fábricas de Hyundai, Toyota e Honda.
Publicado por em GWM e Negócios dia

A geografia industrial de São Paulo está em transformação. Tradicionalmente dominado pelo ABC, o setor automotivo no estado vê agora o interior despontar como principal centro de produção, impulsionado por marcas asiáticas.

Pontos Principais:

  • Interior de SP supera ABC em capacidade de produção automotiva.
  • Chegada da GWM a Iracemápolis impulsiona novo ciclo industrial.
  • Hyundai, Toyota e Honda fortalecem polo em cidades estratégicas.
  • Incentivos locais e infraestrutura favorecem expansão das fábricas.

A chegada da chinesa GWM a Iracemápolis, com operação iniciando nesta sexta-feira, marca o mais recente capítulo dessa mudança. A meta da empresa é atingir, até o fim da década, 50 mil veículos anuais entre carros de passeio e picapes.

A chegada da GWM a Iracemápolis redefine o mapa industrial automotivo. A marca chinesa prevê 50 mil veículos por ano até 2030, mudando o peso do interior paulista no setor.
A chegada da GWM a Iracemápolis redefine o mapa industrial automotivo. A marca chinesa prevê 50 mil veículos por ano até 2030, mudando o peso do interior paulista no setor.

Somando-se a essa produção às linhas já operadas por Hyundai, Honda e Toyota em cidades como Piracicaba, Sorocaba, Itirapina, Sumaré, Indaiatuba e Porto Feliz, a capacidade instalada na região alcançará cerca de 650 mil veículos por ano, superando o volume combinado das plantas da General Motors e da Volkswagen no ABC.

O movimento de expansão para fora da Grande São Paulo começou nos anos 1990, quando benefícios fiscais, terrenos mais baratos e menor custo de mão de obra tornaram o interior mais atrativo para as montadoras. Até então, a concentração industrial no ABC era histórica, reforçada por uma rede de fornecedores e mão de obra especializada formada desde os anos 1950.

Além da GWM, a BYD já atua no interior paulista com a produção de chassis para ônibus elétricos e equipamentos solares em Campinas. A escolha das cidades é resultado de negociações locais e estratégias de mercado individuais, mais do que de um plano coordenado entre as montadoras asiáticas.

Os investimentos refletem também o interesse das cidades em gerar empregos qualificados. Só a GWM anunciou 700 novas vagas neste ano, enquanto a Toyota deve contratar cerca de 2.000 funcionários para expandir sua fábrica em Sorocaba. A aposta é em operações completas no Brasil, incluindo soldagem e pintura, características do sistema CKD, mais complexo que o modelo SKD adotado pela BYD no início.

Com infraestrutura logística favorável e políticas locais atrativas, o interior de São Paulo reforça sua posição como novo epicentro da indústria automotiva no país, quebrando um domínio que por décadas pertenceu exclusivamente ao ABC.

Fonte: Gwmmotors e Folha.

Alan Corrêa
Alan Corrêa
Jornalista automotivo (MTB: 0075964/SP) e analista de mercado. Especialista em traduzir a engenharia de lançamentos e monitorar a desvalorização de usados. No Carro.Blog.br, assina testes técnicos e guias de compra com foco em durabilidade e custo-benefício.