A Mitsubishi deu início a um projeto-piloto no Japão que pode modificar significativamente a operação de veículos elétricos em áreas urbanas. Com foco no segmento comercial, a proposta prevê a utilização de caminhões e vans equipados com baterias intercambiáveis, capazes de serem substituídas em um intervalo de tempo inferior ao necessário para abastecer um carro a combustão.
Pontos Principais:
A iniciativa envolve a instalação de 14 estações automatizadas na região metropolitana de Tóquio e o uso de uma frota composta por mais de 150 veículos elétricos da Mitsubishi, em parceria com a empresa americana Ample e a Yamato Transport, operadora de logística japonesa. O sistema busca oferecer uma alternativa à recarga tradicional, que atualmente pode exigir horas para veículos de grande porte.

A proposta da Mitsubishi, que conta com apoio do governo metropolitano de Tóquio, é parte de um esforço maior para reduzir emissões e promover fontes de energia alternativas. A meta de longo prazo do país é atingir a neutralidade de carbono até 2050, e os testes com troca de baterias são uma das estratégias voltadas à redução de emissões no setor de transportes, responsável por quase um quinto do CO₂ no Japão.
A operação é feita de forma totalmente automatizada, sem a necessidade de o motorista sair do veículo. O tempo médio do processo é de aproximadamente dois minutos, o que torna a solução especialmente atraente para veículos comerciais que operam em rotas contínuas e não podem ficar parados por longos períodos.
A plataforma utilizada no sistema foi desenvolvida pela Ample e demonstrou compatibilidade com diferentes modelos e fabricantes, aumentando as possibilidades de expansão da tecnologia para outros tipos de frota. A substituição rápida elimina o tempo ocioso das entregas, permitindo que os veículos retornem às ruas imediatamente após a troca.
A viabilidade do sistema já havia sido testada anteriormente em menor escala, com projetos-piloto realizados em Quioto em 2024. Na ocasião, os testes envolveram veículos de entrega e táxis, e validaram a eficiência da solução em ambientes urbanos densos.
A Yamato Transport será a primeira operadora de grande porte a utilizar os veículos com baterias substituíveis em operações reais. Isso permitirá uma análise prática da viabilidade econômica e operacional do modelo, com dados que poderão apoiar uma eventual ampliação nacional.
Além da eficiência operacional, a Mitsubishi aposta na flexibilidade estratégica do sistema. Em situações de emergência, como terremotos ou quedas de energia, as baterias substituídas podem ser reaproveitadas como fontes móveis de eletricidade para abastecimento emergencial de residências ou equipamentos críticos.
A proposta visa não apenas à eficiência logística, mas também à estabilidade energética. Por permitir o carregamento das baterias fora do horário de pico, o sistema contribui para evitar sobrecargas na infraestrutura elétrica urbana e pode se tornar um componente útil em planos de resposta a crises.
A principal barreira para a adoção em larga escala do sistema é a ausência de um padrão universal para baterias intercambiáveis. Atualmente, cada fabricante adota soluções próprias de design e montagem, o que dificulta a criação de estações compatíveis com múltiplas marcas.
Outro ponto crítico está na estrutura de custo. As estações exigem altos investimentos iniciais, especialmente devido à complexidade dos sistemas robóticos que realizam as trocas e à necessidade de manter um estoque de baterias carregadas. Há também o desafio logístico de reposição e manutenção das baterias fora dos veículos.
Apesar desses entraves, a Mitsubishi acredita que o projeto tem potencial de expansão global. A proposta de troca em 100 segundos pode atrair interesse de grandes centros urbanos que enfrentam limitações de espaço e buscam soluções práticas para frotas sustentáveis. Cidades como São Paulo, Paris e Nova York estão entre as que poderiam adotar o sistema no futuro.
O sucesso do projeto em Tóquio será fundamental para determinar o futuro da iniciativa. Caso os resultados operacionais e financeiros sejam positivos, a Mitsubishi poderá propor acordos similares com governos de outros países interessados na redução de emissões e na modernização de seus sistemas logísticos urbanos.
Também está em análise a possibilidade de adaptação do sistema para veículos de transporte público, como ônibus elétricos, o que exigiria estações de maior capacidade, mas traria ganhos significativos em tempo de operação e disponibilidade da frota.
A longo prazo, a Mitsubishi pretende utilizar os aprendizados do projeto para desenvolver veículos com design modular, otimizados para esse tipo de operação. Com base na experiência acumulada, será possível padronizar processos, reduzir custos e eventualmente criar um novo modelo de negócios baseado na circulação contínua de veículos e baterias.
Fonte: Mitsubishi-motors.