Salvador implementou sua primeira motofaixa nesta segunda-feira (10), na Avenida Mário Leal Ferreira, mais conhecida como Avenida Bonocô. A nova infraestrutura foi criada para melhorar a segurança e organização do trânsito, oferecendo um espaço exclusivo para motociclistas. A capital baiana se torna a terceira cidade do país a receber a autorização da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) para adotar essa estratégia viária.
Pontos Principais:
A motofaixa foi posicionada entre as faixas 1 e 2 de cada sentido da avenida, sendo identificada por linhas tracejadas nas cores azul e branco. Mesmo com a inclusão do novo espaço, a via mantém suas quatro faixas para circulação de veículos. Para viabilizar a mudança, a velocidade máxima permitida na Bonocô foi reduzida para 60 km/h, seguindo determinação da Senatran.
Nos primeiros 30 dias, a fiscalização será educativa, permitindo que os condutores se adaptem à nova regulamentação. Apesar do espaço exclusivo para motociclistas, a obediência ao limite de velocidade permanece obrigatória. A implementação da motofaixa faz parte de um conjunto de medidas para tentar reduzir o número de acidentes envolvendo motos na cidade.
A adoção das motofaixas já ocorre em outras cidades brasileiras. São Paulo foi a primeira capital a implementar esse modelo de circulação para motociclistas, com a inauguração do projeto piloto em janeiro de 2022. As faixas foram instaladas em avenidas de grande fluxo, como a 23 de Maio e a Bandeirantes.
Em São Paulo, os dados preliminares indicam que a adoção das motofaixas teve impacto positivo na segurança. Até outubro de 2024, os sinistros de trânsito envolvendo motociclistas nas áreas demarcadas caíram 22% em relação ao mesmo período do ano anterior. As motofaixas paulistanas também seguem a regulamentação de velocidade máxima de 60 km/h.
Recife recebeu autorização para instalar sua primeira motofaixa em setembro de 2024, mas o projeto ainda não foi colocado em prática. A capital pernambucana planeja implantar a Faixa Azul em um trecho de 1,6 km na Avenida Recife, abrangendo ambos os sentidos da via. Assim como em Salvador, a iniciativa busca aumentar a segurança para motociclistas e reduzir os índices de acidentes.
A implementação da motofaixa ocorre em um cenário de alto número de acidentes envolvendo motociclistas em Salvador. Apenas nos dois primeiros meses de 2025, a Superintendência de Trânsito do Salvador (Transalvador) registrou 464 acidentes com motos, resultando em 11 mortes. No mesmo período de 2024, os registros apontavam 467 ocorrências e 18 vítimas fatais.
Ao longo de 2024, os dados mostram um total de 3.063 acidentes com motos na capital baiana, sendo que 84 resultaram em mortes. Isso representa 59% do total de fatalidades no trânsito da cidade naquele ano. O índice reforça a necessidade de ações voltadas à segurança dos motociclistas.
A frota de motocicletas na cidade cresceu nos últimos anos, contribuindo para o aumento dos desafios no trânsito. Entre 2020 e 2025, o número de motos emplacadas passou de 160.661 para 216.338, um crescimento de quase 35%. Em 2024, foram registradas 16.851 novas motocicletas, indicando um aumento contínuo da utilização desse meio de transporte.
A implementação das motofaixas enfrenta desafios, principalmente em relação à regulamentação legal. Atualmente, o Código de Trânsito Brasileiro não prevê oficialmente a Faixa Azul, tornando necessária uma adaptação às regras vigentes. Além disso, a fiscalização e a conscientização dos condutores são pontos essenciais para garantir o funcionamento adequado do novo sistema.
Um dos principais desafios é evitar que motoristas utilizem indevidamente o espaço reservado para motociclistas. Em outras cidades onde a motofaixa já foi implantada, a presença de carros e outros veículos na área destinada às motos tem sido um problema recorrente. Campanhas educativas e fiscalização são medidas que podem ajudar a minimizar essa questão.
Outro fator importante é a adaptação dos motociclistas às novas condições de trânsito. O respeito ao limite de velocidade e às regras estabelecidas será determinante para que a motofaixa traga os benefícios esperados. Salvador deverá monitorar os impactos da mudança para avaliar possíveis ajustes no projeto ao longo do tempo.
A motofaixa de Salvador é um passo inicial em uma estratégia mais ampla de segurança viária para motociclistas. Outras cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e Distrito Federal, também estudam a possibilidade de adotar esse modelo de infraestrutura, indicando uma tendência nacional.
Se os resultados forem positivos, Salvador poderá expandir o projeto para outras vias de grande circulação, seguindo os moldes de São Paulo. A redução dos índices de acidentes será um dos principais indicadores para determinar a eficácia da iniciativa.
A adaptação da cidade ao novo sistema exigirá um período de transição, tanto para os condutores quanto para os órgãos responsáveis pela fiscalização. A longo prazo, espera-se que a motofaixa contribua para um trânsito mais seguro e organizado para os motociclistas da capital baiana.