A Ram Dakota abriu seu espaço no Salão do Automóvel de São Paulo com a força de quem chega para disputar não só um segmento, mas a atenção de um consumidor brasileiro cada vez mais crítico. Logo nas primeiras linhas da apresentação, ficou evidente que a Ram Dakota não é apenas o retorno de um nome conhecido, e sim um movimento calculado para ocupar um território onde robustez, tecnologia e percepção de valor precisam caminhar juntas.
O Salão deste ano escancarou que as marcas estão reposicionando seus produtos diante de um público que entende origem, plataforma, manutenção e custo real. A Dakota se insere exatamente nesse cenário, onde o peso da ficha técnica vale menos que a coerência do conjunto. No meio da agitação dos estandes, ela se destacou porque entrega uma proposta que tenta equilibrar tradição e modernidade num país onde picape não é tendência, é ferramenta e estilo de vida ao mesmo tempo.

A Ram Dakota chega apoiada na plataforma da Fiat Titano, derivada da Changan Hunter, mas assume um papel mais ambicioso. A marca posicionou o modelo acima da Titano e o aproximou do terreno onde a Toyota Hilux reina há décadas. O objetivo é claro, conquistar o motorista que busca força, porte e conforto sem abrir mão de tecnologias atuais. No Brasil, esse público cresce justamente porque as picapes se tornaram soluções híbridas entre trabalho e uso familiar.
A escolha do 2.2 turbodiesel coloca a Dakota num ponto de equilíbrio entre desempenho e custo operacional. O torque favorece quem enfrenta rotinas de carga, reboque e trajetos mistos. Já a tração integral automática amplia a sensação de segurança em pisos irregulares, algo extremamente relevante no Brasil real, onde terra, buracos e aclives fazem parte da vida cotidiana.

Com 5,36 metros de comprimento e 3,18 metros de entre eixos, a Ram Dakota reforça presença visual e funcional. O espaço da caçamba, com 1.210 litros, atende profissionais que dependem do volume, enquanto os 3.500 kg de reboque ampliam seu alcance para quem transporta trailers, equipamentos ou cargas pesadas. No Brasil, onde a picape precisa valer o investimento, capacidade bruta e confiabilidade pesam tanto quanto estética.
Dentro da cabine, a Dakota busca entregar refinamento real. As duas telas integradas criam um ambiente mais moderno, enquanto os bancos elétricos, o console elevado e os materiais em tom marrom reforçam a ideia de que o modelo se distancia da Titano e tenta competir num patamar mais alto.
Esses recursos refletem uma exigência crescente do público brasileiro. Não basta o carro ser forte, ele precisa entregar assistência à condução e ergonomia, porque a rotina urbana também pesa na decisão de compra. A Dakota se apoia nisso para justificar seu posicionamento.
A versão Warlock aposta na estética escurecida, conectada com o consumidor que busca identidade visual marcante. Já a Laramie entrega o brilho cromado, as rodas diamantadas e uma proposta mais sofisticada. Essa divisão evidencia como a Ram entende a pluralidade do comprador brasileiro, sempre dividido entre função e aspiração.

Ao lado da Dakota, modelos como a 1500 RHO e a 3500 Dually mostraram que a Ram quer ampliar sua presença no país. O conjunto reforça uma estratégia clara, criar um ecossistema de picapes que atenda desde o agronegócio até o motorista urbano que deseja potência e presença.
No fim, a Ram Dakota se estabelece como símbolo de uma mudança mais profunda no mercado brasileiro. Ela chega para disputar espaço num ambiente competitivo, onde reputação, custo real e coerência técnica definem quem conquista o consumidor. Em um Salão marcado por expectativas altas, a Dakota se tornou o ponto de partida de uma nova fase para as picapes médias no Brasil.
Fonte: Stellantis.