A decisão da Uber de excluir oito modelos da categoria Black a partir de janeiro de 2026 gerou uma onda de insatisfação entre motoristas profissionais e usuários. Em um movimento que a empresa chama de “atualização anual”, veículos como Renault Kardian, Citroën Basalt e modelos elétricos foram abruptamente removidos da lista de carros aceitos no serviço premium, sem uma explicação clara sobre os critérios usados.
Nos bastidores, a mudança expõe uma transformação no posicionamento da Uber quanto ao padrão mínimo de conforto exigido para operar na categoria Black, voltada a passageiros que buscam uma experiência mais sofisticada. A lista de cortes inclui não apenas SUVs compactos modernos e recém-lançados, mas também carros eletrificados, como o Peugeot E-2008 e o JAC iEV 40, sinalizando um possível desestímulo à adoção de tecnologias limpas por parte da frota.

A categoria Black sempre foi considerada o topo da hierarquia entre os serviços oferecidos pela Uber no Brasil. Para muitos motoristas, ela representa a chance de ganhos mais altos, com um público mais exigente e tarifas mais valorizadas. Ao remover modelos populares que antes eram aceitos sem restrições — alguns recém-lançados no mercado —, a plataforma gera incertezas e pressiona ainda mais o planejamento financeiro dos motoristas, que muitas vezes adquiriram veículos pensando exclusivamente na viabilidade dentro da categoria.
Entre os modelos excluídos, estão SUVs que trazem bom nível de tecnologia, acabamento atualizado e visual alinhado às expectativas urbanas de 2025. O Citroën Basalt Shine, por exemplo, mal completou sua chegada ao mercado nacional e já está fora da lista de compatibilidade da Uber Black. Situação semelhante ocorre com o Renault Kardian, um dos lançamentos mais aguardados da marca no Brasil nos últimos meses.
A retirada de veículos híbridos e elétricos do serviço também chama atenção. Numa época em que o mercado de mobilidade incentiva a eletrificação e a redução de emissões, a decisão da Uber caminha na contramão, ao penalizar veículos como o Hyundai Kona Hybrid e o JAC iEV 40. A empresa, por sua vez, justifica a reformulação com base em “pesquisas com usuários e análise do mercado”, sem detalhar tecnicamente o que comprometeu a permanência desses modelos.
Além da categoria Black, a Comfort também foi impactada: o Renault Logan deixará de ser aceito a partir de julho de 2026. Embora mais simples, a categoria Comfort atende a um público considerável e a decisão de retirar um modelo como o Logan — frequentemente usado por motoristas pela confiabilidade e baixo custo de manutenção — reforça o recado da Uber sobre o novo patamar exigido para suas operações.
As mudanças provocam não apenas reações negativas em redes sociais, mas também alertam para uma reconfiguração silenciosa dos critérios da Uber. Sem um padrão transparente ou comunicado prévio com justificativas detalhadas, motoristas ficam vulneráveis a decisões unilaterais que afetam diretamente sua renda e seus investimentos em veículos.
A Uber decidiu manter o Citroën Basalt e o Volkswagen Virtus na categoria Black após pressão dos motoristas. A medida reverte uma decisão anterior que retirava o SUV e o sedã da lista de veículos aceitos, garantindo a permanência dos modelos no serviço premium até dezembro de 2026.
A categoria Black é destinada a passageiros que buscam mais conforto e veículos com melhor acabamento, o que torna qualquer alteração sensível para quem depende da plataforma. A permanência do Basalt e do Virtus evita prejuízos e reforça o reconhecimento da Uber sobre o impacto econômico dessas mudanças.
O Citroën Basalt segue disponível nas versões Feel e Dark Edition, com motor 1.0 aspirado ou turbo CVT, enquanto o Virtus mantém seu destaque entre os sedãs preferidos por motoristas executivos. A decisão mostra que a Uber busca equilibrar exigência de qualidade com a realidade do mercado automotivo brasileiro, garantindo previsibilidade e estabilidade aos parceiros.