A chegada da Shineray SBM 600 coloca a marca no centro de um território que há anos parecia fechado para a marca. O movimento não trata apenas de uma nova motocicleta, mas da tentativa de consolidar uma divisão premium em um mercado onde reputação pesa tanto quanto desempenho.

A SBM 600 nasce sob a bandeira da linha premium SBM. O bicilíndrico em linha de 554 cm³ entrega 56,1 cv a 10.500 rpm e torque divulgado de 5,5 kgfm a 5.500 rpm. A moto recebe câmbio de seis marchas com embreagem assistida, transmissão final por correia e pacote eletrônico composto por ABS de duplo canal e controle de tração.
Suspensão dianteira invertida e monoamortecedor traseiro reforçam a tentativa da marca de se aproximar de padrões mais exigentes. A estratégia inclui preço fixo nacional e garantia de três anos, elementos que buscam criar uma bolha de confiança em um segmento onde os consumidores raramente toleram improvisos.

A custom apresenta entre-eixos de 1.520 mm, assento a 735 mm e peso declarado entre 194 e 205 kg, conforme a variação informada. O tanque de 15 litros limita viagens mais longas sem paradas frequentes. O comportamento em baixa rotação tende a exigir maior atenção em trânsito urbano, enquanto a curva de potência em giros altos favorece deslocamentos constantes em rodovias.
Essas características mostram que a SBM 600 tenta equilibrar dois mundos: o uso cotidiano e o deslocamento de médio percurso. A ergonomia baixa facilita manobras para quem busca uma cruiser acessível, mas o consumo e a autonomia dependem diretamente do modo de condução.

A Shineray tenta ocupar uma lacuna entre modelos tradicionais de entrada e as cruisers consagradas. O preço de R$ 37.990 coloca a SBM 600 em confronto direto com motos que já possuem pós-venda estabelecido. A marca cria lojas exclusivas da divisão SBM e aposta em parceiros industriais chineses para reforçar consistência técnica.
O público desse segmento, no entanto, costuma exigir confiabilidade comprovada, disponibilidade de peças e manutenção previsível. A SBM 600 oferece conteúdo técnico capaz de mexer com a concorrência, mas dependerá da rede e da experiência real dos primeiros usuários para consolidar espaço.

A motocicleta funciona como um teste decisivo para a ambição da marca em um patamar acima do que historicamente ocupou. A combinação de 56,1 cv, eletrônica de segurança, transmissão por correia e proposta touring compacta cria uma narrativa sólida. A dúvida está na capacidade de sustentação a longo prazo.
A SBM 600 não apenas amplia o portfólio; ela será o termômetro que definirá se a Shineray consegue, de fato, se afirmar na média cilindrada brasileira com um produto que precisa provar mais do que boa ficha técnica.
Fonte: Shineray.