Os carros franceses nunca vingaram no Brasil, mas houve um que marcou época e até hoje desperta paixão em muitos brasileiros: o Simca Chambord. Sua aparência era de um modelo de luxo, causando sensação onde passava, mas o desempenho acabou deixando a desejar.
A Simca Chambord marcou a história do automobilismo no Brasil, como um carro emblemático de aparência imponente e refinada, mas que não convenceu por falta de motorização.
Talvez, este último aspecto, o problema com o motor, pode ter sido o ponto que faltou para a linha Simca ter sido um sucesso de vendas durante muitas décadas.
Do contrário, como explicar que o antigo modelo francês ainda hoje é paixão de muitos, e frequentemente utilizado como carro de noivas?
O Simca Chambord tem origem com a extinta Ford SAF, filial francesa da Ford Motor, que lançou o Ford Vedette em 1948.
Aconteceu que o modelo não convenceu o público norte americano, bem como os diretores da Ford, e teve os direitos vendidos para a fábrica Simca em 1954.
O monobloco Simca Vedette estava equipado com motor V-8 de válvulas laterais, com 84 cv de potência, e um sistema de suspensão dianteiro McPherson e traseiro de eixo rígido.
Ao longo dos anos, o Simca foi evoluindo para novas versões que conquistaram o público particularmente pela traseira com formato rabo-de-peixe:
A história da Simca no Brasil começa a partir de 1959, com a venda dos primeiros modelos Chambord da fábrica em São Bernardo do Campo, totalizando 1.252 unidades no fim do ano.
O Chambord foi classificado como modelo de luxo por incluir uma lista de equipamentos bem avançados para época, entre os quais estavam:
O conforto era notável para até seis pessoas, com bastante espaço interno e um porta-malas com capacidade de 500 litros.
Contudo, a bela e imponente aparência, aliada a classe interior, não era acompanhada por um motor a altura. O fraco e antiquado motor V-8 não era suficiente para suportar o pesado Simca, deixando o desempenho a desejar.
Mesmo assim, o Chambord fazia de 0 a 100 km/h em 26,7 segundos e tinha velocidade máxima de 135 km/h, desempenho não tão aquém para época.
O que era inadmissível, ainda por razões de contenção de gastos, era retirada da válvula termostática, que resultou em uma demora de mais de 5 minutos para o arrefecimento do motor.
Em 1961, a Simca ainda tentou revitalizar a linha, aumentando a potência para 90 cv no Chambord, incluindo a primeira marcha sincronizada, e lançando uma versão mais luxuosa e potente: o Présidence com 105 cv de potência.
Também não faltaram campanhas de marketing para promover a alta resistência dos veículos Simca e superar a má fama de impotência.
Por outro lado, a partir de 1964, a Simca teve que suprimir itens para se adequar ao plano do governo de comercializar veículos populares com financiamento a juros reduzidos.
Seja como for, em 1966, a investida final da Simca parecia que iria vingar: o lançamento do motor da última geração. Chegando a 140 cv de potência, a nova motorização trazia câmaras de combustão hemisféricas e válvulas no cabeçote de alumínio.
A potencialização do Chambord permitiu alcançar aceleração de 0 a 100 km/h em 16 segundos e a velocidade superior a 160 km/h.
No entanto, o sistema de motor não suportou o arrefecimento e nem o radiador, comprometendo uma das principais características da linha: a durabilidade.
Em 1967, a Simca quase chegou a 50 mil unidades produzidas, mas acabou sendo comprada pela Chrysler Corporation e deixou na memória dos brasileiros um sentimento de paixão não correspondida, mas que não se apaga.
*Com informações de webmotors, wikipedia e quatrorodas.