A equipe de transição do presidente eleito Donald Trump já delineou mudanças significativas para a indústria automotiva dos Estados Unidos. A nova administração deve acabar com os incentivos governamentais destinados à popularização de veículos elétricos, como o crédito fiscal de US$ 7.500, e interromper o financiamento de projetos de estações de recarga. Essas ações representam um afastamento das políticas ambientais implementadas durante o governo de Joe Biden.
Pontos Principais:
Outra proposta é o aumento das tarifas de importação de veículos elétricos e componentes oriundos da China, justificando a medida como uma questão de segurança nacional. O documento obtido pela Reuters destaca que Trump pretende recuperar os recursos restantes do plano de US$ 7,5 bilhões, originalmente destinados à construção de infraestrutura para carros elétricos, e transferi-los para a cadeia de suprimentos de defesa nacional.
Essa estratégia visa fortalecer a produção de minerais essenciais para baterias, como lítio e grafite, atualmente dominada pela China. O Departamento de Defesa dos EUA já alertou para os riscos do controle chinês sobre esses materiais, considerados críticos tanto para o setor automotivo quanto para a indústria de defesa.
Além das tarifas, Trump propõe a eliminação das exigências de eficiência de combustível adotadas pelo governo Biden. A volta às regulamentações de 2019 permitirá um aumento de até 25% no limite de emissões de gases poluentes, aliviando as restrições para carros movidos a combustão.
As montadoras americanas, como General Motors e Hyundai, que recentemente expandiram suas ofertas de veículos elétricos, podem ser impactadas negativamente. No entanto, Elon Musk, CEO da Tesla e aliado de Trump, acredita que a retirada dos subsídios prejudicará mais seus concorrentes do que a Tesla, líder no mercado de elétricos nos EUA.
O mercado global de veículos elétricos também deve sentir os efeitos das políticas propostas. A China, que já responde por 76% das vendas globais, poderá enfrentar desafios no acesso ao mercado norte-americano devido às novas tarifas. Para mitigar as barreiras comerciais, o governo chinês tem dobrado os subsídios internos, oferecendo até 20.000 yuans para consumidores que trocam carros a combustão por modelos elétricos.
Enquanto as exportações chinesas para os Estados Unidos diminuíram 23% nos últimos dois anos, a China redirecionou sua produção para outros mercados, como a Rússia, onde as vendas aumentaram 109%. Esse redirecionamento destaca a resiliência do setor elétrico chinês em meio às restrições ocidentais.
As decisões de Trump podem desacelerar a transição energética nos EUA, frustrando esforços para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Especialistas alertam que o aumento das emissões pode prejudicar os compromissos climáticos globais, como o acordo de Paris. Por outro lado, os apoiadores do republicano acreditam que a flexibilização das regulamentações estimulará a economia e beneficiará a indústria automobilística tradicional.
A abordagem de Trump em relação ao setor automotivo será crucial nos próximos anos, especialmente considerando o crescimento acelerado da China no mercado de elétricos e a pressão global por soluções sustentáveis. As montadoras americanas, que já investiram bilhões em eletrificação, agora enfrentam um cenário de incertezas.
Fonte: Veja, OlharDigital e Terra.