Quando Donald Trump foi reeleito presidente dos Estados Unidos, confesso que não esperava que um dos primeiros movimentos de seu governo fosse priorizar a criação de uma estrutura federal para carros autônomos. A notícia, como era de se esperar, mexeu com o mercado. Ações da Tesla dispararam, enquanto Uber e Lyft enfrentaram queda. Mas o que realmente está por trás dessa decisão?
Por um lado, é fácil entender o entusiasmo. Veículos autônomos têm o potencial de revolucionar o transporte, reduzir acidentes e até alterar a dinâmica das cidades. A Tesla, liderada por Elon Musk, está na linha de frente dessa transformação. Não é à toa que o mercado reagiu positivamente às medidas, especialmente com Musk assumindo um papel no recém-criado Departamento de Eficiência Governamental.
Mas também vejo os riscos dessa jogada. Com apenas 2.500 autorizações anuais para testes de carros sem volante ou pedais, a legislação americana é, de fato, um gargalo para o setor. Abrir o caminho para avanços parece necessário. No entanto, será que as novas regulamentações serão feitas com o devido cuidado? Estamos falando de veículos que, em breve, poderão dispensar totalmente motoristas humanos.
A reação negativa das ações da Uber e da Lyft também merece atenção. Empresas de transporte compartilhado dependem de modelos de negócio que podem ser ameaçados por tecnologias como o Cybercab da Tesla. Imagine um futuro em que robotaxis dominem as ruas – o impacto sobre esses gigantes do setor seria brutal. Será que Trump e sua equipe consideraram essas implicações ao planejar suas ações?
Outro ponto que não sai da minha cabeça é o alinhamento de Musk com Trump. Esse apoio não é apenas uma coincidência. Musk foi um dos nomes que endossaram a reeleição do republicano e agora ocupa uma posição de destaque em um governo que parece decidido a facilitar seus negócios. Para quem observa de fora, essa relação levanta questões sobre interesses cruzados.
E tem mais: as mudanças nos Estados Unidos podem influenciar políticas de outros países. Afinal, muitos olham para o modelo americano como referência. Se os Estados Unidos se tornarem líderes na regulamentação de veículos autônomos, outras nações podem seguir o exemplo – o que, por um lado, acelera a inovação, mas, por outro, pode deixar questões de segurança em segundo plano.
Como entusiasta de tecnologia e mobilidade, vejo um futuro promissor para os carros autônomos. Mas também fico com um pé atrás quando o governo e grandes empresas parecem alinhados demais. A história nos mostrou que avanços tecnológicos precisam de contrapesos, tanto no aspecto ético quanto no regulatório.
No fim das contas, a iniciativa de Trump é um grande jogo de risco. Se bem executada, pode posicionar os Estados Unidos na vanguarda da mobilidade global. Mas, se falhar, os impactos negativos podem ser sentidos por consumidores, trabalhadores e empresas que dependem do setor de transportes.
Fonte: Wikipedia, TheVerge, UOL, Flick, OlharDigital e JornalDoCarro.