De motorização simples, estrutura robusta e visual inovador, o modelo icônico da Volkswagen Kombi atravessou gerações desafiando os tempos e saiu de linhas apenas por não se enquadrar nos requisitos modernos de segurança.
Este modelo versátil alemão começou por ser um veículo eficaz e econômico de carga, para evoluir depois para o transporte de passageiros. Afinal, a receita de sucesso da Kombi foi a capacidade de conciliar tanto pessoas como carregamentos com preço de venda acessível ao povo. Este novo conceito de veículo resultou num marco da história do mundo do automobilismo.
A origem da Kombi, remonta ao ano 1947 na Alemanha, quando o holandês Ben Pon visitando a fábrica da Volkswagen em Wolfsburg se interessou pelo um veículo usado pelos funcionários para realizar o carregamento de materiais entre diversos galpões da empresa.
Ben Pon, que era distribuidor de veículos da Volkswagen, se encontrava na fábrica para negociar a importação do mítico Fusca. Mas resultou que o holandês acabou convertendo sua intenção com a ideia de construir um veículo capaz de transportar pessoas e carga.
Iniciava-se assim, em 1948, o processo de fabricação que daria origem a Kombi, ainda que naquele momento o modelo era denominado Volkswagen Tipo 29 e acabou sendo divulgado como Volkswagen Tipo 2, já que o Tipo 1 era o consagrado veículo da marca: o Fusca.
No dia 8 de março de 1950, o Tipo 2 começou a ser produzido em escala. Equipado com um motor boxer de 4 cilindros e 25 cv de potência, localizado na parte traseira do veículo e refrigerado por ar. As primeiras unidades já alcançavam a velocidade máxima de 80 km/h e tinham 760 kg capacidade limite de carga.
Em setembro de 1951, a Kombi era apresentada no Salão Internacional do Automóvel de Frankfurt com a denominação de Samba. Esta minivan tinha capacidade para 7 passageiros, teto de lona e grandes janelas laterais, bem como umas curiosas janelas nos cantos do teto.
Em 1952, mais uma evolução se deu com a Kombi com o lançamento de uma versão campervan. Esta espécie de modelo trailer tinha uma cozinha dentro e vários acessórios demonstráveis, como uma mesa dobrável.
Foi apenas em 1953 que a Kombi foi lançada no Brasil e na América do Sul em geral. São Paulo foi a cidade escolhida para ser a nova fábrica de montagem da Volkswagen, devido ao alto poder de expansão no continente.
Em 1957, 50% das peças da Kombi já eram produzidas no Brasil, consagrando a data como um marco do primeiro veículo Volkswagen de produção nacional.
Em 1958, a Kombi se desdobra em mais uma nova versão: T1 Westfalia. Trata-se de um modelo de casa móvel mais próximo do atual conceito de motorhome. Além da cozinha e mesa dobrável, a versão especial trazia cortinas, a parte superior da carroceria dobrável, armários, toalete e conexão elétrica.
Após o modelo Kombi T1 ter vendido mais 1,8 milhões de unidades, até 1968, a Volkswagen inicia na Europa a comercialização da versão T2, com uma nova dianteira – incluindo para-brisa de uma só peça – e janelas maiores com maior visibilidade e luminosidade.
O modelo T2 iniciou a produção na América primeiramente pelo México, em 1971. O Brasil, em 1975, ainda teve uma versão intermediária antes da T2, que foi a Kombi 1.5 com algumas adaptações, como na maneira de abrir as portas. Mas não demorou muito para o T2 começar a ser produzido aqui e exportado para mais de 100 países.
À medida que a Kombi T2 se generaliza na América Latina novas adaptações, distintas do modelo europeu, começam a surgir de acordo com as preferências locais e consagram o veículo para história do automobilismo durante décadas.
Ao contrário do Brasil, onde o modelo permaceu quase sem mudanças por diversos anos, em outros países a evolução levou ao modelo Kombi T3, a última equipada com o motor boxer a ar e a primeira a receber o motor refrigerado a água.
Assim como os brasileiros que adoram carros antigos, muitos gringos da Europa e EUA amam as Kombis, porém por lá os veículos estão escassos no mercado, o que leva a preços absurdos. Com isso, muito empresários brasileiros viram esse acontecimento como uma oportunidade de faturar alto, exportando Kombis brasileiras para quem puder pagar o preço.
Devido às mudanças nas normas brasileiras de segurança de automóveis em 2013, o modelo clássico da Kombi após 64 anos de sucesso teve que se despedir. A estrutura da Kombi não permitia a instalação dos requisitos obrigatórios como airbags e frenagem ABS.
A Volkswagen decidiu homenagear a despedida da Kombi com uma edição limitada de 1200 unidades da versão The Last Edition, incluindo diversos itens exclusivos como a própria numeração de identificação no painel.
Esta Van clássica da Volkswagen se caracterizou por trazer um motor na parte traseira, transportar muitos passageiros e pelo baixo custo de comercialização.
A Kombi não deixou de ser fabricada por falta de interesse, mesmo tendo se tornado u modelo anacrônico. A comercialização do utilitário alemão foi suspensa por não estar mais compatível aos novos níveis de segurança, faltando itens como air-bags e freios ABS.
Mas a própria marca não se contentou com o abandono do modelo icônico e decidiu retomar a fabricação do veículo com um novo conceito de condução.
Apresentada no Salão de Detroit, a Kombi voltará a ser produzida como veículo elétrico baseado no conceito ID Buzz.
A nomenclatura Buzz remete ao nome Bus da Kombi nos EUA. Ainda não foi revelada a faixa de preço e a previsão de lançamento está para 2022.
Em uma versão aerodinâmica e futurista da clássica Kombi, o conceito ID Buzz mantém o familiar perfil arrendado em formato pão de forma e a divisão de duas cores.
A Kombi 100% elétrica está baseada na nova plataforma MEB, criado pelo Grupo Volkswagen para os modelos elétricos, e que reduz o custo de fabricação nas adaptações dos veículos de combustão.
Construída sob a plataforma MEB, a Kombi do futuro está equipada com painel de instrumentos sem botões e tem um sistema de condução autônoma, o qual é acionado com um leve empurrão sobre o volante e desativado com um toque nos pedais do freio ou acelerador.
Como a maioria dos veículos elétricos, a nova Kombi contará com uma enorme tela sensível ao toque, a qual permitirá controlar todas as funções.
Estruturalmente a nova Kombi se difere completamente do modelo antigo, trazendo tecnologias abundantes como um sistema inovador de abertura do veículo por meio do celular.
A Kombi 2022 está equipada com dois motores localizados um em cada eixo, que produzem juntos 374 cv de potência.
Se assemelhando aos modelos esportivos, a aceleração de acordo com o fabricante é bastante veloz, fazendo de 0 a 100 km/h em apenas 5 segundos e tendo velocidade máxima de 160 km/h.
Este novo veículo, que ainda está em fase de protótipo, tem tração integral nas quatro rodas e traz baterias nos assoalhos com autonomia de 434 km.
Com dimensões de 4,94 m de comprimento, 1,97 m de largura, 1,96 m de altura e 3,30 m de distância entre eixos, o interior da nova Van tem espaço amplo para até 6 passageiros.
A Volkswagen focou também na experiência dos passageiros, assim é possível configurar o interior do veículo para ter espaço para dormir comodamente enquanto não se está conduzindo.
O piso traz um agradável assoalho de madeira e a iluminação interna pode ser adaptada por tons mais próprios para os passageiros relaxarem.
A cabine tem estrutura modular com bancos que são deslocados sobre trilhos, inclusive o do motorista, que pode ser virado para interagir com os acompanhantes se o modo de condução autônomo estiver ativado.
Além do amplo espaço interior, a Kombi tem capacidade para bagagens tanto na parte dianteira como traseira, suportando até 800 kg, a fim de que o modelo tenha espaço para ser utilizado durante viagens de longa distância.
Ainda faltam três anos para se comprovar o lançamento da nova Kombi. O projeto futurístico deixa algumas dúvidas quanto a real implementação deste revolucionário modelo elétrico. Mesmo porque a Volkswagen tem feito outras apresentações em diferentes países sobre a volta do modelo com previsões distintas e novas adaptações.
Seja como for, ainda em nossos dias podemos ver o modelo clássico transitar pelas ruas, revelando algo de um passado nostálgico, e parece que tão cedo isso não deixará de acontecer.
*Com informações da Volkswagen e Wikipedia.