A BYD não precisou de meio ano para transformar Camaçari em um dos centros industriais mais relevantes da cadeia global da marca. A marca de 10.000 veículos montados no Brasil, atingida no final de novembro, é menos um número e mais um sinal inequívoco do ritmo que a montadora pretende impor no país.

A operação baiana foi inaugurada com capacidade estimada de 150.000 unidades por ano, mas a própria BYD reconhece que esse patamar é apenas o ponto de partida. O plano declarado é multiplicar essa escala e levar a planta a 600.000 carros por ano, um volume superior ao de complexos consolidados da própria empresa, como o do Uzbequistão e o da Tailândia. A leitura é direta: o Brasil passou a ser um polo estratégico, não um apêndice produtivo.

A linha de Camaçari monta três modelos considerados cruciais pela marca. O Dolphin Mini, totalmente elétrico e já popular no país, o sedã híbrido plug-in King e o crossover Song Pro formam o núcleo da operação. São veículos que respondem tanto pela expansão da eletrificação no país quanto pela consolidação comercial da BYD, que emplacou 89.380 unidades de janeiro a setembro de 2025, com destaque para os 54.256 híbridos plug-in e 35.124 elétricos puros no período.
A marca adotou uma medida rara para operações tão jovens: ativou o segundo turno. Foram adicionados 120 funcionários ao período noturno, numa tentativa de impedir gargalos e sustentar a curva de crescimento. O gesto revela a dimensão da demanda interna e a disposição da empresa em ampliar presença enquanto a concorrência reorganiza estratégias para o segmento elétrico e híbrido no Brasil.
O crescimento produtivo acompanha uma agenda de lançamentos. O próximo passo será o SUV híbrido plug-in off-road Denza B5, previsto para chegar por cerca de R$ 436.000. A marca também prepara a minivan D9 e o Denza Z9 GT para reforçar o posicionamento em nichos de maior valor agregado. Esses movimentos ampliam a participação da BYD em um mercado que já conta com doze modelos da marca.
A expansão dos elétricos no Brasil não depende apenas da oferta. Benefícios como isenção de rodízio, redução de IPVA e infraestrutura de recarga mais distribuída têm sustentado a adoção em estados como São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. A BYD interpreta esse cenário como o momento ideal para massificar modelos de entrada, papel desempenhado principalmente pelo Dolphin e pelo Dolphin Mini.
A marca de 10.000 carros produzidos é simbólica, mas seu impacto real está no ritmo de crescimento e na intenção declarada de multiplicá-lo. A BYD não apenas acelera a eletrificação no país, como reposiciona o Brasil dentro de sua estratégia internacional. A combinação de produção local, portfólio amplo e metas agressivas sugere um mercado em transição acelerada, no qual a montadora chinesa opera com velocidade que rivais ainda não conseguiram igualar.
Fonte: Byd, Garagem360 e Autoranking.