O mercado automotivo brasileiro vive um ponto de inflexão. Em agosto, o BYD Dolphin Mini registrou 3.300 emplacamentos e deixou de ser apenas um representante de nicho para se tornar uma ameaça concreta aos hatches compactos a combustão. O resultado mostra que os veículos elétricos não são mais vistos como produtos distantes ou inacessíveis, mas começam a disputar clientes que até então se voltavam para marcas tradicionais.
Esse volume mensal coloca o Dolphin Mini em um patamar relevante. Ele já responde por mais da metade do que vende um Chevrolet Onix e superou amplamente rivais estabelecidos como Honda City Hatchback, Peugeot 208 e Citroën C3. Entre os hatches mais vendidos, ficou atrás apenas de modelos líderes de mercado como VW Polo, Fiat Argo e Hyundai HB20.

Mais do que os números absolutos, o que impressiona é a velocidade da mudança. Em um único mês, o compacto chinês mostrou que o consumidor brasileiro está disposto a migrar para a eletrificação quando encontra uma proposta acessível e viável. O carro já figurou como o 21º modelo mais vendido no país e deve se consolidar entre os 20 mais em breve, um feito inédito para um veículo 100% elétrico.
O avanço não se restringe ao Dolphin Mini. Somados os modelos Dolphin e Yuan Pro, a BYD emplacou 5.649 elétricos em agosto, o que lhe rendeu uma fatia de 74,4% de todo o segmento BEV no Brasil. Essa hegemonia mostra que, por enquanto, a concorrência de outras marcas como Volvo, GWM, GM e Renault ainda não consegue ameaçar o domínio da fabricante chinesa.
Quando o olhar se amplia para o mercado geral de automóveis e comerciais leves, a relevância da BYD se confirma. Com 9.815 unidades no mês, a empresa já aparece como a 7ª marca mais vendida do país, à frente de fabricantes históricos como Jeep e Honda. Tudo isso com um portfólio composto exclusivamente por veículos eletrificados, sem oferecer um único modelo a combustão.
O acumulado entre janeiro e agosto de 2025 reforça a tendência. Foram 34.457 carros elétricos emplacados no período, sendo 19.516 apenas do Dolphin Mini. A expectativa é que esse modelo ultrapasse 30 mil unidades até dezembro, um marco histórico para o setor. A perspectiva de mais de 51 mil elétricos BYD no ano projeta uma mudança estrutural no consumo automotivo brasileiro.
Os números comprovam que o futuro do carro popular no país passa pela tomada. O Dolphin Mini já não é visto apenas como alternativa de nicho, mas como protagonista em um cenário que obriga montadoras tradicionais a acelerar sua estratégia de eletrificação. A disputa não se dará apenas no campo da inovação tecnológica, mas também na capacidade de oferecer escala, acessibilidade e infraestrutura de recarga.