A fabricante chinesa BYD está mexendo suas peças no tabuleiro automotivo brasileiro com uma jogada que pode preencher uma lacuna estratégica: o lançamento de uma picape intermediária baseada no modelo Song Plus, com chegada prevista para 2026 no Brasil. O movimento mostra como a montadora tenta combinar suas competências em tecnologia híbrida com a agressiva disputa no segmento de utilitários médios no país.
A nova caminhonete adotará a arquitetura monobloco derivada do SUV Song Plus, abandonando as tradicionais picapes de carroceria-separada. Isso coloca o modelo diretamente contra rivais como a Fiat Toro, a Ram Rampage, a Ford Maverick e outras nesta faixa de utilitários-leves. A fabricação local, em Camaçari (BA), reforça o compromisso da BYD com o mercado brasileiro e sua estratégia de produção nacional.

Do ponto de vista estético, as imagens vazadas mostram vincos idênticos aos do Song Plus nas portas, enquanto para-choque, grade e traseira ganharão elementos exclusivos. A parte traseira, em particular, parece buscar inspiração na “irmã maior Shark”, com lanternas interligadas por faixa horizontal de LED e tampa da caçamba que segue visual semelhante a modelos já vistos, embora o nome BYD ainda não apareça nas imagens divulgadas.
Um dos diferenciais mais relevantes é a motorização: a picape deve adotar o sistema híbrido plug-in DM-i, que combina motor 1.5 a gasolina com propulsor elétrico — no Song Plus o conjunto gera 235 cv e 40,8 kgfm. O câmbio é o e-CVT, com uma marcha física e relações preenchidas pelo motor elétrico. A versão brasileira deverá oferecer configuração flex, o que a tornaria pioneira no segmento de picapes com sistema plug-in.
Além da tecnologia do conjunto propulsor, o processo de industrialização também é significativo: a produção no Brasil não apenas evita taxas elevadas de importação, mas sinaliza para o mercado local que a BYD aposta no país como base regional. A planta baiana, que já fabrica o Dolphin Mini, o Song Pro e o King, será responsável pela montadora dessa nova picape.
Entretanto, há desafios a serem considerados: entrar num segmento em que consumidores valorizam não apenas tecnologia, mas tradição, capacidade de carga, robustez e rede de pós-venda. A BYD precisa convencer compradores que uma picape de arquitetura monobloco — com foco em eficiência e urbanidade — entrega o mesmo valor que modelos mais convencionais de caçamba e chassi separado.
Para o Brasil, o anúncio já está programado para novembro, durante o Salão do Automóvel, com vendas efetivas iniciando no segundo momento, já em 2026. A apresentação pode ter status de estreia global, visto que a BYD não comercializa picapes em sua terra-natal até agora. Em resumo, trata-se de uma ofensiva que reúne design, produção local e tecnologia híbrida em busca de redefinir o que significa uma picape “intermediária” no Brasil.
Fonte: AutoEsporte e Itatiaia.