Chery Himla no Salão de SP une porte clássico, cabine high-tech e estratégia calculada para o Brasil

Chery Himla no Salão de SP une porte clássico, cabine high-tech e estratégia calculada para o Brasil
A Himla surgiu no Salão de SP como estudo, mas com porte e proposta de picape média pronta para disputar espaço num mercado dominado por Hilux, Ranger e S10, mirando produção nacional.
Publicado por em Chery dia

A Caoa Chery Himla entrou no Salão de São Paulo como uma picape média ainda “em estudo”, mas ninguém que viu o modelo de perto saiu com a sensação de que aquilo era apenas um exercício de vitrine. A Himla chegou com postura de produto pronto, dimensões de rival consolidada e uma mensagem silenciosa que a marca não verbalizou, mas deixou evidente: ela está pronta para disputar espaço com Hilux, Ranger, S10, L200 e com a recém chegada onda das eletrificadas.

A aparição discreta, sem coletiva dedicada e sem anúncio prévio, só reforçou o objetivo real. A marca quis observar a reação de perto, entender se existe espaço para uma nova concorrente nacional e medir se o momento do Brasil aceita uma picape com proposta robusta, motores variados e possibilidade concreta de produção local.

Onde a Himla se posiciona no jogo das picapes médias

A Himla apareceu no Salão como estudo, mas de perto parecia pronta, com proporções de 5,33 m e caçamba de 1.276 litros que afastavam qualquer impressão de protótipo.
A Himla apareceu no Salão como estudo, mas de perto parecia pronta, com proporções de 5,33 m e caçamba de 1.276 litros que afastavam qualquer impressão de protótipo.

A Himla não tenta reinventar o segmento. Ela se alinha exatamente ao padrão brasileiro de picape média clássica, construída sobre chassi de longarinas e com proporções que os compradores desse tipo de veículo conhecem de olho fechado.

  • 5,33 m de comprimento
  • 1,92 m de largura
  • 1,83 m de altura
  • Caçamba de 1.276 litros
  • Capacidade de carga de 1 tonelada
  • Reboque de até 3 toneladas com freio

Essas medidas colocam a Himla no mesmo território visual da Toyota Hilux. Não é coincidência. Só entra nesse segmento quem entende que presença e porte são parte da decisão de compra tanto quanto potência ou acabamento.

O conjunto mecânico que revela a intenção real da marca

O desenho alinhado às médias reforçou essa sensação, posicionando a Himla no território visual de Hilux e Ranger, onde porte, presença e utilidade contam mais que discurso.
O desenho alinhado às médias reforçou essa sensação, posicionando a Himla no território visual de Toyota Hilux e Ford Ranger, onde porte, presença e utilidade contam mais que discurso.

A unidade exibida trazia um motor 2.3 turbodiesel de 163 cv e 42,9 kgfm, acoplado a um câmbio automático de oito marchas e tração 4×4. Os números não são os mais altos da categoria, mas deixam claro onde a marca quer atuar: eficiência, disponibilidade de torque e custo de operação previsível.

O consumidor brasileiro de picape média é pragmático. Ele olha para torque, durabilidade, consumo e facilidade de manutenção. E a Chery Himla tenta acertar justamente nesse eixo, colocando foco na força útil e nos números que interessam para quem usa o veículo no trabalho ou na estrada.

O interior que tenta unir trabalho e conforto diário

A cabine da Himla segue o mesmo padrão tecnológico dos SUVs da marca. O painel traz uma central multimídia de 15,6 polegadas, quadro de instrumentos digital de 9,2 e acabamento com materiais macios ao toque. É uma tentativa clara de oferecer mais do que robustez, aproximando a experiência de modelos urbanos, mas sem abandonar a lógica funcional de uma picape.

Recursos que ampliam o uso

  • Alavanca de câmbio tipo joystick
  • Saídas de ar centrais logo abaixo da tela
  • Pacote completo de assistências à condução
  • Suspensão traseira por feixe de molas

Para quem alterna entre cidade, estrada e trechos de terra, isso se traduz em conforto no uso diário e resistência no uso pesado.

Por que a Himla faz sentido no Brasil de hoje

O 2.3 turbodiesel de 163 cv e 42,9 kgfm mostrou a intenção real, priorizando torque constante, uso pesado e operação previsível para trabalho, estrada e deslocamentos longos.
O 2.3 turbodiesel de 163 cv e 42,9 kgfm mostrou a intenção real, priorizando torque constante, uso pesado e operação previsível para trabalho, estrada e deslocamentos longos.

O mercado brasileiro de picapes vive um momento peculiar. De um lado, compradores profissionais que dependem da robustez e do custo por quilômetro. Do outro, um público urbano que migrou para picapes buscando espaço, posição de dirigir e sensação de segurança.

A Himla tenta ocupar justamente essa interseção, com proposta técnica sólida e interior moderno. E o ponto que realmente muda o jogo é a possibilidade de produção local em Anápolis. Fabricar no Brasil é o fator que define preço competitivo, disponibilidade nacional e maior previsibilidade de manutenção, três pilares fundamentais num segmento onde as decisões são mais racionais do que emocionais.

A picape que observa o público antes de fazer seu movimento

Exibir a Chery Himla sem confirmá la foi um gesto calculado. A marca colocou o produto à vista, ouviu o público e mapeou se existe espaço para uma nova concorrente num dos segmentos mais leais do país. Se a recepção for positiva, a Himla pode se tornar a porta de entrada da Caoa Chery num mercado dominado há anos pelas mesmas marcas.

A estratégia é simples e direta. Mostrar força antes de anunciar. Entender o Brasil antes de arriscar. E preparar uma picape que chega com porte, estrutura e equipamento suficientes para disputar uma das categorias mais resistentes do país. A Himla entra em cena como estudo, mas tudo nela já aponta para um objetivo maior: conquistar território.

Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por Chery International (@cheryauto)

Fonte: Cheryinternational.

Alan Corrêa
Alan Corrêa
Jornalista automotivo (MTB: 0075964/SP) e analista de mercado. Especialista em traduzir a engenharia de lançamentos e monitorar a desvalorização de usados. No Carro.Blog.br, assina testes técnicos e guias de compra com foco em durabilidade e custo-benefício.