A parceria entre Volkswagen e Ford que começou a ser estudada em 2018 agora toma forma e as duas grandes marcas assinam acordo para trabalharem em conjunto no projeto de vans comerciais e picapes. Mas o que se sabe até agora?
Um dos aspectos misteriosos mais especulados já está desvendado: a aliança não envolverá troca de ações entre as duas empresas, apenas parceria em projeto e desenvolvimento, com o compartilhamento de informações, estruturas e tecnologia, compartilhar custos de desenvolvimento, aproveitar as respectivas capacidades de manufatura.
Já se fala também na possibilidade de uma colaboração em veículos autônomos, serviços de mobilidade e veículos elétricos para o futuro. Mas antes será preciso que este primeiro passo não seja em falso.
O primeiro projeto será o de uma picape média que começará a ser vendida a partir de 2022. A Ford se encarregará do desenvolvimento das duas picapes, cujo modelo de origem será a Ranger – mas os modelos serão completamente novos – e cada uma terá as características da própria marca e serão vendidas de modo autônomo por cada uma delas.
Além disso, a Ford ainda deverá desenvolver um projeto semelhante para vans de grande porte para o mercado europeu. Enquanto isso, a Volkswagen desenvolverá e produzirá uma van urbana.
Nada mais expressivo e significativo do que a palavra dos CEO’s das duas multinacionais. Hackett, CEO da Ford e responsável pela parceria do lado americano disse:
“Ao longo do tempo, essa aliança vai ajudar ambas as empresas a criar valor e atender as necessidades de nossos clientes e da sociedade. Ela vai não só trazer eficiências importantes e ajudar ambas as empresas a melhorar seu desempenho, mas também nos dará a oportunidade de ajudar a formar a próxima era da mobilidade.”
Por sua vez, Diess, CEO da montadora alemã e responsável pelo outro lado da parceria comentou:
“A Volkswagen e a Ford vão combinar seus recursos, capacidade de inovação e posições de mercado complementares para melhor atender milhões de consumidores ao redor do mundo. Ao mesmo tempo, a aliança servirá como pilar para a nossa meta de aumento da competitividade.”
Ambas declarações deixam claro que a competitividade continuará e que nada indica uma troca ou mescla de ações. Cada uma continuará com a sua identidade própria e com a intenção de crescer cada vez mais.
Rogélio Goldfarb assegurou que o novo acordo não se trata de um retorno à Autolatina. Ele, que participou da joint-venture celebrada no Brasil entre 1987 e 1996, explicou que agora se trata de um acordo a nível global e as empresas continuam completamente separadas.
Volkswagen e Ford já foram parceiras na América do Sul entre nas décadas de 1980 e 1990, com a formação da Autolatina, atuando no Brasil e na Argentina. Naquela época, surgiram modelos compartilhados emblemáticos, como Apollo, Verona, Santana, Escort, Logus, Royale, Versailles e Quantum.
De acordo com a grande revista Reuters, analistas e investidores estão frustrados com o preço das ações da Ford. Para responder a isso a montadora americana anunciou que vai “cortar milhares de empregos, descontinuar veículos que não geram retorno e fechar fábricas como parte de esforços para recuperar a lucratividade das operações do grupo na Europa.”
Tudo leva a crer que essa nova parceria com a Volkswagen faz parte do plano de reestruturar a empresa e voltar a apresentar bons números face aos investidores.
De seu lado, a Volkswagen anunciou o corte de custo no valor total de 3 bilhões de euros com o propósito de aplicar esforços no desenvolvimento de veículos elétricos, e mais ainda, veículos autônomos.
Com a aproximação cada vez mais veloz dos carros elétricos e dos carros autônomos – apenas uma questão de tempo – as montadoras “tradicionais” precisam correr com o desenvolvimento desses modelos frente a outras empresas como Tesla, Geely e Uber, entre outras. A Ford já tem até um projeto de carro que entrega pizzas sozinho, sem motorista.
A parceria entre a Volkswagen e a Ford, que num primeiro momento será de picapes e vans, pode ser um piloto de teste para uma futura parceria em veículos elétricos e autônomos, duplicando a velocidade e a capacidade de alcançar sucesso, e aumentando as chances de “recuperar o tempo perdido”. Mas é só uma suposição…