A Tesla, liderada por Elon Musk, está buscando alternativas para reestruturar um pacote de compensação bilionário após a Corte de Delaware considerar o acordo original de 2018 injusto e influenciado pelo conselho da empresa. A decisão pode gerar encargos fiscais e contábeis de mais de US$ 100 bilhões, caso o pacote seja revisto com termos semelhantes.
Pontos Principais:
Em 2018, a Tesla concedeu a Musk opções de ações condicionadas a metas ambiciosas, como multiplicar a receita e a avaliação da empresa. Na época, essas opções estavam “out of the money”, ou seja, sem valor intrínseco, o que qualificava o acordo para isenções tributárias. A Corte, entretanto, anulou o plano, o que trouxe implicações fiscais significativas.
Caso a Tesla decida emitir um novo pacote, as opções seriam “in the money”, já que as metas financeiras já foram alcançadas. Isso resultaria em tributação imediata sobre o valor total da compensação, conforme a seção 409A do código tributário dos Estados Unidos, além de uma multa adicional de 20%. Para Musk, isso poderia gerar uma conta de impostos de quase US$ 70 bilhões.
A Tesla ainda avalia recorrer da decisão, com prazo até o início de janeiro de 2025 para apresentar um recurso à Suprema Corte de Delaware. Caso o recurso seja bem-sucedido, Musk pagaria a taxa federal padrão de 37% sobre as opções de ações de 2018, que ele pode exercer até 2028.
A empresa também analisa as implicações de mercado. Uma venda maciça de ações por Musk para cobrir impostos poderia derrubar os preços das ações da Tesla, impactando sua avaliação atual de US$ 1,3 trilhão. Outro ponto em discussão é a possibilidade de conceder novas opções de ações com diferentes condições.
Especialistas destacam que, se a Tesla optar por emitir um novo pacote, pode haver custos adicionais para os acionistas, caso os impostos de Musk sejam considerados no valor final da compensação. Além disso, a remoção das restrições de bloqueio para venda de ações pode influenciar as negociações futuras.
O conselho da Tesla argumenta que a compensação é essencial para manter Musk na empresa, especialmente devido ao crescimento do mercado de inteligência artificial e robótica, áreas nas quais a Tesla deseja se consolidar. Musk, por outro lado, já sinalizou que pode considerar reduzir sua participação na Tesla caso suas demandas não sejam atendidas.
Entre as opções analisadas pelo conselho está a emissão de ações que compensem os custos de impostos de Musk, mas que também implicariam em novos encargos contábeis para a Tesla. O desafio para a empresa é encontrar um equilíbrio entre atender às demandas do CEO e minimizar impactos financeiros.
A decisão final sobre a reestruturação do pacote de compensação ainda depende dos desdobramentos legais e das negociações internas na Tesla. Enquanto isso, o mercado acompanha de perto as decisões que podem afetar o futuro da empresa.
Fonte: TheGuardian, APNews, FT e Vrum.