Após anos de rumores e mudanças estratégicas, a Volkswagen se aproxima da reta final do projeto que promete balançar o mercado de picapes médias compactas. A nova picape, conhecida internamente como Udara, iniciará os testes de pré-série no fim de janeiro de 2026, na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná. O modelo chega para ocupar o espaço entre Saveiro e Amarok, enfrentando rivais como Fiat Toro e Chevrolet Montana, mas com uma proposta que combina o melhor de cada uma.
Durante o período de férias coletivas, entre 23 de dezembro e 12 de janeiro, a Volkswagen fará os ajustes finais na linha de montagem. Fontes ligadas ao projeto confirmam que parte da estrutura e da plataforma deriva do Virtus, mas com reforços significativos para suportar o uso mais severo típico de uma picape. A escolha de uma carroceria monobloco de cabine dupla e o uso de uma suspensão traseira com eixo rígido e feixe de molas — solução similar à da Fiat Strada — mostram a intenção de unir robustez e custo competitivo.
A VW Udara é, em essência, a evolução do conceito Tarok, revelado pela marca no Salão do Automóvel de São Paulo em 2018. Na época, a proposta era oferecer uma picape moderna, com suspensão independente e tração integral. A realidade do mercado e o alto custo dessa configuração fizeram o projeto mudar de rota. Agora, o foco está em eficiência, capacidade de carga e preço competitivo, sem abandonar o conforto e o design característico da Volkswagen.
O porte também muda o jogo. A Udara terá dimensões próximas às da Toro, com entre-eixos de cerca de 2,99 metros — maior que o da Montana (2,80 m). Por isso, protótipos camuflados do Tiguan têm sido usados como base de testes, ajudando a validar o conjunto mecânico e estrutural em diferentes tipos de terreno.
Um dos grandes trunfos do novo modelo será o uso do motor 1.5 eTSI flex com sistema híbrido leve de 48 volts (MHEV). Essa configuração, já conhecida em outros mercados, promete oferecer respostas rápidas, consumo menor e emissões reduzidas. A Volkswagen já confirmou que a partir de 2026 toda sua linha nacional contará com algum tipo de eletrificação, e a Udara será peça-chave nessa estratégia.
O câmbio automatizado de dupla embreagem DSG deve estar presente nas versões mais equipadas, enquanto as opções de entrada podem manter o câmbio manual de seis marchas. A tração será dianteira, mas o modelo nascerá preparado para receber versões híbridas mais avançadas ou até com tração integral no futuro.
O visual da picape seguirá a nova identidade da Volkswagen, inspirada no T-Cross e em outros SUVs da linha global. Espera-se uma dianteira com faróis afilados e grade horizontal, além de lanternas interligadas por uma faixa escurecida — um recurso já visto em modelos como Saveiro e Polo Track. Por dentro, o painel deve adotar o quadro de instrumentos digital e central multimídia flutuante, buscando aproximar a experiência ao padrão dos SUVs urbanos.
A ergonomia e o acabamento serão pontos estratégicos. A marca quer conquistar quem usa a picape tanto no trabalho quanto na rotina urbana. A cabine dupla garante espaço suficiente para cinco ocupantes e um bom aproveitamento de caçamba, reforçando o caráter multifuncional que define o segmento.
A Udara será fabricada em São José dos Pinhais, onde hoje são montados o T-Cross e o Virtus. Para abrir espaço à nova picape, o SUV deve migrar para a unidade de São Bernardo do Campo na próxima geração. Essa movimentação confirma o peso estratégico do projeto: a Volkswagen aposta alto em um produto que pode reviver a competitividade da marca no segmento de utilitários leves, dominado há anos pela Fiat.
O lançamento oficial deve ocorrer ao longo de 2026, possivelmente no segundo semestre, quando a produção já estiver estabilizada. A Udara chegará para disputar um dos nichos mais aquecidos do mercado, com consumidores que buscam conforto de SUV, robustez de picape e eficiência energética. A aposta é ousada, mas necessária: a Volkswagen quer voltar a ser protagonista em um segmento que hoje dita tendências e lucros na indústria automotiva brasileira.
Ao unir tecnologia híbrida, plataforma nacional e foco em versatilidade, a nova picape promete não apenas ampliar o portfólio da marca, mas também redefinir o que se espera de uma picape intermediária no país.
Fonte: QuatroRodas.