Esqueça a ficha técnica: analisamos se o novo SUV híbrido da Toyota sobe a ladeira com a família ou se vai pedir arrego na estrada.
Se existe uma pergunta que assombra o brasileiro prestes a gastar quase R$ 190 mil em um carro, é esta: “Esse motor aguenta o tranco?”.
O lançamento do Toyota Yaris Cross trouxe uma inovação bem-vinda – o sistema híbrido pleno no segmento compacto – mas trouxe também um número que assustou muita gente na ficha técnica: 111 cavalos de potência combinada.
Para um país cheio de ladeiras, serras íngremes e o hábito de viajar com o porta-malas lotado até o teto, a comparação é inevitável. O Chevrolet Tracker tem até 133 cv; o VW T-Cross chega a 128 cv. Será que o Yaris Cross é um “carro manco” disfarçado de tecnologia? Vamos separar a histeria da física.
O erro comum é olhar apenas para os cavalos de potência final. Para o teste da ladeira – aquela saída de garagem íngreme ou o arranque no sinal em subida – o que importa é o torque.
Aqui, o sistema híbrido brilha. Diferente de um motor a combustão que precisa “encher” (subir o giro) para ter força, o motor elétrico do Yaris Cross entrega torque máximo no instante zero.
O que isso significa na prática? Se você parar o Yaris Cross no meio de uma ladeira íngreme com quatro pessoas dentro e acelerar, ele vai sair com mais facilidade e suavidade do que muitos 1.0 Turbo que sofrem com o “lag” (atraso) da turbina. Na cidade, entre 0 e 60 km/h, ele é ágil, esperto e não passa vergonha.
O cenário muda quando saímos da cidade e pegamos a Rodovia dos Imigrantes ou a subida para Campos do Jordão. Aqui, a batalha não é mais sobre “sair do lugar”, é sobre manter a velocidade.
Quando você exige potência máxima para uma ultrapassagem ou para manter 110 km/h numa subida longa:
O resultado é o famoso “efeito enceradeira”. O motor grita, o ruído invade a cabine, mas a velocidade sobe lentamente. Ele sobe a serra? Sim, sobe. Mas sobe sem a sobra de força que um motor Turbo oferece. Se você vem de um SUV Turbo, vai sentir que falta “chão” nessas horas.
Para entender onde ele se encaixa na cadeia alimentar dos SUVs:
Se o seu medo é o carro “não subir a ladeira” do shopping ou do seu bairro com compras no porta-malas, pode ficar tranquilo. A assistência elétrica faz dele um dos carros mais gostosos de guiar em relevo urbano travado.
Porém, se o seu perfil é de quem pega estrada de pista simples todo fim de semana, com a família inteira e bagagem, e precisa fazer ultrapassagens rápidas entre caminhões, os 111 cv vão exigir uma mudança no seu estilo de direção. Você terá que ser mais paciente e calculista.
O Yaris Cross não é fraco, ele é eficiente. E, na engenharia, eficiência muitas vezes cobra seu preço na emoção.
E você? Prefere a economia de 17 km/l do híbrido ou a segurança da potência extra de um motor Turbo? Deixe sua opinião nos comentários.