A Caoa Chery apresentou o novo Tiggo 5X 2027 no Salão do Automóvel e, junto com ele, desenhou um recado claro para o mercado brasileiro. Não se trata só de mais um SUV reestilizado em estande iluminado, mas de um pacote coordenado que inclui o Tiggo 9 híbrido plug in e a estreia da marca Caoa Changan no país.
Isso importa hoje porque o Brasil vive um ponto de inflexão no segmento de SUVs. O consumidor já entendeu que eletrificação não é moda, mas também não aceita soluções caras, frágeis ou distantes da realidade de trânsito pesado, combustível caro, IPVA alto e manutenção que precisa caber no orçamento mensal. O que a Caoa colocou em cena mexe exatamente nessa fronteira.

O Tiggo 5X 2027 deixa de ser apenas mais um entre tantos SUVs compactos e passa a mirar quem está prestes a trocar um hatch ou sedã usado por um carro mais alto, mas ainda preso ao orçamento. A reestilização não é cosmética, ela tenta reposicionar o carro dentro de um segmento em que visual atual conta tanto quanto consumo e pacote de equipamentos.
Na dianteira, o SUV adota a mesma linguagem dos irmãos maiores da linha Tiggo, com faróis mais afilados em LED e grade ampliada com acabamento em preto brilhante. Na traseira, as lanternas agora unidas por uma barra de luz ajudam a criar a sensação de produto mais moderno, enquanto a falsa terceira janela alonga o perfil do carro e o aproxima visualmente de SUVs de categoria superior.

A grande mudança para o dia a dia de quem vai usar o Tiggo 5X está por dentro. O painel passa a integrar quadro de instrumentos e multimídia em uma peça única de 20,5 polegadas, solução que melhora a leitura de informações e dá sensação de cockpit mais coerente, especialmente para quem usa navegação por aplicativo e precisa alternar entre telas o tempo todo.
O console foi redesenhado, o volante mudou, há carregamento por indução e bancos dianteiros com ajustes elétricos, itens que fazem diferença para quem passa horas no carro entre deslocamento, trabalho e família. A promessa é de materiais internos mais bem trabalhados, algo essencial para evitar a sensação de desgaste precoce em um país de sol forte e uso intenso.
Na parte mecânica, a Caoa Chery decidiu caminhar em duas trilhas. De um lado, mantém o motor 1.5 TCI Turbo Flex de até 150 cv com etanol e câmbio CVT de nove marchas simuladas. É o conjunto que já roda nas ruas, conhecido por entregar desempenho suficiente para cidade e estrada, com consumo competitivo para o padrão de um SUV compacto flex.
Essa configuração continua sendo a porta de entrada para quem ainda não quer migrar para eletrificação, seja por receio de manutenção, seja por desconhecimento. Para esse público, a familiaridade com motor flex, posto de combustível em qualquer esquina e custo de revisão previsível ainda pesam mais do que qualquer promessa tecnológica.
Do outro lado, está o Tiggo 5X híbrido pleno (HEV), previsto para o terceiro trimestre de 2026. Ele deve usar o mesmo conjunto já visto em modelos da família Omoda Jaecoo, combinando motor 1.5 TGDI a gasolina em ciclo Miller, injeção direta e máquina elétrica, somando cerca de 224 cv e mais de 30 kgfm de torque combinados. A transmissão DHT trabalha para priorizar eficiência sem exigir tomada em casa ou no trabalho.
Para o brasileiro que roda muito em ciclo urbano, enfrenta trânsito pesado e sente a dor do combustível caro mês a mês, esse tipo de híbrido tem potencial de reduzir gasto real sem mudar a rotina. Não há plugue, não há necessidade de planejar recarga, o sistema usa o próprio motor térmico e a energia de frenagens para alimentar a bateria.

O cenário que o Tiggo 5X encontra em 2027 é bem diferente daquele de sua estreia no Brasil, em 2017. A categoria de SUVs compactos ficou superlotada, com opções flex, híbridas leves, híbridas plenas e até elétricos que tentam baixar de preço. O consumidor, por sua vez, passou a comparar acabamento, pacote de assistência à condução, conectividade e, principalmente, custo por quilômetro rodado.
Ao trazer um visual atualizado, interior mais moderno e a promessa do HEV, o Tiggo 5X tenta se posicionar como alternativa real para quem olha para SUVs flex consagrados, mas já sente que eles entregam pouco em tecnologia pelo que cobram. A dúvida que fica, e que só o dia a dia vai responder, é se a Caoa Chery vai acompanhar esse salto de produto com pós venda, disponibilidade de peças e valor de revenda compatível com o que o brasileiro espera de um carro que pretende ficar vários anos na garagem.

Enquanto o Tiggo 5X fala com o comprador que está subindo um degrau a partir de um compacto, o Tiggo 9 mira diretamente quem busca um SUV grande, de sete lugares, com nível de desempenho que até pouco tempo atrás só se via em marcas de luxo. São 4,82 metros de comprimento, 1,93 de largura e entre eixos de 2,82 metros, medidas que o colocam no território dos grandes utilitários familiares.
O visual segue a fórmula dos SUVs mais caros da marca, com faróis estreitos em LED Matrix, grade octogonal e lanternas traseiras integradas. Mas o que realmente muda a conversa é o trem de força híbrido plug in, combinando motor a combustão e três motores elétricos para superar os 500 cv de potência total.
Na prática, isso significa um SUV capaz de oferecer rodagem puramente elétrica em trajetos curtos, como deslocamento urbano diário, e ainda ter sobra de força para viagens cheias, com sete ocupantes e bagagem. Para o brasileiro que quer fugir do diesel, mas ainda precisa de um carro grande para família, estrada e lazer, esse tipo de configuração começa a se tornar uma alternativa concreta.
No mesmo Salão, a Caoa oficializou a estreia da marca Caoa Changan no Brasil. Não é um detalhe de bastidor, é um movimento que altera o desenho do portfólio da empresa no médio prazo. A nova marca chega para atuar principalmente no campo dos elétricos e híbridos mais sofisticados, sem substituir a parceria já existente com a Chery.
Para o consumidor, isso significa duas coisas imediatas. Primeiro, mais opções de SUVs e elétricos em faixas de preço que vão de modelos compactos até produtos de luxo. Segundo, mais pressão sobre a própria Caoa para organizar pós venda, rede e atendimento de forma que o comprador não se sinta testando uma aposta, mas sim entrando em um ecossistema com continuidade e suporte.
Em um país onde muitos ainda temem ficar “órfãos” de marca ou enfrentar dificuldades com peças e garantia, a forma como a Caoa administra essa convivência entre Chery e Changan vai dizer muito sobre a confiança que esses lançamentos receberão fora dos holofotes do Salão.
Fonte: AutoEsporte e UOL.