A Nissan decidiu enfrentar de frente uma das maiores críticas ao Kicks ao rever completamente o sistema de suspensão traseira no novo Nissan Kait, algo que proprietários pediam havia anos. A mudança não é cosmética, é estrutural, e explica por que o SUV nasce com outra proposta de confiabilidade.
Quem acompanhou a trajetória do Kicks desde o lançamento sabe que o modelo construiu boa reputação em consumo, espaço interno e facilidade de uso urbano. Mas, ao mesmo tempo, acumulou relatos incômodos envolvendo o eixo de torção traseiro. Não era um ruído isolado. Bastava uma busca rápida em fóruns, redes sociais ou plataformas de reclamação para encontrar casos de trinca, substituição precoce da peça e desgaste acima do esperado.

Ao lançar o Kait, a Nissan decidiu atacar exatamente esse ponto sensível. Durante a apresentação do modelo à imprensa, a marca confirmou a adoção de novo conjunto de suspensão traseira com eixo, molas e amortecedores redesenhados, com foco declarado em conforto e maior robustez estrutural. Na prática, isso significa que o componente mais criticado do Kicks não foi apenas reforçado, mas substituído por um novo projeto.
A escolha não foi casual. O eixo de torção é responsável por absorver impactos constantes do uso urbano brasileiro, com ruas irregulares, lombadas e asfalto de qualidade variável. Quando esse conjunto falha, o custo e o incômodo aparecem rápido. Ao reformular essa área, a Nissan sinaliza que o Kait não é apenas uma continuação do Kicks, mas uma correção de rota.

Curiosamente, a marca optou por manter tudo aquilo que já funcionava bem. A plataforma V segue como base do modelo, preservando o bom aproveitamento de espaço interno. O entre-eixos de 2,62 metros garante conforto para quem vai atrás, enquanto o porta-malas de 432 litros continua acima da média do segmento, algo valorizado por famílias e quem usa o carro no dia a dia.
O conjunto mecânico também permanece conhecido. O motor 1.6 16V flex aspirado, acoplado ao câmbio CVT Xtronic, segue priorizando suavidade e previsibilidade. Não há promessa de esportividade, e isso é coerente com a proposta do Kait. A Nissan apostou em manter um conjunto confiável e já testado, enquanto concentrou esforços onde realmente havia histórico de problemas.
Essa combinação ajuda a entender o posicionamento do novo SUV. O Kait chega como o modelo mais acessível da marca no Brasil, com quatro versões e preços que evitam um salto brusco em relação ao Kicks Play. Visual renovado, mais equipamentos e, principalmente, uma base mecânica corrigida formam o pacote que sustenta o discurso da Nissan.

No fim, o Kait não tenta reinventar o segmento. Ele faz algo mais pragmático, resolve um defeito antigo sem mexer no que já dava certo. Ao corrigir a suspensão traseira, a Nissan responde diretamente a anos de reclamações e entrega um SUV que promete manter as qualidades conhecidas do Kicks, agora sem carregar um problema que marcou sua primeira geração.